Há séculos, Robin Hood é sinônimo de resistência e justiça popular. Mas a nova série da MGM+, criada por John Glenn e Jonathan English, abandona o romantismo verde da floresta para mergulhar na brutalidade do século XII. Longe das baladas heroicas e das versões leves do cinema, este Robin Hood nasce em uma Inglaterra sangrenta, marcada por divisões políticas e pela sombra da recente Conquista Normanda. O cenário é o reinado de Henrique II, e a floresta de Sherwood ainda não é refúgio, mas trincheira.
Aqui, Robin é menos um símbolo e mais um jovem em conflito, compelido a agir antes de ter qualquer idealismo, marcado por perdas pessoais e injustiças que o empurram para o papel que a História lhe reservaria: o fora-da-lei que rouba dos ricos para devolver dignidade aos oprimidos. A série acompanha a tumultuada jornada do filho de um florestal saxão, que se transforma em lendário fora-da-lei enquanto navega pelos corredores do poder e lidera uma luta ousada por justiça e liberdade.
Conforme Rob enfrenta seus próprios demônios e desafia a elite normanda, Robin Hood tece um retrato de impressionante rigor histórico e surpreendente relevância contemporânea, explorando as dinâmicas humanas por trás do mito. Com escopo ambicioso, a produção mostra desde os campos da Inglaterra medieval até o Vaticano e o Palácio de Westminster, apresentando um elenco que inclui figuras marcantes como a Rainha Eleanor (Connie Nielsen), a vivaz Lady Marian, sua melhor amiga Priscilla, e o Sheriff de Nottingham (Sean Bean), um nobre sinistro, mais político que monstruoso, em conflito direto com a Coroa.
Ao retratar o embate entre Henrique II e Eleanor de Aquitânia, pais de Ricardo Coração de Leão e João Sem-Terra, a série ancora o mito em seu contexto real, reforçando a tensão entre poder, fé e rebelião. Com fotografia sombria, figurinos austeros e um ritmo que privilegia o suspense histórico ao heroísmo tradicional, Robin Hood encontra o equilíbrio entre a lenda e o drama político.
Não há arcos dourados nem vilões caricatos, há uma Inglaterra em construção e um homem tentando entender que tipo de herói o povo precisa. Os três primeiros episódios estabelecem o tom duro e conspiratório da série, com a floresta surgindo, finalmente, como refúgio e símbolo de resistência. Longe de ser uma aventura romântica, Robin Hood se revela um drama histórico sobre poder, redenção e desigualdade. E se o público esperava flechas, o que encontra são espelhos: um herói imperfeito em um país prestes a explodir.
Cinema B+: Robin Hood: o mito refeito sob o olhar da História - Divulgação



