Em um ano, as contas potencialmente falsas no Facebook caíram de 2% para 1% do total, segundo o balanço da empresa. Eram 31,8 milhões no ano retrasado e 18,6 milhões em 2016.
O número agrega contas "indesejáveis", perfis criados para "propósitos que violam os termos de serviço" e as "mal classificadas", como perfis pessoais criados para pessoas jurídicas, organizações e bichos de estimação.
Apesar dessa redução, as chamadas click farms ou "fazendas de cliques", que vendem engajamento nas redes sociais com contas de procedência duvidosa, seguem firmes e fortes na Ásia, contratando mão de obra de países como Filipinas, Paquistão, Índia e Bangladesh.
São pessoas pagas para curtir postagens e seguir páginas no Facebook, no Instagram e no Twitter, com suas próprias contas ou com perfis criados para o comércio de popularidade na rede. Às vezes, contam com robôs, que são mais fáceis de serem detectados pelas empresas.
Para a rede social, a prática é desvantajosa. Contas falsas disparam curtidas em todo tipo de conteúdo para não levantar suspeitas, inclusive em páginas que pagaram anúncios ao Facebook.
"[Com perfis falsos] o anunciante fica no prejuízo. Quando o Facebook erra uma métrica, isso fere a confiança das marcas nas redes sociais", diz o pesquisador italiano Andrea Stroppa. Ele estima que de 8% a 12% das contas do Instagram sejam irregulares.
Stroppa também concluiu, em pesquisa de 2013, que o mercado de contas falsas e robôs caça-cliques no Facebook gerava cerca de US$ 200 milhões por ano.
A receita de anúncios no Facebook foi de US$ 27,6 bilhões em 2016. Não há dados específicos sobre o Instagram, que pertence ao Facebook desde 2012, mas o Credit Suisse estima que a rede social de fotos tenha faturado US$ 3,2 bilhões no passado.
Analistas de redes sociais não recomendam a compra de engajamento nas "fazendas de cliques". "É uma estratégia muito imediatista, e, à medida que o Facebook faz varreduras, vocês perde seguidores", diz Carolina Terra, consultora de mídias sociais.
"Não vejo vantagem também em comprar seguidores com anúncios [legítimos], porque você não consegue atingir aquele público com as suas postagens depois", diz.
EMPRESAS
Na Boostlikes, mil curtidas em uma página do Facebook custam US$ 71 (R$ 234). Alguns perfis são dos EUA, mas custam quase o triplo da mão de obra estrangeira. O serviço afirma que vende curtidas de perfis de verdade.
Já no Buy Cheap Social, mil curtidas no Facebook custam apenas US$ 16. A empresa afirma que as pessoas são reais e que "as curtidas vêm de usuários que decidiram curtir sua página porque realmente amam seu conteúdo".
Entre os serviços que são assumidamente "click farms", está o site Shareyt, que mobiliza 25 mil perfis em Dacca, capital de Bangladesh, e WeSellLikes.com.
O termo "click farm" é usado há pelo menos dez anos, quando o principal objetivo das marcas era aparecer com bons resultados nos mecanismos de busca do Google, do Yahoo! e da Microsoft.
Um dos métodos usados na década passada era clicar em massa no anúncio dos concorrentes. Isso porque, em alguns modelos de anúncio, o anunciante paga um preço por pessoa que clica em seu site. Clicando em série no mesmo anúncio, a verba do concorrente acabava, o que dava visibilidade às marcas restantes daquele segmento (marcas que aparecem quando alguém procura "ferro de passar" no Google, por exemplo).
No Facebook, também há o modelo de PPC ("pague por clique"), que deixa os anunciantes vulneráveis aos acessos que vêm das "click farms". A rede social está sempre aperfeiçoando seu algoritmo para tentar acabar com o problema.
O Facebook afirma que as marcas devem segmentar seus anúncios para públicos específicos, atingindo pessoas interessadas em seus produtos, e que as "curtidas" não devem ser almejadas como um fim em si mesmo, e sim como resultado de uma boa estratégia de marketing.
"Curtidas falsas são ruins para as pessoas, marcas e para o Facebook", afirma a empresa em comunicado.