Com Louise Cardoso no papel principal, Diogo Vilela no papel do cineasta e amigo Luiz Carlos Lacerda e grande elenco (Tony Ramos, Marieta Severo, Antonio Fagundes, Marcos Palmeira, José Wilker, Carlos Alberto Riccelli, Otávio Augusto e Rômulo Arantes, entre outros nomes), o longa-metragem “Leila Diniz” (1987), de Lacerda, será exibido no segundo encontro do cineclube Cine Mulheres, Glauces e Leilas, hoje, a partir das 18h30min, no Museu da Imagem e do Som (MIS), com entrada franca.
Projeto de extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o Cine Mulheres, como o nome indica, destaca figuras femininas que fizeram a diferença na tela e fora das câmeras por meio de sua arte, opiniões, comportamento e atuação cultural e política.
O primeiro encontro, em setembro, resgatou a trajetória da atriz campo-grandense Glauce Rocha (1930-1971).
Após cada projeção, uma roda de conversa põe em foco tanto a relevância das personagens retratadas nas produções exibidas quanto o que as obras despertam na plateia, dando vez, a julgar pela primeira sessão, a depoimentos pessoais marcados por emoção, cumplicidade e empoderamento.
MULHER ÚNICA
Leila Diniz (1945-1972), a homenageada da vez, já foi descrita como uma mulher única, inexplicável e de estilo próprio. Trata-se de uma das mais lendárias atrizes brasileiras, que militou pela liberdade de expressão e foi considerada subversiva pelo regime militar.
Ela morreu prematuramente, aos 27 anos, em um acidente aéreo em 1972. Em 15 de novembro de 1969, o combativo tabloide carioca “O Pasquim” publicou uma entrevista da atriz, substituindo 71 palavrões por asteriscos.
Foi a deixa para os militares decretarem a censura prévia. Tempos difíceis, mas que parecem nunca ter intimidado Leila em seu afã de ser quem queria ser. O Cine Mulheres, Glauces e Leilas é coordenado pela psicóloga Jacy Curado, professora da UFMS, e propõe um diálogo entre arte, psicologia e comunicação.
SENSIBILIZAÇÃO
O objetivo é “a criação de processos de sensibilização a problemas psicossociais, assim como o empoderamento de grupos vulneráveis e a tomada de consciência das forças e sistemas de opressão, como patriarcado, racismo e sexismo, entre outros”.
O projeto também tem a finalidade de promover a divulgação, a pesquisa e o debate do cinema e da produção audiovisual.
As homenageadas pelo projeto, frisa Jacy, são “grandes mulheres do cinema brasileiro com trajetórias incríveis de emancipação e de resistência no processo de redemocratização do País.
Glauce Rocha, nascida em Campo Grande, uma figura emblemática do cinema brasileiro, e Leila Diniz, nascida em Niterói em 1945, que se tornou um mito da mulher revolucionária, que rompeu tabus e convenções através de suas ideias e, especialmente, de suas atitudes”.
PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL
“Os legados dessas duas atrizes inspiram nosso Cine Mulheres. A relevância desse projeto tem múltiplos destinatários, e o principal seria criar um espaço para mulheres compartilharem suas vivências e experiências de vida.
E a ampliação e fortalecimento das abordagens psicossociais de atendimento à população em uma perspectiva preventiva e de promoção de saúde”, diz a psicóloga. Ao todo, serão projetados 12 filmes no período de 18 meses, escolhidos por uma curadoria de cinema dos membros da equipe do projeto.
“Os temas que vamos abordar serão os que têm uma perspectiva psicossocial, como relacionamentos afetivos, sexualidade, questão racial, desigualdade de gênero, trabalho precário, etarismo, solidão, solitude, solteirice, participação política, democracia, entre outros” afirma Jacy.
A equipe do projeto é composta por membros docentes e estudantes da UFMS dos cursos de Psicologia, Direito, Audiovisual e Jornalismo. As sessões serão realizadas mensalmente na sala de projeção do MIS.
“Como resultado, esperamos produzir novos sentidos para os problemas psicossociais, a partir da cinematografia apresentada, atribuídos pelos participantes. Fortalecer uma metodologia dialógica entre cinema, psicologia e comunicação e a produção de materiais didáticos sobre essa abordagem. E, finalmente, contribuir com a distribuição e a acessibilidade a filmes especializados, nem sempre disponíveis nos circuitos comerciais, para a comunidade acadêmica e externa, especialmente as mulheres”, conclui professora Jacy.
Na sessão do mês passado, foram exibidos o curta “Jardim de Pedra”, de Daphyne Schiffer, e o média-metragem “Glauces: Estudo de Um Rosto”, de Joel Pizzini.
O evento é aberto ao público e a entrada é gratuita. O MIS fica no terceiro andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, nº 559, Centro.








