Elencos de atuação impecável, enredos que prendem a atenção nos primeiros minutos e uma maestria na condução narrativa que faz de qualquer ranger de portas um gatilho para o frio na barriga do espectador. São predicativos que valem tanto para “Psicose” (1960), de Alfred Hitchcock (1899-1980), quanto para “O Bebê de Rosemary” (1968), de Roman Polanski.
Os dois clássicos do cinema estão entre os destaques da Temporada do Terror promovida pelo Cinemark, que estreou ontem com a exibição de “O Telefone Preto 2” (2025).
Nas obras-primas de Hitchcock e Polanski, dois mestres que – a história prova – sempre se deram bem em praticamente qualquer gênero, o insólito e o horror caminham lado a lado.
Entrecruzam-se pela chave do suspense construído gradativamente a partir das estranhezas que se vão dilatando a cada sequência, criando um fosso entre o que há de ordinário, doméstico e acolhedor nas tramas e as situações de tensão que mantêm as sobrancelhas eriçadas e o pavor na festa de quem assiste.
Em tempos de efeitos visuais cada vez mais gratuitos, que acabam desperdiçando muito do que a sétima arte é capaz de despertar nas emoções do espectador por meio de uma articulação de linguagem mais autêntica, vale muito (re)ver essas obras para além da garantida camada de entretenimento que proporcionam aos fãs mais ingênuos dos filmes de terror e suspense.
Não que seja pecado se entregar à tela sem maiores rigores, na linha do prazer pelo prazer do filme. Mas é bonito quando se percebe que o cinema vai além do fazer rir, chorar ou sentir, provocando sensações e reflexões que vão para casa depois da sessão com quem assistiu.
E essa é a capacidade de Hitchcock e Polanski: o exercício de autoria e de expansão das possibilidades expressivas do cinema por meio da impressão de estilos bem pessoais no exercício do cinema de gênero.
CINEMA "PSICOSE"
O clássico de Alfred Hitchcock é um dos destaque da Temporada do Terror do Cinemark; sessões legendadas e somente no domingo, às 18h30min e às 21hEm “Psicose”, uma mulher em fuga (Janet Leigh) procura abrigo numa pousada de beira de estrada, onde é atendida por um rapaz tão educado quanto esquisito (Anthony Perkins).
O assassinato brutal de um dos protagonistas antes da metade do filme – numa inesperada sequência de 45 segundos – poderia fazer a trama soçobrar. Ocorre que as tremedeiras de Norman (Perkins) e as silhuetas de sua mãe operam como as sínteses pontuais do imbróglio que somente se adensa até o desfecho.
Já o filme de Polanski apresenta a Rosemary do título, interpretada por Mia Farrow, vivendo um pavor crescente no novo prédio para onde se muda com o marido (John Cassavetes). Ela está grávida e vai ficando cada vez mais paranoica conforme conhece os vizinhos e seus comportamentos bizarros.
Após o parto, a coisa só piora e a mulher descobre coisas que faz a loucura tomar conta de si. De novo, é o jogo bem jogado entre os aspectos de domesticidade e o sobrenatural (diabólico) que fazem o filme valer bem mais que muitos do gênero.
Confira os horários das sessões.
- “O Bebê de Rosemary” será exibido somente amanhã, em sessão única e legendada somente às 21h.
- “Psicose” tem duas sessões, também legendas, somente no domingo – às 18h30min e às 21h.
Pela Temporada do Terror, que segue na próxima semana com outros títulos, é possível conferir ainda:
- “Sexta-Feira 13” (1980), hoje, às 21h, em versão legendada;
- “ParaNorman” (2012), amanhã – às 15h30min e às 18h – em versão dublada;
- e “Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim” (2023), às 16h de domingo, em versão dublada.
CORES NO QUINTAL
A Casa-Quintal Manoel de Barros reabre suas portas hoje, a partir das 19h, com o projeto “Há Cores na Casa Quintal”.
São três novidades que apostam na vocação do espaço como ponto de encontro entre arte e natureza:
- a exposição “Entre Terra e Água”, com trabalhos inéditos de Edson Castro;
- a instalação “O Centro Dentro de Nós”, de Isadora Bacha Lopes;
- e a nova Biblioteca da Casa-Quintal, que, além da obra completa de Manoel de Barros (1916-2014), reúne estudos e publicações sobre o poeta.
EXPOSIÇÃO "ENTRE TERRA E ÁGUA"
A mostra com trabalhos inéditos de Edson Castro é uma das novidades que marcam a reabertura da Casa-Quintal Manoel de Barros, que tem entrada franca (Sympla) hoje, com recital do Brasil Opus Música; na Rua Piratininga, nº 363, Jardim dos EstadosO projeto é um desdobramento da CasaCor MS 2025, que segue até 9 de novembro, ocupando a antiga residência do escritor e um imóvel contíguo.
Na noite de reabertura, que terá entrada franca com ingresso via Sympla, o quarteto Brasil Opus Música, que tem à frente o maestro e violonista Eduardo Martinelli, faz um recital com repertório de temas da música de concerto universal e estilos brasileiros, como o choro.
A Casa-Quintal ganhou nova pintura, reforma do telhado, substituição das rampas de acessibilidade e aquisição de novas peças e exemplares das obras de Manoel de Barros. Apoio cultural: Sesc MS, Fecomércio MS, Documenta Pantanal e Cia das Letras.
“Eu crio uma tensão entre a abstração e a figuração. O meu trabalho termina com o olhar do espectador. Só a arte suporta essa ambiguidade”, diz Edson Castro, um dos mais destacados nomes do abstracionismo de MS.
Nesta nova mostra, o artista expõe uma série de trabalhos em pequeno formato – 40cm por 30cm – produzidos em técnica mista (grafite, aquarela, acrílico e posca), dando sequência a uma pesquisa que ganha corpo desde 2023.
Confira mais programações para o fim de semana:
CINEMA “Maurício de Souza, o Filme”

Protagonizado por Mauro Sousa, filho de Maurício, o longa é uma ficção biográfica sobre um dos maiores nomes das HQ’s no Brasil, criador da Turma da Mônica.
MODA MS Fashion Hub

A oficina de upcycling em jeans, pilotada por Luiz Gugliatto (foto), às 9h, é um dos destaques de amanhã no evento criado pelo estilista Fábio Castro, que começou na quinta-feira e se encerra amanhã, com show do Grupo Estrella Cadente.
TEATRO Vitor Passarim

O artista apresenta o espetáculo “As Fantásticas Histórias Mágicas”, amanhã, às 16h, no Sesc Teatro Prosa, misturando contação de histórias, circo, teatro e música; grátis via Sympla.
MÚSICA Assucena e Catto

As cantoras fazem a segunda noite do show em homenagem a grandes intérpretes da MPB – Gal Costa, Rita Lee, Maria Bethânia, Marina Lima e Alcione – hoje, às 19h, com ingressos gratuitos pelo Sympla, no Sesc Teatro Prosa.





