Foi com o espetáculo “Do Jeito que É Hoje em Dia”, na manhã de sábado (4), que o Teatral Grupo de Risco deu o pontapé inicial na execução do projeto Depois do Fim do Mundo, que conta com apresentações teatrais, oficinas e montagem de novo espetáculo.
A iniciativa conta com recursos do edital de Fomento ao Teatro da Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande (Fomteatro/Sectur) e marca, este ano, as comemorações dos 35 anos de atividades ininterruptas do TGR.
A apresentação da montagem, vista no sábado na Associação de Moradores do Buriti (Rua Jaime Costa, 589), integra a itinerância que o grupo programou, com essa e outras peças, por diferentes localidades da Capital.
CIRCULANDO
A proposta do TGR é levar as apresentações para as regiões periféricas de Campo Grande, para descentralizar a produção teatral e possibilitar o acesso de jovens e crianças que moram em bairros distantes.
Além do Bairro Buriti, onde começou o projeto, serão também contemplados os seguintes bairros: São Francisco, Coophavila II, Coophatrabalho, Nascente do Segredo e Oliveira II.
Serão 11 apresentações teatrais gratuitas, em espaços públicos, de diversos espetáculos. Estarão em cena as seguintes montagens: “A Princesa Engasgada”, “Guardiões”, “Revolução”, “Do Jeito que É Hoje em Dia” e “Tesoura”.
REPERTÓRIO
“A Princesa Engasgada” (Márcia Frederico) é a mais antiga montagem do grupo, em cartaz desde 2001. É um teatro de rua baseado nas encenações populares da commedia dell’arte, que ocuparam as ruas e praças da Europa, especialmente na Itália e na França, do século 15 ao 18.
A montagem presta homenagem ao humor do teatro medieval, em que dois atores representam diversos personagens. A peça tem música ao vivo e, com um figurino “suntuoso”, aborda a violência doméstica, contando a astúcia dos camponeses para lidar com situações inesperadas.
“Revolução” (Augusto Boal) conta a história de José da Silva e suas tentativas de conseguir comida e sustentar sua família. Conchavos políticos e midiáticos são travados enquanto José da Silva e sua mulher tentam sobreviver.
“Guardiões” (Lú Bigattão) apresenta um Pantanal contemporâneo, onde habitantes têm uma relação simbiótica com o território que vai mudando drasticamente. A nova realidade fere as estruturas econômicas e sociais. E o personagem pantaneiro vislumbra a falência do seu mundo.
“Do Jeito que É Hoje em Dia” (Virginia Menezes) aborda a questão da prevenção das ISTs/Aids (Infecções Sexualmente Transmissíveis/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). A família, o afeto, a hipocrisia, o companheirismo e a solidariedade são o pano de fundo para contar uma estória que fala de esperança, alegria e mudança de vida.
NOVA MONTAGEM
O projeto “Depois do Fim do Mundo” prevê ainda a montagem de um novo espetáculo do Teatral Grupo de Risco, “Tesoura”, com direção de Ewerton Goulart e texto de Yago Garcia. A história gira em torno dos personagens Mauro e Sebastian, que vivem uma relação cheia de desejo e repulsa, em que a violência e a aceitação da sexualidade são postas à prova.
Em cena, uma ferida exposta, um estranho magnetismo colérico, uma cruel realidade. Serão realizadas duas apresentações da nova montagem na nova sede do Teatral Grupo de Risco.
OFICINAS
Uma outra atividade do projeto é a Oficina com Mulheres, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa). Serão atendidas duas comunidades, uma na região do Buriti, onde já está sendo desenvolvido um trabalho com mulheres na Associação de Moradores, e outra na comunidade da Favela Vitória, na região do Noroeste.
A ideia é trabalhar a partir da realidade dessas mulheres por meio de exercícios teatrais na busca de uma reflexão e de autoconhecimento para superação e enfrentamento da situação de vulnerabilidade social. A oficina de formação é gratuita e terá duração de dois meses.
Serão 16 encontros, totalizando 64 horas de formação teatral, cuja abordagem das atividades visa o empoderamento da mulher, a autonomia de corpo, a autoestima e o enfrentamento da violência contra a mulher.
NOVA SEDE
O Teatral Grupo de Risco mantém sua própria sede desde 2002, na Rua Luiz Antônio Pereira, no Bairro São Francisco. O espaço sempre foi utilizado por diversos artistas, grupos e coletivos na realização de atividades múltiplas associadas à arte e à cultura.
Durante muito tempo, o Espaço TGR foi um dos únicos teatros abertos, de mínima estrutura e acessível, em funcionamento na Capital e um dos poucos no Estado.
Depois de 21 anos no mesmo local, o TGR está de casa nova. Um salão foi alugado e está sendo preparado para se tornar um novo local de encontros e apresentações culturais. A nova sede fica na Rua Trindade, 401, Jardim Paulista.
35 ANOS DE CAMINHADA
O Teatral Grupo de Risco comemora 35 anos de atividades neste ano. Foram quase 50 trabalhos realizados nessa caminhada, entre montagens teatrais, filmes, projetos sociais, campanhas educativas e oficinas de formação.
O grupo é referência em estudos da identidade cultural do Estado e pesquisas de linguagem, sempre com compromisso com as questões sociais na visada.
O TGR participa dos momentos de debates sobre as políticas públicas locais e nacionais voltadas à cultura e mantém uma relação colaborativa com outros produtores culturais e grupos teatrais, por meio da disponibilização de sua sede para ensaios, oficinas, rodas de conversa, seminários e workshops abertos a profissionais da cena, diretores e comunidade artística e acadêmica, além do público em geral.
A preocupação com os debates ocorridos dentro da classe artística acerca da formação de público e da democratização da arte direciona o grupo na proposição do projeto Depois do Fim do Mundo, que visa ampliar as possibilidades de participação das comunidades periféricas ao teatro e de manutenção das atividades do TGR.
Para obter mais informações e/ou colaborar com as ações do grupo: (67) 99241- 6227.





