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Thayla Luz: "Eu descobri uma paixão enorme pelo cinema italiano"

Entrevista exclusiva com a atriz Thayla Luz. Confira a entrevista dela na íntegra...

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Uma jovem e talentosa atriz...  

Thayla Luz tem apenas 24 anos, nasceu em Niterói e foi criada no Rio de Janeiro. Ela é graduada em Artes Cênicas, cursou a CAL e a Universidade Cândido Mendes.

Desde que cursou teatro não se imaginava fazendo outra coisa. “Depois que entrei no teatro, não conseguia pensar em fazer mais nada. Tudo nesse universo me chama muito a atenção e me gera muito interesse”, lembra.

Seu primeiro trabalho profissional foi na TV, em 2016, na novela "Rock Story", dirigida por Dennis Carvalho e Maria de Médicis. Natália, sua personagem, foi a responsável por motivar e determinar, de fato, o caminho que escolheu seguir. 

Desde então, vinha trabalhando de forma independente produzindo curtas-metragens buscando novas experiências no mercado artístico.

“Após a novela me envolvi em um projeto de co-criação artística ministrado por mim e mais um amigo durante alguns meses e também produzi dois curta-metragens, ambos finalistas do Lift-Off Global Network. Um deles foi protagonizado por mim e no outro fiz a direção de fotografia”, explica a atriz.

Em 2021 surgiu o convite para dar vida à "Silvana", em "Além da Ilusão", atual novela das 18 h da maior emissora do país dirigida por Luiz Henrique Rios.

 

“A primeira coisa que fiz quando soube que faria uma personagem italiana foi procurar uma professora de italiano, que me ensinou e ainda ensina muito sobre a cultura, o local, a língua, o gestual, e principalmente o contexto histórico e o movimento partigiano. Estudamos com base em filmes, peças de teatro, biografias, documentários e vídeos de mulheres reais que participaram da Resistência”, relata.

"Silvana", no auge dos seus 20 anos, é uma das muitas mulheres que lutou na Resistência Italiana, movimento armado que se deu durante a Segunda Guerra Mundial, contra o governo fascista de Benito Mussolini e a ocupação da Itália pela Alemanha nazista.  

 

"Ela representa e homenageia todas as mulheres que, com muita coragem, muito sacrifício e muito empenho, combateram ou ajudaram de alguma forma na luta de Liberação exigindo liberdade, justiça, democracia e igualdade social. Isso porque, apesar de imprescindível, o papel dessas mulheres foi, por muito tempo, inviabilizado ou pouquíssimo reconhecido, algo não tão distante do que permanece acontecendo nos dias de hoje em pequenas, médias e grandes proporções", ressalta Thayla que completa:

 

"Seria impossível, não dedicar esse trabalho também à todas as vidas que se foram e à todas as pessoas que lutam diariamente para tornar esse mundo um lugar melhor -e menos cruel- pra se viver", expõem ela sobre a guerra na Ucrânia.

Thayla Luz é a nossa Capa do Correio B+ desta semana. Em entrevista exclusiva, ela fala sobre seu forte papel na novela ‘Além da Ilusão’ da TV Globo, seu primeiro papel na televisão em 2016, projetos independentes e sonhos.

Confira a entrevista dela na íntegra...

CE - Porque você escolheu a atuação? Vocação?

TL - Depois que entrei no teatro, não conseguia pensar em fazer mais nada. Tudo nesse universo me chama muito a atenção e me gera muito interesse.

 

CE - Como foi estrear na TV tão jovem e na maior emissora do país?

TL - Tudo era muito novo e empolgante. Aprendi muito, durante todo o processo, sobre o ofício dentro e fora de set, e vou aprender muito mais...

CE - Rock Story foi uma novela de audiência e muito sucesso. Como surgiu o convite para participar dela?

TL - Minha agência da época me indicou para o teste. Saí de lá com a certeza de que não passaria, mas fui surpreendida meses depois com uma ligação da produtora de elenco. E aconteceu!

 

CE - E sobre o seu personagem?

TL - Minha personagem se chamava Natália. Ela era fiel escudeira de Yasmin e vivia dando conselhos amorosos para sua melhor amiga, mas ela mesma acabou sem seu crush na trama. Foi um trabalho lindo!

CE - Após a novela você trabalhou em projeto independentes, poderia nos contar um pouco?

TL - Após a novela me envolvi em um projeto de co-criação artística ministrado por mim e mais um amigo durante alguns meses e também produzi dois curta-metragens, ambos finalistas do Lift-Off Global Network. Um deles foi protagonizado por mim e no outro fiz a direção de fotografia.

 

CE - Como foi pra vc o período de isolamento e pandemia?

TL - Não foi um período fácil pra ninguém. Na medida em que tivemos que nos adaptar forçadamente a uma realidade completamente distinta. Mas me reconheço muito privilegiada de poder ter tido a escolha de ficar em casa quando era necessário. Aproveitei para focar nos meus estudos e projetos pessoais.

CE - Como surgiu o convite para participar da novela da TV Globo Além da Ilusão que está no ar e é um grande sucesso?

TL - Fui indicada pelo meu agente para o produtor de elenco, que me chamou para fazer um selftest e um outro teste via plataforma online. 

Acabei não passando para a personagem inicial, mas fui convidada pelo diretor artístico para dar vida à Silvana e não poderia estar mais feliz e realizada.

CE – E Como será a sua personagem? Totalmente diferente de Rock Story?

TL - Totalmente! São épocas, nacionalidades, idades e realidades completamente diferentes. 

Silvana é uma jovem de 20 anos que viveu a vida inteira na Itália sob o domínio do fascismo durante o governo de Benito Mussolini. 

Sem a figura paterna, também perde o noivo durante a Segunda Guerra Mundial, período em que decide participar ativamente da luta, como partigiana, na Resistência Italiana (movimento de oposição ao nazismo e fascismo).

CE - Qual a diferença e semelhança entre elas? Existe alguma?

TL - De semelhança temos duas meninas-mulheres em construção, procurando lidar, cada uma da sua forma, com as adversidades da vida.

CE - Como está sendo a composição desta nova personagem?

TL - A primeira coisa que fiz quando soube que faria uma personagem italiana foi procurar uma professora de italiano, que calhou de ser uma italiana que intercala períodos aqui no Brasil e na Itália, e me ensinou e ainda ensina muito sobre a cultura, o local, a língua, o gestual, e principalmente o contexto histórico e o movimento partigiano. 

Estudamos com base em filmes, peças de teatro, biografias, documentários e vídeos de mulheres reais que participaram da Resistência. 

Também estudo e crio o arco da personagem junto com uma professora de interpretação que admiro muito o trabalho.

CE - Se sente pronta para viver uma personagem tão forte?

TL - Não sei se “pronta” é a palavra ideal. Me sinto preparada e disposta, mas ao mesmo tempo em processo de construção, como na vida, meu maior e único possível material de trabalho.

 

CE - O que espera da sua personagem em Além da Ilusão?

TL - São muitos caminhos que a personagem poderia tomar. Não consigo falar mais sobre sem dar muitos spoilers. Mas o que posso dizer é que ainda tem muita água pra rolar!

CE - Quem é a Thayla Luz fora do set de gravação?

TL - Uma pessoa complexa, como qualquer outra. E diria que um pouco inquieta. Quando não estou fazendo algo, estou planejando fazer.

 

CE - Existe algum personagem em especial que gostaria de interpretar em sua carreira?

TL - Tenho muita vontade de fazer uma biografia.

CE - Uma inspiração...

TL - Todas as mulheres que não se contentam com pouco.

 

CE - Uma atriz ou ator que seja referência pra você...

TL - Ultimamente minhas referências têm sido Sophia Loren e Monica Vitti. Descobri uma paixão enorme pelo cinema italiano e não consigo desapegar por nada.

CE - Por ser tão jovem e escolher a carreira de atriz você teve alguma interferência da sua família?

TL - Inicialmente foi um susto sim. Existia a pressão da necessidade de ter um plano B. Mas nunca deixaram de ajudar como podiam.

 

CE - Eles te apoiam?

TL - Sim, acho que hoje em dia mais.

 

CE - O que toca na sua playlist hoje?

TL - Hoje eu intercalo MPB, com músicas de 1940, canções italianas e hinos de resistência. Bem repetitivo sim.

 

CE - Você já quis ser modelo? Chegou a modelar?

TL - Quando mais nova, sim. Mas não cheguei a modelar.

 

CE - Como era o clima de gravação na sua primeira novela? Tinha receio já que era a sua primeira vez?

TL - O clima era leve, mas existia um nervosismo natural como em quando todas as “primeiras vezes” de tudo na vida.

 

CE - Como foi ser dirigida pelo Denis Carvalho, referência na TV?

TL - Ótimo! Espero ter outras oportunidades de trabalhar com ele.

 

CE - Você já foi a Disney várias vezes?

TL - Quando menor, sim. Minha mãe nunca cansava e sempre escolhia o mesmíssimo destino.

 

CE - O que faz para manter a forma e cuidados com a beleza?

TL- Comparado a antigamente, hoje me considero bem minimalista. Dou prioridade para cosméticos naturais e que não sejam testados em animais.

 

CE - Já pensou em fazer cinema e streaming? O que gostaria de fazer?

TL - Sempre! Sou apaixonada por cinema. Ainda pretendo transitar por muitos gêneros em filmes e séries.

 

CE - Um sonho profissional...

TL - São muitos! Um deles viajar para fora do país a trabalho.

Diálogo

Tremenda de uma "cascata" a informação apregoada pelo governo de Lula que... Leia na coluna de hoje

Leia a coluna desta terça-feira (23)

23/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Cecília Meireles - escritora brasileira

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”

Felpuda

Tremenda de uma “cascata” a informação apregoada pelo governo de Lula que ele ressarciu os aposentados, vítimas da roubalheira de esquema que envolve pessoas ligadas ao INSS, empresas privadas, ONGs, laranjas e políticos. Na realidade, essa conta sobrou para o cidadão, inclusive os próprios aposentados que pagam Imposto de Renda. Nenhum dos bandidos até agora restituiu aos cofres públicos o dinheiro que roubou. Aliás, a maioria está sendo blindada de forma vergonhosa. Há quem diga até que buscam “freio” para que a CPMI do INSS comece a patinar e não avance. Lamentável!

Pra cabeça

Quem entrará em 2026 com problemas no Conselho de Ética da Câmara é a deputada federal Camila Jara, do PT. O Partido Novo protocolou representação contra ela.

Mais

A acusação é de violação do decoro, ao se envolver na confusão originada quando da retirada à força de Glauber Braga, do Psol, e de ofensa ao secretário-geral da Mesa Diretora.

Diálogo

O vorí-vorí, tradicional prato paraguaio, foi eleito o melhor do mundo na lista anual do Taste Atlas, plataforma internacional que reúne avaliações gastronômicas de todas as partes do planeta. A iguaria recebeu nota 4,64 de 5, com base em votos de usuários reais que experimentaram o prato. Conhecido também como borí-borí, o vorí-vorí é descrito pelo portal como “a icônica sopa de galinha paraguaia com bolinhos de fubá recheados com queijo”. Rico em sabor, textura e história, o prato ocupa um lugar especial na mesa das famílias paraguaias e agora também no cenário global da gastronomia. Nos últimos anos, o vorí-vorí já havia figurado entre as melhores sopas do mundo em rankings do mesmo portal, reforçando sua reputação. A lista do Taste Atlas se tornou referência global por utilizar um sistema que identifica e descarta avaliações nacionalistas ou feitas por robôs, garantindo legitimidade às escolhas.

DiálogoChayene Marques Georges Amaral e Luiz Renê Gonçalves Amaral

 

DiálogoCamila Fremder

Prova de fogo

O atual time que forma o entorno do governador Eduardo Riedel terá, no próximo ano, prova de fogo, porque a missão deverá ser reeleger o “chefe” para o segundo mandato. Será o momento de a tchurminha provar quem é quem na estrutura. Quando foi eleito em 2022, Riedel nunca havia disputado uma eleição, porém, tinha um grupo político forte que sabia “o caminho das pedras”, o que foi fundamental para sua vitória. Em 2026, ele não poderá contar com esse pessoal.

Nem tanto

O PT em Mato Grosso do Sul já não estaria demonstrando, digamos, tanto amor pela candidatura de Simone Tebet (MDB) ao Senado pelo Estado, achando ser melhor por São Paulo. Lideranças petistas cá dessas bandas dizem que a ministra poderá ser um dos nomes para suceder a Lula. Ela figura entre algumas opções para ocupar o trono petista. A lista tem Alckmin, do PSB, e Haddad, o único do PT. Tudo indica que não se faz mais petista raiz como antigamente...

Entrave

Nos bastidores, o que se fala é que a ministra Simone Tebet, até então considerada excelente opção para disputar o Senado por MS, seria fonte de problemas. Algumas das alas do PT teriam torcido o nariz com a possibilidade de ela disputar pelo partido, até porque esse time lembra de que, quando candidata à Presidência, ela desferiu ataques a Lula. Além disso, há dúvidas se no Estado teria potencial eleitoral para o embate com outros candidatos, em sua maioria da direita, tendo em vista que o governo do qual faz parte, dizem, “está caindo pelas tabelas”

ANIVERSARIANTES

Beatriz Rahe Pereira, 
Dr. Gevair Ferreira Lima Júnior,
Julianne Stranieri Metello, 
Stephan Duailibi Younes, 
Maria Fatima Bueno,
Adhemar Mombrum de Carvalho Neto,
Augusto Costa Canhete,
Rosangela Neves,
Edgar Basmage,
Gileno Almeida Costa Nonato,
Sérgio Aguni,
Rinaldo da Silva Cruz,
Edna Maria Potsch Magalhães,
Dr. Márcio Molinari,
Ivo Batista Benites,
Ronaldo Fernandes Donizeti de Jesus,
Fabiano Borges da Silva,
Maria Aparecida Menezes,
Rafael Medina Araujo,
Rosilene Gois Paes,
Antonio Angelo Garcia dos Santos,
Maria Elisa Hindo Dittmar,  
Beatriz de Almeida,
Dr. Amaury Bittencourt Gonçalves, 
Izabella de Matos Lopes,
Cláudia Regina Di Felice,
Neide machado da Silva Gimenes,
Domingos Puckes,
Silvio Luiz de Moura Leite,
Helder Kohagura,
Maria Clementina Aparício Fernandes,  
Aurino Rodrigues Brasil,
Tânia Ignez Pinheiro,
Marilda Flores Haidar,
Samara Carvalho Gomes Binn,
Josselen Resstel Escórcio,
Valdo Maciel Monteiro,
Luiz Eduardo Yukio Egami,
Rafael Ferreira Ribeiro Lima,
Leila Maria de Albuquerque,
Maria Aparecida de Moura Leite, 
Datis Alves de Souza,
Aurea Leite de Camargo,
Maria de Fátima Vendas Muzzi, 
Thiago Ferraz de Oliveira,
Ruth Lopes Abreu,
Sandra Rodrigues Pereira,
Paulo da Costa Oliveira,  
Paulo César Reis Mendonça,
Fernanda Marques Ferreira,
Terezinha Alves Araújo,
Lucilaine Aparecida Tenorio de Medeiros,
Maria Helena Alves Lima,
Rosana Paes de Matos,
Laura Holsback Alvarenga,
Renato de Freitas Martins,
Miriam Fontoura Prata,
Nelson Maia de Melo,
Cleonice Gomes de Oliveira,
Rodolfo de Morais Dias,
Jussara Leite Barbosa,
Hugo Sabatel Neto,
Carolina Saves,
Solange Xavier Vargas,
Augusto Coelho Freire,
Soraia Kesrouani,  
Rubens Mendes Pereira,
Lilian Gabriela Heideriche Garcia,
Ana Maria Coimbra Santos,
Nelly Vasconcelos Coelho,
Valmir de Andrade Ferreira,
Eliana Miyuki Aratani Kaiya, 
Flávia Ribeiro Ramirez,
Laurinda Paiva Peixoto,
Patrícia de Souza Queiroz,
José Antônio Braga,
Elaine Viana Nunes,
Washington Justino Gonzaga,
Maria Stella Maia Pepino,
Vânia de Toledo Neder,
Osvaldo de Moraes Barros Neto,
Raquel Barbosa Franco,
Suely Ferreira Leal,
João Rafael Sanches Florindo,
Antonio Fernando Cavalcante,
Lúcia Torres Marchine,
Marcos Henrique Boza,
Adriana de Oliveira Rocha,
Suely Luiza Comerlato,  
Benedito Celso Dias,
Alirio Leitun,
Débora Queiroz de Oliveira,
Edson Pulchério Alves,
João Borges da Silva Filho,
Mário Zan Moreira,
Marcelo Luiz Ferreira Correa,
Valdecir Jorge,
Sérgio Carlos Borges,
Dr. Ruy Alberto Bueno,  
Marta Maria Vicente,
Guilherme Nucci dos Reis,
Marcelo Flores Acosta,
Noêmia Ramos de Oliveira,
Luiz Carlos de Carvalho,
Cláudia Garcia de Souza Trefilo,
Leonardo Marques Mourão,
Maria Delfina Louveira Trindade,
Camyla Queiroz de Faria Gonzales. 

*Colaborou Tatyane Gameiro

CINEMA

Curta-metragem "Carne Amarela" transforma a Terra do Pé de Cedro em set de filmagens

Com produção de Marcus Teles e direção de Gleycielli Nonato Guató, curta-metragem "Carne Amarela" tem equipe local e conta história que entrelaça memórias da infância em meio aos pequizeiros e banhos de rio

22/12/2025 10h30

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab),

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da natureza Divulgação: Marcus Teles

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Nostalgia e engajamento são os motores para evocar os sabores da infância que fizeram Coxim voltar a ser cenário de cinema. Conhecida como Terra do Pé de Cedro, a cidade localizada a 245 quilômetros de Campo Grande, no norte do Estado, é uma das protagonistas de “Carne Amarela”, curta-metragem de ficção dirigido por Gleycielli Nonato Guató e produzido por Marcus Teles.

Os dois nasceram na cidade, que também é conhecida como Portal do Pantanal, e são profundamente conectados ao Cerrado e ao Pantanal.

As filmagens se encerraram ontem e foram realizadas integralmente por lá, contando com elenco local, que envolveu moradores atuando pela primeira vez na frente de uma câmera e também uma equipe de produção majoritariamente formada por coxinenses. Ou seja, uma combinação de saberes tradicionais, talento regional e formação técnica.

A produção nasce do desejo de fazer Coxim se ver na tela grande, “suas cores, sua luz, seus frutos, suas infâncias”, como afirma a diretora. E nasce, segundo Gleycielli, também da necessidade urgente de lembrar o que esses mesmos elementos significam para a identidade do município.

“Eu estou completamente em êxtase. Planejei muito trazer esse filme para cá. É emocionante gravar na cidade onde cresci, com o povo daqui, com artistas da terra. Noventa por cento do elenco é coxinense, a equipe tem muita gente da cidade, e isso me deixa profundamente feliz”, compartilha Gleycielli Nonato Guató, que, além de dirigir a produção, também assina o roteiro baseado em seus próprios textos literários.

DOIS TEXTOS

“Carne Amarela” nasce de dois textos de Gleycielli – o poema “Carne Amarela” e o conto “É Tempo de Ouro no Cerrado” – que guardam lembranças de uma Coxim que pulsava mata, rio e fruta. A diretora explica que o filme busca reencontrar essa paisagem quase perdida.

“Eu quero trazer a infância que vivi. A gente saía para caçar pequi, pegava ingá, comia goiaba no pé, trazia caju para fazer doce. Coxim era meu ‘Sítio do Picapau Amarelo’. Hoje, muitos lugares onde eu brincava viraram bairros. O filme é um lembrete do que ainda existe e do que não pode desaparecer”, afirma.

A obra convida as crianças e os adultos a olhar novamente para o Cerrado como pertencimento. O pequi, fruto central da narrativa, é apresentado como força, resistência e alimento da memória coxinense.

“O pequi já sustentou muitas famílias. Trouxe renda, trouxe mistura, trouxe nutrição. Ele resiste ao fogo, resiste ao tempo, mas não resiste ao machado. O filme quer acender esse sentimento de pertencimento e preservação, para que as próximas gerações vejam valor no que tantas vezes sustentou Coxim”, ressalta Gleycielli.

ZORAIDE

A protagonista adulta, Zoraide, teve como referências mulheres de alusão familiar e ancestral para Gleycielli: sua mãe, tias, avó e bisavó. A diretora revela que a personagem carrega traços de todas elas. E quem interpreta Zoraide é justamente Maria Agripina, mãe da diretora, pioneira do teatro coxinense.

“É muito emocionante ver minha mãe interpretando a Zoraide, que leva o nome da minha tia que faleceu na pandemia. Este filme é pioneiro em muitas coisas dentro de mim”, revela. Além disso, todos os cargos de direção são ocupados por mulheres, fortalecendo a presença feminina no audiovisual sul-mato-grossense.

“Trabalhar com essa equipe é um prazer imenso. Estamos construindo juntas. É uma energia muito poderosa”, afirma. A equipe ainda é formada majoritariamente por profissionais de Coxim, como Robertson Isan Vieira, artesão ceramista premiado, e José Carlos Soares, cabeleireiro e designer de imagem.

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da naturezaEquipe do curta-metragem posa em um boteco da cidade com a diretora Gleycielli Nonato Guató (em pé, à esquerda, de blusa preta) - Foto: Divulgação/Marcus Teles

ENCONTRO

Para o produtor executivo e corroteirista Marcus Teles, filmar em Coxim não foi uma escolha estética, mas ética e afetiva. “Coxim faz parte da nossa formação pessoal e artística. Os textos que deram origem ao filme nasceram daqui.

A luz, a paisagem, o modo de vida, o jeito como o pequi aparece na cidade, tudo isso faz parte da essência da história. Filmar em Coxim é garantir autenticidade”, afirma Marcus.

O produtor explica que mapear as locações foi um processo guiado pela afetividade. “Coxim é uma cidade onde o urbano e o rural se encontram o tempo todo. Não procuramos cenários: reconhecemos neles o que a história já trazia em essência”.

Marcus destaca ainda que oito moradores da cidade trabalharam pela primeira vez no audiovisual, acompanhados de profissionais experientes. “Queremos abrir portas. Que jovens de Coxim encontrem no set um caminho possível, uma nova profissão, um futuro”, destaca o produtor.

101 FILMES

O elenco também conta com a participação especial do ator Breno Moroni, que marcou gerações como o Mascarado na novela “A Viagem” (Globo, 1994), além de ter participado de diversas outras produções no cinema e na televisão.

Com uma carreira extensa que inclui desde aberturas de telenovelas e mais de 100 filmes, Breno esteve em Coxim para integrar o elenco de “Carne Amarela” como seu 101º trabalho audiovisual.

“Trazer o Breno foi como aproximar duas forças que se completam. Ele chega com experiência, mas com humildade. Ele senta na varanda e deixa a conversa fluir. É uma presença que soma sem apagar a simplicidade regional, que é a alma do filme”, reconhece Marcus.

“Ele é fantástico. Consegue ir do drama à palhaçaria. Traz o duo que a personagem dele pede: o velho ranzinza e o homem capaz de se transformar”, completa Gleycielli.

O CERRADO

O filme aborda temas urgentes como queimadas, perda de territórios e desmatamento, mas com a delicadeza necessária para o público infantil, segmento prioritário na meta de audiência da produção.

“O tema duro vem com sutileza. As crianças vão entender o sentimento de perder e o de pertencer. E, quando algo pertence a você, você quer cuidar”, explica Gleycielli. Ao fim, o curta reforça que a preservação é um aprendizado coletivo e que cuidar da terra só é possível quando ela é reconhecida como parte de nós.

Na semana passada, a equipe teve uma atividade formativa com Alexandre Lopes, que é doutor em Ciências Sociais e professor de Sociologia do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), no campus de Coxim.

A interação rendeu contribuições fundamentais para reflexão sobre como pensar e construir um audiovisual mais inclusivo.

AUTOESTIMA

A expectativa da equipe é de que o filme leve Coxim para o Brasil e para o mundo por meio de festivais, mas, principalmente, que devolva à cidade a consciência de seu próprio valor.

“Esperamos que Coxim se veja com carinho. Que perceba que suas histórias merecem estar no cinema. ‘Carne Amarela’ é uma celebração da cidade, das suas raízes e da força do Cerrado”, diz Marcus.

Para Gleycielli, a gravação na cidade é também um gesto de retorno. “Eu sou uma Guató de Coxim. Este filme diz muito sobre de onde eu vim e quem sou eu”.

Como uma “semente que rompe a casca”, reforça a diretora, “Carne Amarela” nasce para devolver à cidade o brilho do seu fruto mais resistente.

Aquele que atravessa gerações, que muda o PIB, que alimenta famílias, que resiste ao fogo e que ensina a permanecer. E Coxim, agora, se prepara para ver sua história ganhar corpo, cor, movimento e tela.

O projeto conta com investimento da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), do governo federal, por meio do Ministério da Cultura, operacionalizado pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

"Carne Amarela"

> Direção e roteiro: Gleycielli Nonato Guató;
Direção de produção: Gabriela Lima Ferlin;
> Direção de arte: Maíra Espíndola;
Direção de fotografia: Dafne Alana;
Som direto e edição de mixagem: Laura Cristina;
Produção executiva, assistência de direção e roteiro: Marcus Teles;
Operador de câmera: Gabriel Ribeiro;
Produção de set: Jefley M. Cano;
Elenco: Breno Moroni, Maria Agripina, João da Mata, Elena Vendroscolo, Maria Sonea Domingos;
Trilha sonora original: Gian Markes;
> Edição de imagem e cor: Rafael Viriato;
Microfonista: 4real.wav;
Assistente de produção executiva: Lucas Moura e Guinha Serrou;
Assistente de produção e captação: Robertson Vieira;
Assistente de produção: Carlos Soares;
Assistente de arte: Angela Gabrieli;
2º assistente de direção: Eduardo Henrique;
2ª assistente de fotografia: Lavinia Ribeiro;
Assessoria de imprensa: Lucas Arruda e Aline Lira.

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