Ela conquistou o país com a sua Filó no remake de Pantanal.
Na verdade, o Brasil se apaixonou novamente por Dira, porque cada trabalho realizado não tem como ser diferente.
Porém, sua Maria Aparecida Filomena, a Filó, vai deixar saudades após a despedida da novela essa semana.
A atriz completa 32 anos de carreira com 43 filmes em seu currículo entre curtas e longas, sendo muitos recordistas de bilheteria no Brasil, como: "2 Filhos de Francisco" de Breno Silveira , "Redemoinho" de José Vilamarim e "Veneza" de Miguel Falabella.
Dira é uma das atrizes mais premiadas e respeitadas de sua geração.
A apaixonante Filó em Pantanal Ganhou vários prêmios, incluindo doze indicações ao Grande Otelo, vencendo como melhor atriz em 2013, três Prêmios Guarani, dois Prêmios APCA, dois Prêmios Qualidade Brasil, um Prêmio Extra, assim como três Kikitos do Festival de Gramado e cinco Candangos do Festival de Brasília.
Tem uma longa história no teatro, no cinema e na televisão, e estreou recentemente como diretora de cinema com o filme, “Pasárgada”, ela também escreveu o roteiro e protagonizou a história.
No teatro foram 8 espetáculos dirigidos por nomes consagrados como Amir Haddad em "O Avarento", de Molière, na televisão somam-se dezessete trabalhos, entre eles a novela de grande sucesso de audiência e crítica "Velho Chico" com a direção de Luiz Fernando Carvalho e “Verão 90” com direção de Jorge Fernando.
Dentro de sua versatilidade, Dira também apresentou o Oscar com transmissão ao vivo nos anos de 2018, 2019 e 2020.
Com o final da novela, a atriz já emendou um novo trabalho antes de suas merecidas férias, o longa “Manas” que está sendo rodado em Belém do Pará.
Com o marido e os filhos - Arquivo PessoalSua “visita” ao Pantanal só reafirmou seu envolvimento com causas sociais, ambientais, pois ela também é ativista pelos direitos humanos.
Desde 2015, Dira também é uma das principais mobilizadoras do Criança Esperança e é uma das dirigentes do Movimento Humanos Direitos.
Na entrevista exclusiva ao Correio B+ desta semana, ela também fala sobre como concilia sua vida pessoal com a profissional, pois a atriz é casada há 16 anos com Pablo Baião, diretor de fotografia e é mãe de Inácio, 13 anos, e Martin, 6.
Para o Caderno, ela com muito amor da novela Pantanal, os colegas de elenco e equipe, da sua Filó e de sua trajetória e novos projetos.
CE: Como surgiu o Dira do seu nome (Ecleidira)?
DP: “Quando eu fui assinar o contrato do meu primeiro filme, ‘Florestas das Esmeraldas’, o meu produtor na época me aconselhou: ‘Dira, qual vai ser o seu nome artístico?’ e eu falei: ‘Eu ainda não tinha pensado nisso’, aí ele falou: ‘Se eu fosse você, colocava Dira Paes, já é nome de atriz, você vai fazer muito sucesso, aí eu disse: ‘Então, coloca aí Dira Paes’, e assim, foi. Eu já era chamada de ‘Dira’ e ‘Dirinha’ em casa, então esse nome deu continuidade a esse apelido que eu amo.”
CE: Na TV você começou na década de 90 certo?
DP: “O meu primeiro na televisão foi nos anos 90, fazendo ‘Araponga’, foi um começo incrível também, na mesma época que estava passando ‘Pantanal’, curiosamente.”
CE: Que novela ou/e série foi mais marcante para você? Você gosta de fazer novelas?
DP: “Eu gosto muito de fazer novela, é uma técnica diferente de fazer cinema... Você puxa um fôlego maior para o personagem durar mais tempo, e é muito bom ter essa relação com uma obra aberta. Entre novela e série é difícil falar... Sem dúvida nenhuma, ‘Pantanal’ vai ficar muito marcante na minha trajetória, assim como ‘Amores Roubados’ também. É muito bom poder fazer trabalhos que se comuniquem com o público dessa maneira.”
Com seu companheiro de elenco Marcos Palmeiras - Tv Globo
CE: E para você, como foi a experiência de apresentar o Oscar?
DP: “Tem sido maravilhoso apresentar o Oscar porque é muito bom poder assistir os filmes e ter uma noção do todo de uma vez. Além de ser um exercício maravilhoso para mim, como atriz, assistir a tantos filmes que me inspiram também no meu trabalho.”
CE: E a Dira mãe e em família, como é e como concilia tudo isso?
DP: “Não é fácil conciliar, mas eu acho que quando os filmes veem os pais trabalhando com dignidade, eles acabam assimilando de uma maneira real. A necessidade que a gente tem, assim como eu passo tempos fora de casa, de certa maneira, eu só me permito 20 dias no máximo, mas eu também às vezes fico muito tempo em casa, mais do que uma mãe que trabalha todo dia, então, tem as suas compensações, do ônus e do bônus.”
Final das gravações em Pantanal - Divulgação
CE: Entrando de forma automática em Pantanal, como surgiu o convite?
DP: “O convite veio através do Papinha, diretor Rogério Gomes, que foi o primeiro diretor da 1ª fase de ‘Pantanal’ e ele me ligou carinhosamente, já era a terceira vez que a gente tentava trabalhar juntos, e surgiu a felicidade com a Filó. E eu sou eternamente grata por ele ter me dado de presente esse personagem tão maravilhoso.”
CE: Você já conhecia a região? Como foi pra você essa experiência em todos os sentidos?
DP: “Eu não conhecia esse Pantanal do Mato Grosso do Sul e para mim foi uma surpresa maravilhosa, porque eu pude me entregar ao Pantanal. Hoje eu digo que eu sou o Pantanal. O Pantanal está dentro de mim. Eu sou feita do Pantanal. Ele fez parte não só da vida da Filó, como da minha vida, e ele vai continuar fazendo para sempre, porque foi uma experiência única. Eu me senti entrando em um templo sagrado e esse bioma vai ficar na minha memória como um dos meus lugares no mundo.”
CE: Você assistiu a primeira versão da novela? Se inspirou na antigo Filó?
DP: “Eu assisti na época a primeira versão de Pantanal, sim. A Jussara Freire foi magnânima nesse personagem. A gente tem essa ‘morenice’ parecida, então, eu me senti muito feliz de poder representar um personagem que já foi feito de maneira tão potente por uma atriz tão maravilhosa, tão gigante, como Jussara Freire. Eu já era fã da novela e ter a chance de poder repetir isso foi uma das melhores coisas para mim. Antes, eu era uma expectadora e hoje, 32 anos depois, poder fazer parte desse clássico da teledramaturgia é um prazer.”
Com parte do elenco - Tv Globo
CE: Como a sua Filomena foi construída?
DP: “A Filó foi construída a partir dessa sensação de que a própria metáfora do nome já diz: Filó é aquela que protege, é aquela que filtra, é aquela que temporiza as coisas, é aquela que reflete. E é uma mulher verdadeira, transparente, autêntica e que ama um homem na vida, o Zé Leôncio, de uma magnitude assim como o Pantanal. O amor dela por ele é magnânimo. Aquele amor é um amor pantaneiro, de quem vive isolado, de quem só pode contar um com o outro. Eu acho que a Filó é uma mistura desses sentimentos, além dessa herança que ela teve no começo da vida dela. Ela é uma mulher experiente e amorosa.”
CE: É visível que vocês viraram uma linda família na novela, como foi a despedida?
DP: “Estamos ainda nos despedindo... E tem sido uma despedida referente à distância que vamos ter um do outro, da falta da convivência diária, mas ao mesmo tempo uma alegria de termos cumprido com o nosso papel e termos feito tudo de uma forma tão potente e tão abraçada pelo público como foi. Isso, realmente, é uma dádiva.”
Vinicius Mochizuki
CE: Pantanal tem um lugar diferente no seu coração? Se sim, por quê?
DP: “Tem um lugar diferenciado porque foi uma convivência contínua de um ano e dois meses. Foram pessoas que se querem bem para o resto da vida. Nós dividimos quarto, nós tivemos a sensação de que a gente estava ali muito próximos também da nossa intimidade. Era impossível se esconder de alguém, a gente trocou muito, trocou felicidades e tristezas, mas, sobretudo, nós estamos ali se querendo muito bem e querendo que a novela desse certo e, por fim, aconteceu.”
CE: Um momento marcante nas gravações...
DP: “Há muitos momentos marcantes, mas essas últimas cenas que vão para o ar, elas foram marcantes demais. Como o pedido do casamento, o casamento em si, o encontro de Zé Leôncio e Filó no meio do Pantanal, a passagem de tempo da primeira para a segunda fase... Foram muitos momentos especiais.”
CE: Que importância e impacto você acha que a novela teve?
DP: “Eu acho que a novela reuniu o Brasil em torno de um tema que é o meio ambiente, que é a gente pensar nos nossos biomas, na sobrevivência do planeta, e na tolerância entre as diferenças. Na fazenda do Zé Leôncio a gente pôde entender o quanto é importante a gente respeitar a diferença entre os seres humanos e como é importante a gente saber conviver com ela de uma maneira harmônica e ‘Pantanal’ mostrou isso em vários momentos.”
Dira Paes - Vinicius Mochizuki
CE: Muita responsabilidade em gravar um remake de tanto sucesso?
DP: “Quando a gente vai mexer num clássico, a gente sempre teme, porque ‘Pantanal’ já era um sucesso, então, a gente queria repetir a dose. E sabíamos que isso só aconteceria se ‘Pantanal’ encontrasse o seu público. E, não só encontrou o seu público, como foi além das nossas expectativas. ‘Pantanal’ foi uma surpresa maravilhosa para todos nós e estamos todos muito agradecidos a esse público que está nos prestigiando.”
CE: Como uma pessoa que defende os direitos humanos e é envolvida em causas ambientais, como viu e vê o “Bioma Pantanal”?
DP: “Eu fiquei muito feliz de estar envolvida com uma novela que tem uma mensagem de sustentabilidade, de respeito à natureza e de como a gente pode equilibrar as necessidades do homem com as necessidades desse bioma. Sem dúvida nenhuma, a gente precisa que se restabeleça os ciclos naturais da vida, da fauna e da flora, onde a gente tem a chuva, onde a gente possa ser o lugar das águas pantaneiras e que o fogo que abalou e destruiu grande parte desse bioma possa ser evitado. Eu acho que a gente conseguiu traçar um panorama geral dessa situação tão diversa que estamos vivendo nesse momento, onde as questões são mais voltadas para o capital do que para o ser humano.”
Dira Paes - Vinicius Mochizuki
CE: Já com saudades da Filó?
DP: “Sem dúvida nenhuma, a Filó vai deixar saudades. Esse trabalho como um todo, com essa equipe incrível vai deixar saudade. Eu tenho muito a agradecer a muita gente. É um trabalho feito por muitas mãos e a Filó foi feita por todas essas mãos, e eu agradeço imensamente. Mas, é preciso guardar a Filó para que renasça um outro personagem, e, assim que é o ciclo da vida.”
CE: O que você acha que mudou da primeira personagem em 1990 e hoje? Poderia pontuar?
DP: “Eu acho que a novela teve uma atualização de 1990 para 2022, e eu acho que a Filó talvez tenha sido a que menos tenha mudado. Ela é uma mulher que a gente encontra em várias famílias, e é essa pessoa que é o alicerce da família. E, nesse sentido, eu acho que a Filó de 1990 e a de 2022 são muito parecidas, o que me deixa muito feliz, porque a Jussara fez tanto sucesso com a Filó, e eu não podia deixar de fazer com que a Filó tivesse a mesma receptividade como teve a Filó da Jussara.”
CE: Novos projetos?
DP: “Eu estou filmando um filme chamado ‘Manas’, no Pará, até o dia 22 de outubro, e depois eu sigo para fazer ‘Ó Pai Ó 2’, o filme, e a partir de novembro eu estarei de férias. E aí vou poder curtir imensamente o que eu mais amo, que é a minha família. Vou poder estar junto, e fazer programas simples da vida, como ir ao cinema, por exemplo.”
Com seu companheiro de elenco Marcos Palmeiras - Tv Globo
Final das gravações em Pantanal - Divulgação
Com parte do elenco - Tv Globo
Vinicius Mochizuki
Dira Paes - Vinicius Mochizuki
Dira Paes - Vinicius Mochizuki


