A Petrobras anunciou o aumento de 5% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), gás de cozinha, no fim do mês passado. Com o aumento e a redução das vendas em 30%, conforme o Sindicato das Micro, Pequenas Empresas e Revendedores Autônomos de GLP, Gás Canalizado e Similares do Estado (Simpergasc-MS), mais de 80 revendedoras já fecharam as portas em Mato Grosso do Sul, em 2020.
De acordo com o presidente do Simpergasc, Vilson de Lima, o aumento na estatal é ruim tanto para revendedores quanto para o consumidor. “Cobrar mais caro pelo botijão de gás num momento de crise economia como esse não nos parece sensato. Gás é produto essencial na vida das pessoas, assim como água e luz. Os revendedores precisam repassar o aumento e isso causa impactos negativos diretos e imediatos no bolso do trabalhador”, disse Lima.
O representante das revendedoras ainda informou que mais de 80 revendedoras já fecharam as portas em Mato Grosso do Sul neste ano. “Com o preço aumentando para nós e somado a queda nas vendas, que é de em média 30% para a maioria das revendas, tem muita gente que fechou as portas no Estado. São mais de 80 revendedoras que fecharam”, salientou Lima.
O Presidente do Sindicato ressaltou ainda que apesar da flexibilidade que os revendedores tem para precificar e comercializar o produto, o aumento acaba afetando a todos e incorporar o aumento é uma necessidade. Desde novembro de 2019, a Petrobras trabalha com um preço único para o GLP no Brasil, sem diferenciar mais os segmentos residencial e industrial e comercial.
MÉDIA DE PREÇOS
O preço médio praticado nesta semana ficou entre R$ 65 e R$ 80, conforme pesquisa realizada pelo Correio do Estado com as revendedoras de Campo Grande. Já o último levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que o preço médio do gás de cozinha em Mato Grosso do Sul, registrado entre os dias 24 e 30 de maio, foi de R$ 71,74.
O menor valor encontrado no Estado foi de R$ 59,99 e o maior valor R$ 95, variação de 58,35%. De acordo com o levantamento, o preço médio se mantém nas últimas quatro semanas. A média registrada entre os dias 3 e 9 de maio foi de R$ 71,64, caiu para R$ 70,14 (entre 17 e 23 de maio) e aumentou novamente na semana passada.
Entre os municípios, o gás de cozinha mais caro é comercializado em Corumbá, o preço médio para o produto entre 24 e 30 de maio foi de R$ 95, conforme levantamento da ANP. Enquanto o menor valor médio é praticado em Ponta Porã, onde o gás custa R$ 69, variando entre R$ 68 e R$ 70
VENDAS
A comercialização do GLP teve um pico nas primeiras semanas de isolamento social, mas depois despencaram. Com o fim de algumas revendedoras, outros locais acabam incorporando mais clientes, de acordo com o presidente do Simpergasc. É o caso do Deivison Silva, que viu as vendas dobrarem no período de pandemia. “Não tenho o que reclamar, a gente tem tido aumento nas vendas. Vendiamos em média de 20 a 30 botijões e estamos vendendo mais de 60 agora”, disse.
Alguns consumidores já perceberam o aumento nos preços do botijão de 13 kg nos últimos meses. A aposentada Maria Aparecida Pinheiro, 62, afirma que compra sempre no mesmo local e viu o preço aumentar 10% entre março e maio. “Em março eu comprei por R$ 61, isso indo buscar no local de revenda. Em maio já paguei R$ 67 no mesmo local e indo buscar”, contextualizou.
DISTRIBUIDORAS
O preço de venda às distribuidoras não é o único determinante do preço final ao consumidor, de acordo com o Simpergasc. A lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, as revisões feitas pela Petrobras podem ou não se refletir no preço final, que incorpora tributos e repasses dos demais agentes do setor de comercialização, como distribuidores e revendedores.
Conforme o levantamento mais recente da ANP, o valor médio repassado pelas distribuidoras em Mato Grosso do Sul, é de R$ 53,86. Com o valor mínimo de R$ 49,96 e o maior patamar chegando a R$ 64,22. Os dados são referentes a semana passada, entre 24 e 30 de maio.