No sábado, o Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, em Corumbá, será o palco da estreia da Orquestra Sinfônica da Fronteira Sul-Americana (OSF), um marco para Mato Grosso do Sul e para a integração cultural entre Brasil e Bolívia.
O concerto “Sinfonia da Integração”, a partir das 20h30min, com entrada franca, vai reunir instrumentistas dos dois países que integram a OSF e apresentarão, entre outras composições, pérolas de Beethoven e de Bizet.
No programa de estreia da OSF, estão dois clássicos do repertório da música de concerto: a “Sinfonia Nº 1”, de Ludwig van Beethoven (1770-1827), primeira das nove célebres sinfonias do genial compositor alemão, e as “Suítes Carmen”, que fazem parte da ópera “Carmen”, composta pelo francês Georges Bizet (1838-1875).
As duas suítes da ópera que estreou em 1875 foram compiladas postumamente pelo também francês Ernest Guiraud (1837-1892), amigo de Bizet.
São peças icônicas que simbolizam a universalidade da música e o diálogo entre culturas, que caem sob medida para a ocasião.
Detalhe importante: pela primeira vez na história do Estado, uma orquestra sinfônica formada por músicos sul-mato-grossenses e bolivianos executará uma sinfonia completa de Beethoven em sua formação original – cordas (viola, violino e violoncelo e contrabaixo), duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, duas trompas, dois trompetes e tímpanos.
“Será um concerto inesquecível. É a realização de um sonho coletivo, o primeiro passo de uma orquestra que veio para ficar e representar a nossa fronteira em grandes palcos”, exalta o maestro José Maikson, regente da Orquestra de Câmara do Pantanal (Ocamp), que também estará à frente da Orquestra Sinfônica da Fronteira na apresentação de sábado.
SONHO E TRANSFORMAÇÃO
A OSF nasce como um potente desdobramento do trabalho que a Ocamp, projeto do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, vem desenvolvendo de um jeito bem promissor.
E agora, como destaca Márcia Rolon, diretora artística do Moinho Cultural, “o sonho se expande”, com músicos brasileiros e bolivianos unindo-se em uma formação sinfônica que busca traduzir “em som e sentimento” a força da diversidade da fronteira.
“Nosso trabalho no Moinho Cultural sempre foi o de conectar culturas e transformar vidas pela arte. A OSF é a concretização desse ideal, uma orquestra que nasce da fronteira, que acredita na força das diferenças e carrega o propósito de levar o nome desse território para o mundo”, afirma a diretora artística do Moinho.
Mas a OSF também carrega um sentido profundo de resistência e transformação social. Criada em uma região marcada por desafios como o tráfico, a exploração e a vulnerabilidade de crianças e mulheres, a orquestra surge como voz de esperança.
“A mensagem que queremos passar com essa orquestra é que é possível fazer arte em uma região difícil, mostrar que daqui também nascem coisas grandiosas e positivas. A música é a nossa resposta diante da violência. É o nosso instrumento de transformação”, reforça o coordenador de música do Moinho Cultural, Vinícius Klaus.
Interior do templo do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, em Corumbá, onde o concerto será realizado - DivulgaçãoAPENAS HARMONIA
A ideia da OSF começou a ser desenhada há cerca de três anos, em conversas entre o maestro brasileiro José Maikson e o professor boliviano Diego Vaca. O desejo comum de reunir músicos profissionais dos dois países amadureceu até se tornar realidade este ano, com o apoio da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab) e a mediação do Moinho Cultural.
“Sempre sonhamos em ter uma orquestra sinfônica aqui, na fronteira. Algo grandioso, que mostrasse que Corumbá e Mato Grosso do Sul têm músicos capazes de tocar obras que são interpretadas nas maiores salas de concerto do mundo. A OSF nasce para mostrar isso. Que a arte da fronteira tem força, talento e excelência”, explica o maestro José Maikson.
A OSF é formada por músicos profissionais da Ocamp e convidados do Brasil e da Bolívia. Mais do que um espetáculo, o projeto representa a concretização de um ideal de integração, geração de oportunidades e formação continuada de jovens artistas da região fronteiriça.
“A música é nossa linguagem comum. Quando brasileiros e bolivianos tocam juntos, não há fronteira possível. Há apenas harmonia”, resume o maestro José Maikson.
OS MÚSICOS
Entre os músicos brasileiros, a orquestra conta com a regência do maestro José Maikson Amorim e o spalla (primeiro-volino) José Antônio Méndez Barba, boliviano pertencente à Ocamp.
No naipe de cordas, estão Maria Fernanda Castilho Acosta, Marco Antônio de Souza, Analice Martins, Gabriela Padilla (boliviana da Ocamp), Kaíza Alves, Karoline Jarcem e Diego Cuéllar (boliviano da Ocamp.
Nos violinos e violas, Emanuel Teixeira na viola; Valério Reis, Daniel Castilho Acosta e Carlos Eduardo Oliveira nos violoncelos, e Yan Alves e Pedro Castedo nos contrabaixos.
Os sopros e metais são representados por Jorge Gil (oboé), Anny Kellen (flauta transversal), Felipe Arruda (clarinete), Brunna Arruda (fagote), Lucas Ortiz (trompete), Raphael Conceição (trompa), Elverson Monteiro, Kaio Lucas dos Santos e Yago Douglas (trombones).
A percussão está a cargo de Leandro Henrique, João Emanoel, Paulo Henrique Nascimento e Clóvis Neto. O piano é executado por Vinícius Klaus.
Do lado boliviano, integram a formação Nicolás Ardaya (oboé), Juan Portal (fagote), Jairo Justiniano (trompa), María René Árias (flauta), além dos violinistas Ariel Suárez, Rebeca Villarroe, Jorge Montero, Evelin Sarabia, Jarol Alexis Suárez, Dalay Fernández e Carolina Mano Cuéllar.
Completam o grupo os violistas Eimar Machado e Giuliana Frey, e os violoncelistas Franklin Coronel e Nicol Quispe.
SANTIAGO DE CHIQUITOS
Durante o concerto de estreia, também será realizada a assinatura de parceria entre o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano e a Escuela de Música Misional de Santiago de Chiquitos (Bolívia).
O acordo marca o início da expansão do Sistema de Música do Moinho Cultural, metodologia desenvolvida pela instituição para formação artística e transformação social, que agora ultrapassa as fronteiras do Brasil.
A parceria permitirá que a escola boliviana adote o Sistema Moinho Cultural, que integra música, dança, literatura e tecnologia em uma proposta de educação integral. Cada núcleo poderá implementar o modelo completo ou adaptá-lo de acordo com o perfil e as necessidades locais.
Khatryn Whittaker, gestora da Orquestra de Chiquitos, estará presente na cerimônia, reforçando o lado boliviano nesse novo passo de integração cultural e cooperação entre os dois países.
>> SERVIÇOS
Concerto “Sinfonia da Integração”
Sábado, às 20h30min;
Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora;
Rua Dom Aquino, nº 1.037, Centro, Corumbá, em frente ao Jardim da Independência;
Entrada gratuita.





