O inverno é a estação em que as pessoas costumam ficar mais preguiçosas, pois com o 'friozinho', elas dormem até mais tarde, ficam embaixo dos cobertores assistindo filme e muitas param atividades físicas rotineiras e optam por programas mais caseiros.
Entretanto, especialistas alertam que essa aconchegada pode se tornar uma grande armadilha para a saúde. Muito se fala em doenças respiratórias nessa época do ano, mas e como ficam os exercícios físicos que são deixados de lado nesta época do ano?
Para esclarecer sobre o assunto, o médico cardiologista Guilherme Bertão falou ao Portal Correio do Estado e explicou a possibilidade de coágulos sanguíneos se formarem, podendo agravar a saúde das pessoas.
Conforme a Associação Americana do Coração (AHA), problemas ligados aos coágulos sanguíneos são responsáveis pela morte de uma pessoa a cada 37 segundos no mundo. Essas complicações em decorrência dos coágulos são: trombose, embolia pulmonar e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“O frio é a época em que as pessoas deixam de se movimentar e essa falta de locomoção pode acasionar trombose, ou seja, quando um trombo se forma nas veias do organismo e bloqueia o fluxo”, relatou Bertão à reportagem.
Ainda de acordo com o cardiologista, riscos para essas doenças podem ser pior às pessoas obesas e sedentárias. “Têm aquelas pessoas que sempre realizam sua caminhada diária, mas param e se acomodam no frio. Para elas, também há o risco dos coágulos, que são fator individual de cada um, provocar essas doenças. Isso se torna ainda pior quando a pessoa é sedentária ou obesa, e até mesmo hipertensa”.
O especialista orienta atividades físicas moderadas e que o indivíduo passe por uma avaliação médica pré-exercícios para um check-up de forma individual com as devidas orientações. “Há casos em que o paciente tem pressão alta, aí é recomendado uma mobilização leve, para ser benéfica”, disse o médico.
Também existem os casos de pessoas que passaram por procedimento cirúrgico recentemente e precisam de repouso para a recuperação. Desta forma, o exercício físico acaba sendo uma opção distante.
“Para esses pacientes, há remédios anticoagulantes, justamente para evitar doenças. Também é recomendado o uso da meia elástica. Além dos exercícios físicos para as demais pessoas, também é válido uma bebida quente e um bom agasalho” descreveu.
DOENÇAS
Coágulo sanguíneo: O corpo tem um mecanismo natural de cicatrização chamado coagulação. Durante esse processo, as células denominadas fibrinas se unem como uma teia para estancar o sangue e fechar um ferimento. Todavia, o processo de coagulação pode acontecer no interior de vasos sadios e desenvolver um aglomerado sólido de células, chamado de coágulos sanguíneo.
O problema no coágulo acontece quando esse se desprende da parede da veia e passa a circular pela corrente sanguínea. Dependendo do tamanho e forma, ele pode se prender novamente a parede de uma veia ou artéria, causando graves complicações.
Trombose: Quando o coágulo sanguíneo se forma no interior de uma veia importante, ele passa a ser considerado um trombo, e pode interromper a passagem de sangue no vaso, causando vermelhidão, aumento de temperatura e inchaço no membro afetado, acarretando a trombose venosa profunda (TVP).
Normalmente, a doença ocorre em membros inferiores como pernas e panturrilhas, mas há a possibilidade de o coágulo se desprender e continuar circulando pela malha de veias e artérias do organismo.
Embolia pulmonar: Um dos fatores que causam a embolia é a chegada de coágulos às veias do pulmão. O órgão tem uma grande quantidade de vasos sanguíneos pequenos, nos quais as chances de um trombo se alojar são muito maiores.
A princípio, a embolia acontece da mesma forma que a trombose, no entanto, a interrupção do fluxo sanguíneo nos vasos do pulmão compromete a oxigenação do sangue e a funcionalidade do órgão, causando tosse e dificuldade para respirar.
AVC: A movimentação de coágulos também pode causar um acidente vascular cerebral isquêmico. Isso ocorre devido à interrupção do fluxo sanguíneo que compromete a oxigenação do cérebro e sua funcionalidade, causando sintomas como paralisia, fraqueza, fala arrastada e visão turva. A falta de oxigênio provoca ainda a morte das células que constituem o cérebro, que não são capazes de se regenerar.