Cidades

COMÉRCIO IRREGULAR

Venda de garrafas de bebidas alcóolicas cresce à luz do dia

Garrafas de marcas famosas são vendidas com rótulos originais em sites e bairros de Campo Grande, facilitando a falsificação e elevando o risco de intoxicações

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Em meio à comoção nacional em razão do aumento de casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, Mato Grosso do Sul escancara o comércio irregular de garrafas vazias em lojas virtuais, prática que facilita a falsificação e, consequentemente, a adulteração dos destilados e cervejas.

De acordo com levantamento feito pelo Correio do Estado em sites de e-commerce (do inglês, comércio eletrônico), há muitos pontos onde ocorrem essa venda não permitida que, mesmo sem a intenção do comerciante, pode ser usada para falsificação pelos supostos fornecedores.

Por exemplo, uma garrafa vazia do whisky escocês Chivas Regal 18 Anos foi encontrada por R$ 180, comercializada por um lojista localizado no Bairro Coophavila 2, em Campo Grande.

Também foi achado pela reportagem um vasilhame vazio do whisky Jim Beam por apenas R$ 10, vendido por uma lojista da Vila Alba, também na Capital. Outra amostra foi uma garrafa do whisky Buchanan’s de Luxe sendo comercializada por R$ 150, era vendido por um comerciante do Vivendas do Bosque.

Todos os exemplos aparecem com tampa e rótulos originais, o que facilita ainda mais a pirataria de bebidas e dificulta o reconhecimento por parte da população.

Por outro lado, há a venda de garrafas vazias da qual não contém marcas de bebidas ou acessórios originais, mas por terem proporções idênticas às vendidas por distribuidoras oficiais, também apresentam risco ao consumidor na hora da compra.

Mesmo com baixo risco para adulteração, as cervejas também não ficam de fora. Em Bairros de Campo Grande, como Vila Nasser e Jardim Parati, combos com diversas garrafas vazias variam de R$ 30 a R$ 85.

Para ter a dimensão deste mercado, 48 vasilhames de 600 ml de Spaten, Heineken e Império foram encontrados por R$ 50, aproximadamente R$ 1 cada.

Em Mato Grosso do Sul, nos últimos três anos, pelo menos cinco pessoas já foram presas pela falsificação de bebidas alcoólicas em Campo Grande, além de outros casos que ocorreram no interior do Estado, como reportado pelo Correio do Estado.

No sábado, a Polícia Civil apreendeu 900 quilos de garrafas de whisky White Horse vazias e sem nota fiscal, na BR-262, no Bairro Noroeste, na Capital. Ainda não há confirmação sobre abertura de inquérito pela Polícia Civil.

De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, as investigações apontaram para duas hipóteses da presença do metanol nas bebidas: lavagem de vasilhames com a substância tóxica, que teria sido usada para limpar garrafas reutilizadas na falsificação de destilado ou; mistura de metanol com etanol, seja acidental ou intencional.

As mesmas garrafas usadas para decoração podem ser usadas na falsificação de bebidas alcóolicas As mesmas garrafas usadas para decoração podem ser usadas na falsificação de bebidas alcóolicas 

ALVO BADALADO

Uma das maiores baladas de Campo Grande foi alvo da força-tarefa. A Valley, localizada na Avenida Afonso Pena, foi visitada pela Vigilância Sanitária e outras forças em defesa do consumidor, como a Delegacia de Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul (Decon/MS). De acordo com o estabelecimento, foram inspecionadas 25.721 itens no estoque da boate.

Como resultado, foram confiscadas oito garrafas de vinho que seriam de pertences de clientes e sete garrafas de tequila com nota fiscal arquivada, que não estariam disponíveis para venda. E, também, uma quantidade de energético com validade expirada (datada do dia 2 de outubro) que já estariam separadas para descarte. Essas informações foram divulgadas pela casa noturna.

Porém, a Polícia Civil informou que bebidas estrangeiras sem procedência foram encontradas no local, o que configura crime contra as relações de consumo e descaminho, que preveem penas de dois a cinco anos de detenção, ou multa, e de um a quatro anos de reclusão, respectivamente.

Em nota, a balada afirmou que apoia a força-tarefa que vem sendo realizada em diversos estabelecimentos, o que eles consideram essencial para a segurança dos clientes e integridade do comércio de bebidas. No Instagram, a Valley soma quase 195 mil seguidores em suas três contas.

CASOS E ANTÍDOTO

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mato Grosso do Sul já registrou seis casos suspeitos de intoxicação por bebidas adulteradas, desses, três já foram descartados, um em Sidrolândia e dois em Campo Grande. Seguem em investigação casos em Ladário, Rio Brilhante e Caarapó.

Ontem, a Polícia Científica não identificou metanol nos exames preliminares no sangue de Matheus Santa Falcão, de 21 anos, cuja morte ocorreu na quinta-feira.

Até o fechamento desta edição, o Brasil soma 209 casos em investigação de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica. Também, 16 já foram confirmados, desses, 14 são em São Paulo e dois no Paraná.

Somente o estado paulista registrou morte confirmada por metanol até o momento, com duas, enquanto outros 13 óbitos seguem como suspeita, incluindo uma em Mato Grosso do Sul, como já mencionado nesta reportagem.

Mato Grosso do Sul recebeu 60 ampolas de etanol farmacêutico, antídoto usado no tratamento de intoxicações por metanol. Contando com essa remessa, já foram distribuídas 4,3 mil ampolas aos estoques do Sistema Único de Saúde (SUS) por hospitais universitários federais. Além de MS, outras quatro unidades federativas serão beneficiadas com o antídoto: São Paulo, Pernambuco, Paraná e Distrito Federal.

Ao Correio do Estado, a SES informou que a distribuição do etanol farmacêutico pelo Ministério da Saúde ocorre conforme a demanda específica de cada paciente e que nenhum dos três em investigação em Mato Grosso do Sul, até o momento, precisou utilizar o antídoto.

“O envio do medicamento é realizado apenas após o acompanhamento do caso pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) e a confirmação da suspeita de intoxicação por metanol. A partir dessa confirmação, a Assistência Farmacêutica Estadual formaliza a solicitação do antídoto ao Ministério da Saúde”, disse em nota à reportagem.

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baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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