Por Denise Neves com edição de Flavia Viana
Conhecido pelas campanhas marcantes que já estampou na televisão durante o horário nobre, João Côrtes é um ator que transborda talento de frente e detrás das câmeras.
Além de atuar, ele dubla, dirige, produz, roteiriza e até canta, tendo sido vice-campeão do programa “Popstar” da TV Globo no ano de 2018.
João Côrtes começou a sua carreira na dramaturgia com pé direito, já assumindo o papel como protagonista em “O Pequeno Príncipe” com apenas 14 anos de idade, durante uma peça na escola que estudava. “Desde essa minha primeira experiência com o teatro, eu me apaixonei completamente.
Quando eu subi no palco, foi uma explosão de sentimentos e entendi que era aquilo que eu queria fazer”, relembra.
A partir disso, João se encontrou no mundo artístico e se dedicou a realizar o que mais almejava... Aos poucos, foi se inserindo na TV participando de campanhas publicitárias em 2012. Já no ano seguinte, conseguiu o seu primeiro papel como ator, interpretando o Lucas de “Três Teresas”, série do canal GNT.
Desde então, João deslanchou vivendo personagens na TV aberta e fechada, no cinema e no streaming. Entre os seus próximos trabalhos, inclusive, estão as séries “Encantado’s”, do Globoplay, com estimativa para ser lançada ainda este ano, e “Rio Connection”, produção internacional feita pela mesma plataforma em parceria com a Sony.
“A série é de ação e se passa nos anos 70. Eu faço o Alberto Martin, que é um diplomata que acaba virando uma peça chave no tráfico de drogas italiano que acontece no Brasil na época. Estou muito animado com esse projeto”, conta o artista.
Durante um bate papo super descontraído, o ator João Côrtes conversou com exclusividade com o Correio B+ e revelou curiosidades sobre sua carreira e a sua vida para além do que o grande público já conhece.
Leia a entrevista na íntegra e saiba como foi:
CE: Aos três anos de idade, você já começou a trabalhar como dublador. Como foi essa experiência?
JC: “Na verdade, o meu pai sempre trabalhou no meio musical como compositor. Então, ele sempre trabalhou com produtora, fazendo trilhas sonoras para jingles para filmes etc. Então, desde os três anos eu fazia locuções para publicidade, algumas dublagens mais específicas etc, e o meu pai me direcionava nesses trabalhos. Durante muitos anos isso fez parte da minha vida, até que eu comecei na carreira de ator e devido a alguns trabalhos, eu não podia fazer qualquer locução.”
CE: E quanto ao teatro, como foi a descoberta da sua vocação para atuar?
JC: “A primeira vez que eu fiz teatro foi num colégio que eu estudava em São Paulo (SP). Lá, eu tive um professor chamado Ricardo, que me marcou muito. Nessa escola, eu fiz o protagonista, em ‘O Pequeno Príncipe’, e desde essa minha primeira experiência com o teatro, eu me apaixonei completamente. Quando eu subi no palco, foi uma explosão de sentimentos e entendi que era aquilo que eu queria fazer.”
CE: Pode falar um pouco do seu primeiro trabalho realizado na TV?
JC: “Se não me engano, foi no ano de 2012, quando eu comecei a fazer algumas propagandas. E eu lembro que eu já ficava muito encantado com esse universo do set de filmagem, admirado com a estrutura que tudo aquilo me proporcionava.”
CE: Houve alguma dificuldade para conseguir o seu primeiro papel na televisão? Se sim, qual?
JC: “Sim, super. O meu primeiro papel foi em ‘Três Teresas’, em 2013, no GNT. O meu personagem era o Lucas e foi desafiador, tropecei muito até entender a dinâmica, como interpretar na frente da câmera, entregar o que eu precisava etc. Observei muito os outros à minha volta para aprender.”
CE: Em 2018, você revelou um talento seu que muitos não conheciam, se assumindo como cantor no programa “Popstar” da TV Globo. Como foi a repercussão do público quanto a esse seu viés artístico na época?
JC: “Então, esse é um lado meu que sempre existiu. A família do meu pai é composta por músicos. Por volta dos 17 anos, eu comecei a cantar participando de alguns musicais, mas foi no programa que eu pude mostrar mais esse meu lado para o grande público. Eu tenho o ‘Popstar’ como uma das experiências mais lindas que eu já vivi. Sou muito grato pelo o que ele me proporcionou. Eu saí muito da minha zona de conforto como ator para me encarar como cantor. Além de um desafio, foi um presente enorme. A resposta que eu tive do público foi muito maravilhosa, tanto é que eu fiquei em 2º lugar na competição. Eu nunca poderia imaginar isso.”
CE: Quais são as suas referências na música?
JC: “São tantos, mas, no geral, eu tendo a gostar mais de soul, R&B, pop, jazz... Em destaque, Michael Jackson, Stevie Wonder, Djavan, Ed Motta, Tim Maia, Maurício Manieri, Lulu Santos, Ney Matogrosso, Janis Joplin, Amy Winehouse, Elvis Presley... É uma lista grande (risos).”
CE: Tendo em vista a sua participação no “Popstar”, você participaria de algum reality show? Um BBB, talvez?
JC: “Não sei, mas acredito que não. Eu teria que pensar com muita calma, porque não sei se tem a ver com a jornada que eu estou trilhando nesse momento. É uma proposta tentadora, mas não é uma decisão fácil. Tem que ser algo muito pensado e conversado.”
CE: Com uma carreira já consolidada e reconhecida como ator, você também é roteirista, diretor e produtor. Quando surgiu o seu interesse por essas áreas e o que você mais gosta de fazer: trabalhar na frente ou detrás das câmeras?
JC: “Eu sempre gostei muito de escrever. Seja num diário, ou redigindo crônicas, textos, enfim. Sempre foi um processo muito natural e eu sabia que em algum momento a minha jornada como jovem escritor iria seguir e eu iria escrever um roteiro. E não deu outra. De 2017 para 2018, eu escrevi o meu primeiro longa-metragem. Eu não só produzi como dirigi. Eu queria poder contar essa história e ter o controle de como contar. E eu produzi junto com o meu pai. O longa foi feito de forma 100% independente, sem apoio, patrocínios etc. Foi uma vivência incrível, um aprendizado maravilhoso, um baita desafio. Não sei se consigo escolher entre ser ator ou diretor, mas posso dizer que dirigir é algo que me encanta muito. Eu realmente me apaixonei e me identifiquei demais com essa experiência. Quero muito fazer de novo, inclusive, estou escrevendo no momento o meu segundo longa-metragem.”
CE: Sobre “Encantado’s”, o que podemos esperar do seu personagem? Pode contar um pouco para a gente?
JC: “‘Encantados’s’ é uma série de humor que deve lançar esse ano ainda e conta sobre um supermercado no subúrbio do Rio de Janeiro, de um bairro chamado Encantados. E, esse mercado, de noite, vira uma escola de samba, que desfila na Intendente Magalhães. A série conta a história de pessoas que trabalham nesse lugar. O meu personagem é o Celso Tadeu, que é anunciante de produtos desse supermercado e fica de patins pelos corredores com microfone na mão. O sonho dele é ser ator e aproveita a função dele ali para fazer do trabalho dele a sua grande vitrine para performar, cantar, dançar etc. Na escola de samba, ele é coreógrafo da comissão de frente. Para fazer ele, foi muito divertido. Espero que as pessoas se divirtam também.”
CE: E quanto aos seus próximos trabalhos? O que vem por aí?
JC: Por enquanto, as séries ‘Encantado’s’ e ‘Rio Connection’, essa, é uma produção internacional da Sony com a Globoplay. A série é de ação e se passa nos anos 70. Eu faço o Alberto Martin, que é um diplomata que acaba virando uma peça chave no tráfico de drogas italiano que acontece no Brasil na época. Estou muito animado com esse projeto.”
CE: Se você pudesse dar um conselho ao João de cinco anos atrás, qual você daria?
JC: “Eu diria para ele confiar nos instintos dele e em si mesmo. E entender que o coração bom e a generosidade nem sempre são coisas recíprocas, mas isso não significa que você precisa diminuir a sua luz para se adaptar aos outros.”
CE: E como você se enxerga daqui a cinco anos?
JC: “Possivelmente morando no Brasil e no exterior, com uma carreira consolidada aqui e nos Estados Unidos, podendo escolher os meus projetos, a fim de fazer coisas que me estimulem, me excitem e me desafiem como ator. Espero estar nesse lugar.”
CE: Houve algum momento que pensou em desistir da sua carreira? Se sim, porquê?
JC: “Não. Houve momentos de ‘desidentificação’, no qual eu não me senti conectado com a indústria, o que, é importante dizer, é uma coisa absolutamente normal. As fases que atravessamos durante a carreira são cíclicas, então, é natural que as coisas às vezes se percam. Mas, em algum momento, a gente se reconecta de novo. Eu sou muito apaixonado pelo o que eu faço e desistir nunca foi uma possibilidade.”
CE: Quando não está trabalhando, quem é o João Cortês?
JC: “Ir ao cinema, encontrar os meus amigos, fazer festa, viajar, ir à praia, cachoeira, ler etc.”
CE: Qual seria o presente ideal que alguém poderia comprar para você?
JC: “Um filhote de cachorro. Eu amo.”
CE: E qual não tem nada a ver com você?
JC: “Uma meia ou uma camisa polo (risos).”
CE: Uma palavra que te define e por que?
JC: “Metamorfose. Porque eu penso sempre na música do Raul Seixas, ‘Metamorfose Ambulante’, que faz muito sentido para mim: ‘eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo’. E eu sou muito assim. Eu estou o tempo inteiro em transformação, estou sempre mudando, acho isso muito importante.”





