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EUA

Antes uma forma de arte, escrita cursiva agora é um mistério

Antes uma forma de arte, escrita cursiva agora é um mistério

The New York Times

02/05/2011 - 11h34
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Durante séculos, a escrita cursiva foi uma arte. Para um número crescente de jovens, ela é um mistério. As letras sinuosas do alfabeto cursivo, que enfeitaram inúmeras cartas de amor, importantes contratos e pôsteres acima da lousa em salas do ensino fundamental estão seguindo o caminho da pena e do tinteiro. Com os teclados dos computadores e smartphones cada vez mais ocupando os dedos dos jovens, a morte progressiva dos ABCs enfeitados está revelando alguns desafios imprevistos.

Será que as pessoas que escrevem somente em letra de forma – ou talvez com assinaturas desleixadas – correm um maior risco de falsificação? Será que o desenvolvimento de uma habilidade motora mais apurada será prejudicado pela aversão à escrita cursiva? E o que acontecerá quando os jovens que não estão familiarizados com letra cursiva tiverem que ler documentos históricos, como a Constituição dos Estados Unidos?

Jimmy Bryant, diretor do Arquivo e Coleções Especiais na Universidade Central do Arkansas, diz que a ligação com o material de arquivo se perde quando os alunos se afastam da letra cursiva. Durante uma aula no ano passado, Bryant, por capricho, pediu que os alunos levantassem a mão caso conseguissem escrever em letra cursiva como uma forma de se comunicar. Ninguém o fez.

Essa sala sem habilidades cursivas incluía Alex Heck, 22 anos, que disse mal se lembrar de como ler ou escrever em letra cursiva. Heck e um primo folhearam o diário de sua avó logo depois que ela morreu, mas mal conseguiram ler a sua escrita cursiva. "Para nós, era algo quase criptografado", disse Heck. Ela e o primo tentaram decifrar a escrita como se fosse um código secreto, lendo passagens inúmeras vezes. "Eu não estou acostumada com a leitura ou a escrita cursiva".

Estudantes de todo o país ainda são ensinados a escrever em letra cursiva, mas muitos distritos escolares estão gastando muito menos tempo ensinando a prática há alguns anos, disse Steve Graham, um professor de educação na Universidade de Vanderbilt. A maioria das escolas começa a ensinar cursiva na terceira série, disse Graham. No passado, a maioria iria continuar o estudo até a quinta ou sexta série – e alguns até a oitava série – mas muitos distritos agora ensinam cursiva apenas na terceira série, em poucas aulas.

"Nas escolas hoje em dia, dizemos que estamos preparando nossas crianças para o século 21", disse Jacqueline DeChiaro, diretora da Escola Elementar Van Schaick, em Cohoes, Nova York, que está debatendo se vai cortar o ensino da cursiva. "Será que a cursiva é realmente uma habilidade necessária no século 21?"

Com as escolas concentradas em preparar os alunos para testes padronizados, muitas vezes não há tempo suficiente para ensinar caligrafia, dizem os educadores. "Se você é uma escola ou um professor, certamente apenas os tópicos nos quais os alunos são testados serão prioritários em seu currículo", disse Graham.

Sandy Schefkind, uma terapeuta ocupacional pediátrica, em Bethesda, Maryland, e coordenadora pediátrica da Associação Americana da Terapia Ocupacional, disse que a aprendizagem da escrita cursiva ajuda os alunos a aprimorar suas habilidades motoras. "É a destreza, a fluidez, a quantidade certa de pressão a se colocar na caneta ou no lápis sobre o papel", disse Schefkind, acrescentando que, para alguns alunos a escrita cursiva é mais fácil de aprender do que a de forma.

Falsificação

Embora a letra de forma possa ser mais legível, quanto menos complexa for a escrita, mais fácil será de forjá-la, disse Heidi Harralson, uma grafóloga de Tucson, Arizona. Apesar da letra poder mudar – e se tornar imprecisa – conforme uma pessoa envelhece, as pessoas que não a aprendem ou praticam estão em desvantagem, disse Harralson. "Estou vendo um aumento na inconstância da caligrafia e na má forma – uma escrita desleixada, semi-legível e inconsistente", disse ela.

A maioria das pessoas tem uma assinatura cursiva, mas mesmo essas estão ficando mais difíceis de identificar, segundo Harralson.
"Mesmo as pessoas que não aprendem cursiva geralmente têm algum tipo de assinatura em forma cursiva, mas ela não é muito bem escrita", disse ela. "Ela tende a ser mais abstrato, ilegível e simplista. Então, se eles optam por usar letras de forma, fica mais fácil de falsificar”.

Sally Bennett, 18 anos, uma caloura da Universidade Central Arkansas, assina seu nome em letras maiúsculas de forma e nunca pensou muito a respeito disso até que teve que fazer o vestibular. Os alunos precisavam copiar um ditado, com instruções explícitas para que não usassem letra de forma. Assim, os vestibulandos tentaram usar a escrita cursiva, disse Bennett. "Algumas pessoas não conseguiam se lembrar de como escrever daquele jeito", disse ela. "Eu tive que pensar um pouco. Foi meio difícil para eu me lembrar”.

Um porta-voz da universidade disse não estar familiarizado sobre a exigência do uso da escrita cursiva. Um porta-voz dos exames SAT (equivalente americano ao Enem) – no qual apenas 15% dos estudantes escreveram a redação em letra cursiva, em 2007 – disse que os alunos também devem copiar um ditado em escrita cursiva. "Os alunos são instruídos a não usar letra de forma", disse a porta-voz Kathleen Steinberg.

Richard Christen, professor de educação da Universidade de Portland, em Oregon, disse que a cursiva pode ser facilmente substituída pela letra de forma ou programas que processam texto em computadores. Mas ele teme que os alunos perderão uma habilidade artística. "Esses jovens estão perdendo a oportunidade de criar beleza todos os dias", disse Christen. "Mas é difícil para mim oferecer um argumento prático sobre isso. Eu não lamento a situação pela praticidade, eu a lamento pela beleza, a estética".

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B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

"Não é influência positiva, é propaganda de misoginia". Especialista em relacionamentos, a Dra. em psicologia Vanessa Abdo explica como a ideologia do movimento afeta nos direitos das mulheres e contribui para o incentivo à violência

13/12/2025 17h00

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz Foto: Divulgação

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O termo “red pill” tem gerado em muitos debates nas redes sociais devido à denúncia de agressão e tentativa de estupro de Thiago Schutz, conhecido como “Calvo do Campari”. O coach foi detido em Salto (SP) no último dia 29 de novembro, após ser denunciado para a Polícia Civil pela namorada. Thiago Schutz é considerado influenciador do movimento “red pill”, por produzir conteúdos e ser autor de livro que aborda o tema.

Mas afinal, você sabe o que significa o movimento “red pill” e por que ele afeta violentamente as mulheres? Para responder a essa pergunta e esclarecer outras dúvidas sobre o tema, conversamos com a doutora em Psicologia Vanessa Abdo.

Sobre o termo

O nome “red pill” (pílula vermelha, em português) vem de um conceito fictício do filme “Matrix” (1999), em que a pílula vermelha seria a escolha para "despertar" e ganhar "consciência" da realidade do mundo.

Com essa narrativa, o movimento red pill passou a criar teorias da conspiração que incentivassem os homens a “acordem para a realidade” e não serem “dominados” pelas mulheres.

“O red pill se apresenta como uma ‘verdade sobre as relações’, mas na prática é um conjunto de ideias que reduz mulheres a objetos, corpos, funções ou serviços e coloca os homens como dominantes e superiores. É uma ideologia que traveste controle e desprezo como se fossem ‘ciência comportamental’. Quando os nossos corpos são objetificados, não tem graça. Isso não é sobre relacionamento, é sobre poder”, afirma a psicóloga Dra. Vanessa Abdo.

Qual a relação do red pill com a misoginia?

“A base do red pill é a crença de que as mulheres valem menos, sentem menos, pensam menos ou merecem menos. Isso é misoginia. O movimento estimula o desprezo pelas mulheres, especialmente as fortes e independentes, justamente porque homens que aderem a esse discurso precisam de parceiras vulneráveis para manter no seu controle. A misoginia não é efeito colateral do red pill, é sua espinha dorsal.”

Por que o red pill é tão perigoso para toda a sociedade, principalmente para as mulheres?

“Porque ele normaliza a violência. Quando você cria uma cultura em que mulheres são tratadas como objetos descartáveis, a linha entre opinião e agressão se dissolve. Esse tipo de discurso incentiva violências físicas, psicológicas, sexuais e digitais, que são camufladas como humor ou “liberdade de expressão”. Uma sociedade que naturaliza o desprezo por mulheres adoece, retrocede e coloca todas em risco.” 

Nas redes sociais, muitos homens fazem uso de um discurso de ódio às mulheres disfarçado de humor. Qual a diferença da piada para a incitação à violência?

“A piada provoca riso, não medo. A piada não tira a humanidade do outro. Quando o ‘humor’ reforça estereótipos, desumaniza mulheres e legitima agressões, ele deixa de ser brincadeira e se torna uma arma. A diferença está na intenção e no efeito. Se incentiva o desrespeito, a dominância ou a violência, não é humor, é incitação.

É importante reforçar que combater a misoginia não é sobre guerra dos sexos, é defesa da vida. Toda vez que normalizamos piadas que objetificam mulheres, abrimos espaço para violências maiores. Precisamos ensinar homens, especialmente jovens, a construir relações baseadas em respeito, não em dominação. E precisamos dizer claramente que humor não pode ser usado como máscara para ódio.”

Na internet, muitas pessoas consideram quem prolifera o movimento red pill como “influenciadores digitais”. Qual a sua opinião sobre isso?

“Influenciadores pressupõem responsabilidade social. Quem difunde ódio e objetificação influencia, sim, mas influencia para o pior. Não podemos romantizar a figura de alguém que lucra reforçando violência simbólica e emocional contra mulheres. É preciso nomear corretamente: isso não é influência positiva, é propaganda de misoginia.”

Sobre o caso de Thiago Schutz, surgiram muitos julgamentos sobre as mulheres que tiveram um relacionamento com ele mesmo cientes do posicionamento que ele adota nas redes sociais. Como você avalia isso?

“Culpar mulheres é repetir a lógica da violência. O discurso misógino desses movimentos é sedutor exatamente porque se disfarça de humor, lógica ou ‘verdade inconveniente’. Relacionamentos abusivos não começam abusivos, eles começam carismáticos. Além disso, mesmo quando uma mulher percebe sinais de risco, ela pode estar emocionalmente envolvida, vulnerável ou acreditar que será diferente com ela. O foco não deve ser questionar as mulheres, mas responsabilizar quem propaga discursos que desumanizam e ferem.”

Como uma mulher pode identificar um homem misógino?

“Existem sinais claros:

* Desprezo por mulheres fortes ou independentes.

* Humor que sempre diminui o feminino.

* A crença de que mulheres devem ser controladas ou colocadas ‘no seu lugar’.

* Incômodo com a autonomia da parceira.

* Falas generalizantes, como ‘mulher é assim’ ou ‘toda mulher quer…’.

Desconfie de homens que desprezam mulheres, especialmente as fortes. Eles precisam que a mulher seja vulnerável para se sentir poderosos.”

Como uma mulher pode identificar que está dentro de um relacionamento abusivo?

“O abuso aparece em forma de controle, medo e diminuição. Se a mulher começa a mudar sua vida, roupas, amizades ou rotina para evitar conflitos, se se sente culpada o tempo inteiro; se vive pisando em ovos, se sua autoestima está sendo corroída, se há chantagem, humilhação, manipulação ou isolamento, isso é abuso. Não precisa haver agressão física para ser violência.”

Como podemos ajudar uma mulher que é vítima de um relacionamento abusivo?

“O principal é acolher, não julgar e não pressionar. Ela já vive em um ambiente de medo e culpa. Oferecer apoio prático, ouvir, ajudar a montar uma rede de proteção, encaminhar para serviços especializados e incentivar ajuda profissional é mais efetivo do que dizer: ‘saia desse relacionamento’. O rompimento precisa ser planejado. Segurança vem antes de tudo.”

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Pet B+: Pets enjoam da ração? Entenda os motivos do seu animal perder o interesse pelo alimento

Médica-veterinária explica que cães e gatos não têm o mesmo comportamento alimentar dos humanos e aponta possíveis razões para recusarem a ração

13/12/2025 15h30

Pet B+: Pets enjoam da ração? Entenda os motivos do seu animal perder o interesse pelo alimento

Pet B+: Pets enjoam da ração? Entenda os motivos do seu animal perder o interesse pelo alimento Foto: Divulgação

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Não é raro os responsáveis por pets observarem que seu animalzinho perdeu o interesse pelo alimento oferecido, e a primeira coisa a se pensar é que ele enjoou da ração. Afinal, a ideia de comer a mesma coisa todos os dias, em todas as refeições, não parece muito atrativa para nós, seres humanos. E como os pets, de modo geral, costumam ter uma única fonte de alimento, o desinteresse seria um sinal de que está na hora de trocá-lo.

Para quem se pergunta se o animal de companhia “enjoa” da ração, a resposta, do ponto de vista biológico, é que cães e gatos não precisam de trocas frequentes de alimentos apenas por variedade de sabor. Estudos mostram que os cães têm menos botões gustativos do que os humanos e são muito mais influenciados pelo olfato, pela textura e pela forma como o alimento é apresentado do que pela “novidade” do sabor em si.

Já os gatos são reconhecidamente mais seletivos, especialmente em relação ao aroma, à textura, à crocância e ao formato do alimento, o que ajuda a explicar por que podem recusar determinadas rações com mais facilidade.

“Enquanto os cães têm o olfato e a audição muito apurados em comparação aos seres humanos, o paladar é menos desenvolvido, de modo que eles tendem a aceitar bem uma dieta constante, sem necessidade de trocas frequentes apenas para evitar um suposto “enjoo”. Já os gatos, por serem mais exigentes quanto ao aroma e à textura, podem recusar o alimento quando há mudanças na formulação, no formato ou na crocância”, explica a médica-veterinária Amanda Arsoli.

Outro ponto importante é que os alimentos de qualidade são formulados para oferecer alta palatabilidade, uma combinação de fatores que envolve o aroma, a textura, o sabor e até a forma como é processado e apresentado. Esse conjunto de características estimula o consumo e garante que cães e gatos se alimentem de forma adequada, mantendo sua saúde e vitalidade.

Mas se os pets não costumam enjoar do alimento, por que então podem passar a recusá-lo? Amanda Arsoli explica que a falta de apetite é um sinal de alerta. “A redução ou até a recusa da alimentação pode estar ligada a fatores como estresse, alguma doença, mudanças no ambiente ou na rotina, chegada de outro animal ao convívio ou ainda alterações na formulação do alimento.

Diante de uma recusa persistente, é importante consultar o médico-veterinário de confiança, para que avalie o histórico do animal, realize os exames físicos e laboratoriais necessários e oriente, de forma adequada, sobre a necessidade – ou não – de mudança do alimento”.

Para complementar, Amanda Arsoli lista algumas razões que podem fazer com que o pet passe a recusar o alimento oferecido:

- Armazenamento incorreto, o que pode fazer com que o alimento perca aroma e outras características importantes. O ideal é que a ração seja mantida na embalagem original, pois ela foi desenvolvida para preservar as propriedades do produto. Além disso, a embalagem deve estar bem fechada e em local fresco e arejado, longe da luz, umidade e de produtos químicos;

- O comedouro estar em local inadequado, como ambientes muito quentes ou próximo de onde o animal faz suas necessidades;

- O alimento ficar muito tempo exposto no comedouro, perdendo suas características e atraindo pragas que possam contaminá-lo;

- Em dias muito quentes, o animal pode não ter vontade de comer nos horários de costume. O ideal é oferecer o alimento pela manhã e final do dia, por serem horários mais frescos;

- Oferecer petiscos em excesso, o que pode prejudicar o apetite e fazer com que o pet rejeite a ração.

 

Entender o comportamento alimentar dos pets, ficar atento ao quanto o animal está ingerindo diariamente e manter consultas periódicas ao médico-veterinário são atitudes essenciais para preservar a saúde e o bem-estar de cães e gatos ao longo de toda a vida.

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