Com um exemplar do jornal Correio do Estado em mãos, o vereador Marcos Tabosa (PDT) ocupou a tribuna da Câmara hoje pela manhã para fazer duras críticas à chefe do Executivo municipal, Adriane Lopes (Patriota), por causa de dívida milionária que a prefeitura acumula com os servidores desde 2015.
Conforme a reportagem publicada no site do Correio do Estado nesta quarta-feira e na versão impressa de hoje, somente com os cerca de 4,5 mil professores a dívida ultrapassa os R$ 10 milhões de reais, de acordo com estimativa do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação (ACP).
Ela existe porque há oito anos a prefeitura não paga os aumentos salariais garantidos por lei a cada cinco anos de trabalho. No caso dos professores, a Justiça já determinou o pagamento e agora o caso está na fase de liquidação de sentença, o que significa que a conta terá de ser paga ainda neste
“Quero dizer o seguinte, tá aqui no Correio do Estado: “Prefeitura acumula dívida milionária com servidores”. Ela não paga mudança de letra, não paga quinquênio, não paga abono de permanência, não cumpre plano de cargos e carreira. Prefeita Adriane, qualquer coisa que o servidor vai pedir para a senhora, a senhora judicializa. A senhora fica lapidando o nosso patrimônio, que é o nosso dinheiro, a senhora está tomando o nosso dinheiro para dar plano de trabalho para sua família, para nomear sua cunhada, para nomear sua prima. Então a senhora deixa de pagar o servidor para atender a sua família”, disparou.
E a artilharia não parou por aí. “Para de destruir o servidor, tenha competência de administração, se não tem competência, pede para sair.”, finalizou o vereador, que se elegeu pelo PDT basicamente com o voto de servidores municipais, já que há cerca de duas décadas preside o sindicato que representa parte do funcionalismo.
Por causa das cobranças envolvendo a prefeita, o parlamentar sofreu até uma espécie de puxão de orelha do presidente da Casa, Carlão Borges.
“Atrás do cargo de prefeita tem um ser humano, a prefeita Adriane é uma pessoa boa, é uma mulher, e essas palavras do vereador Tabosa as vezes ofendem até a pessoa e aí ela entra em depressão, às vezes eu entro também, acho que o respeito tem que ter. Se sair fora do regimento vou fazer a punição. Às vezes eu acho que o Tabosa falta com o respeito com a mulher, ela é mulher, ela tem força e fibra igual um homem, mas também pode entrar em depressão por causa desse palavreado”, afirmou o presidente da Câmara um dia depois das comemorações do Dia Internacional da Mulher.
A reportagem que serviu de estopim para as pesadas crítimas informa que mais de cinco mil servidores têm vencimento base mensal abaixo de um salário mínimo e só recebem os R$ 1.302,00 por conta de complementação.
Mas, por causa do atraso no pagamento dos chamados quinquênios ou de outras vantagens ficam “impedidos” de se aposentar, já que acabariam recebendo provento inferior a um salário mínimo.
A reportagem informa ainda que a falta de pagamento das promoções é somente um dos pontos de tensão entre o funcionalismo e a administração municipal.
Na última segunda-feira o comando da ACP foi recebido pela prefeita Adriane Lopes e os sindicalistas deixaram claro que até o fim deste ano exigem que o salário dos educadores chegue a 73,8% do piso nacional, conforme prevê lei municipal aprovada em março do ano passado.
Isso significa que ainda neste ano os educadores vão exigir reajuste da ordem de 35%, sem contabilizar os 6,39% já garantidos para junho.
E além dos educadores, o Executivo está com a corda no pescoço por causa do reajuste imediato de 66% aprovado pelos vereadores para os cerca de 600 auditores fiscais e procuradores, o que pode gerar impacto mensal da ordem de R$ 4 milhões de reais na folha.
Tem ainda determinação judicial para pagamento do adicional por insalubridade aos trabalhadores da saúde. E a administração alega que não tem recursos para bancar nenhuma destas demandas.




