Um país fictício que se desprendeu do continente após explosões nucleares malsucedidas, uma ilha à deriva que sobrevive reciclando o lixo cultural do mundo e personagens que transitam entre o absurdo, a poesia e a crítica social. Esse é o ponto de partida de “A Sbørnia Kontr’Atracka”, espetáculo musical que desembarca em Campo Grande na próxima semana, no dia 16, para uma apresentação única no Teatro Glauce Rocha.
Misturando teatro, concerto e humor nonsense, a montagem leva o público a explorar o inusitado cotidiano da Sbørnia, um lugar anárquico, flutuante e cheio de histórias que revelam, de maneira irônica, reflexões sobre identidade, tradição e modernidade.
A nova criação marca a continuidade do legado de Hique Gomez e do saudoso Nico Nicolaiewsky (1957–2014), que conquistaram gerações com o histórico espetáculo “Tangos e Tragédias”.
No palco, voltam à cena o violinista Kraunus Sang (Gomez), a pianista Nabiha (Simone Rasslan), o professor MenThales (Tales Melati) e o excêntrico Pierrot Lunaire (Gabriella Castro). O Maestro Plestkaya, imortalizado por Nicolaiewsky, segue presente por meio de projeções no telão.
MULTIMÍDIA
Resultado de quase uma década de desenvolvimento, “A Sbørnia Kontr’Atracka” expande os limites do projeto original ao integrar artes visuais, projeções criadas por Rique Barbo, trechos do longa de animação “Até que a Sbørnia nos Separe” e a participação de coros locais de meninas caracterizadas como colegiais, que comentam com humor as ações no palco. O espetáculo também se destaca pela qualidade técnica: som surround assinado por Edu Coelho, iluminação de Heloiza Averbuck e projeções que ampliam a experiência imersiva.
“Os nove anos de desenvolvimento do projeto nos trouxeram possibilidades infinitas, expandindo o conceito para audiovisual, artes visuais, interação de novos personagens e coros locais. É uma montagem que flui com ótima energia pelos principais palcos do País”, afirma Hique Gomez. O projeto conta com patrocínio da Petrobras e realização do Ministério da Cultura e governo federal.
Para além dos palcos, a Sbørnia conquistou diferentes linguagens ao longo das últimas décadas. Em 1990, virou quadrinhos. Em 2013, ganhou os cinemas com “Até que a Sbørnia nos Separe”, dirigido por Otto Guerra e Ennio Torresan Jr., hoje membros da Academia de Cinema de Hollywood. Mais recentemente, a série “Sbørnia em Revista” recebeu três prêmios no Rio Web Festival, incluindo o de Melhor Websérie Nacional e Internacional.
Com humor afiado, músicas originais e uma cenografia que combina projeções, luz e interatividade, “A Sbørnia Kontr’Atracka” conduz o público a uma viagem pelo imaginário sbørniano. A cada cena, a montagem alterna entre riso e reflexão, reafirmando a vitalidade de um espetáculo que se reinventa sem perder a essência que o tornou referência no teatro musical brasileiro.
“TANGOS & TRAGÉDIAS”
“Tangos & Tragédias” foi um espetáculo musical brasileiro, com elementos de teatro. Foi criado pela dupla de atores e músicos gaúchos Hique Gomez (violinista e vocalista) e Nico Nicolaiewsky (pianista e vocalista), e foi interpretado de 1984, ano do primeiro espetáculo, até 2014, quando Nico faleceu em decorrência de uma leucemia aguda.
A partir de 1987, a produção esteve em cartaz nas temporadas de verão, durante o mês de janeiro, no Teatro São Pedro, em Porto Alegre (RS). O musical foi escolhido, em 1999, como tema para o enredo da escola de samba Imperatriz Dona Leopoldina, no Carnaval da capital gaúcha, sob o título “A Visita de Dona Leopoldina ao Reino da Sbórnia”.
O espetáculo passou por diversos teatros do Brasil, além de contar com uma versão em língua espanhola, apresentada em Buenos Aires (Argentina), Quito (Equador), Manizales (Colômbia) e Cádiz e Donostia-San Sebastián (Espanha). Em Portugal, foi escolhido pelo público como o Melhor Espetáculo durante o Festival Internacional de Teatro de Almada, em 2003, e Espetáculo de Honra, em 2004.
Em dezembro de 2007, a dupla lançou o DVD “Tangos & Tragédias na Praça da Matriz”, gravado em 2004, durante uma apresentação de comemoração dos 20 anos da peça, reunindo 20.000 pessoas na Praça da Matriz, em Porto Alegre. Após a morte de Nico Nicolaiewsky, o espetáculo recebeu alguns spin-offs, como “Kraunus e Convidados” e “A Sbørnia Kontra’Atracka”, nos quais Hique Gomez atuou com a cantora e pianista Simone Rasslan.
Hique Gomez interpretava Kraunus Sang, cantava e tocava violino, enquanto Nico Nicolaiewsky incorporava o triste Maestro Pletskaya, o qual cantava e tocava acordeão e piano. As personagens eram naturais de um país fictício chamado Sbørnia, do qual os dois teriam fugido, segundo a dupla, após a chegada do rock and roll no país, refugiando-se no Rio Grande do Sul, no sul do Brasil.
>> SERVIÇOS
“A Sbørnia Kontr’Atracka”
- 16 de outubro;
- Teatro Glauce Rocha, Campus da UFMS;
- Às 20h;
- R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia);
- Classificação: Livre.
Vendas online: Blueticket.




