Ceias fartas, consumo excessivo de álcool e semanas fora da rotina durante as festas de fim de ano podem ter um impacto maior do que muitos imaginam. Antes mesmo de se manifestar em doenças como diabetes ou problemas cardíacos, o ganho de peso associado a esses exageros já pode comprometer a fertilidade de homens e mulheres.
O excesso de peso interfere no equilíbrio hormonal, afeta a ovulação e reduz a qualidade dos espermatozoides, tornando a gravidez mais difícil.
“O excesso de peso provoca alterações hormonais capazes de prejudicar a produção de espermatozoides e a ovulação, impactando diretamente as chances de fecundação”, explica o ginecologista e especialista em medicina reprodutiva Maurício Chehin, que atua em um grupo com experiência de quase 30 anos em reprodução assistida.
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade, 68% dos brasileiros vivem hoje com excesso de peso, 31% têm obesidade e 37% estão com sobrepeso. No caso das mulheres, a obesidade pode gerar ciclos menstruais irregulares e diminuir a frequência de ovulação.
“Recomendamos que pacientes com obesidade ou sobrepeso busquem acompanhamento médico e nutricional antes de engravidar, seja de forma espontânea, seja por fertilização in vitro. A perda de peso aumenta as chances de sucesso e reduz riscos importantes na gestação”, afirma dr. Maurício.
IMPACTO NOS HOMENS
Entre os homens, os impactos também são significativos. A obesidade afeta tanto a quantidade quanto a qualidade dos espermatozoides e pode comprometer a função sexual.
“O acúmulo de gordura altera o equilíbrio hormonal reduzindo a testosterona e aumentando o risco de disfunção erétil. Isso repercute diretamente na motilidade e concentração dos espermatozoides”, acrescenta o especialista.
O crescimento da obesidade no País é impulsionado por padrão alimentar inflamatório, sedentarismo e longos períodos de exposição às telas. Para o médico, esse conjunto tem ampliado os desafios reprodutivos no Brasil.
“Já vemos quase um terço da população vivendo com obesidade, e isso tem consequências claras para a saúde reprodutiva”, observa o ginecologista.
RISCOS NA GESTAÇÃO
O consumo de álcool também pode ser um inimigo de quem deseja engravidar - Foto: PixabayAlém de dificultar a gravidez, o excesso de peso aumenta taxas de aborto e complicações obstétricas. “A obesidade eleva o risco de hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro e problemas durante o parto. Controlar o peso antes da gestação é um fator de proteção fundamental para mãe e bebê”, destaca o médico.
PREVENÇÃO
Mudanças simples de rotina têm impacto direto na fertilidade. “Dormir bem, não fumar, manter peso saudável, praticar atividade física, moderar o consumo de álcool, adotar uma alimentação equilibrada e manter relações sexuais regulares cerca de três vezes por semana são medidas que favorecem a saúde reprodutiva”, orienta o especialista.
Chehin faz ainda dois alertas importantes: o uso de lubrificantes vaginais inadequados, que podem comprometer a mobilidade dos espermatozoides, e o risco das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
“As ISTs são causas frequentes de infertilidade e muitas vezes só são percebidas quando já provocaram danos”, afirma o ginecologista.
O médico reforça que consultas periódicas com ginecologistas e urologistas são essenciais para monitorar a saúde reprodutiva. “O acompanhamento regular permite identificar e corrigir fatores de risco e preservar a fertilidade antes que ocorram danos irreversíveis”, diz dr. Maurício Chehin.
*Saiba
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade, 68% dos brasileiros vivem hoje com excesso de peso, 31% têm obesidade e 37% estão com sobrepeso.
Foto: Instagram / Divulgação


