Economia

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Correção do Imposto de Renda poderia isentar 370 mil em MS, estima Sindifisco Nacional

Em 2023 a defasagem acumulada na tabela do IR chega a 148,1%, considerando o indicador oficial da inflação no país

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Em Mato Grosso do Sul, cerca de 370 mil contribuintes poderiam ficar isentos do Imposto de Renda (IR) se a tabela fosse corrigida pelo índice de inflação acumulado nos últimos anos. 

A estimativa é do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal em Mato Grosso do Sul (Sindifisco Nacional MS), com base em levantamento feito pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional) e dados do IBGE.

Segundo a Unafisco Nacional, em 2023 a defasagem acumulada na tabela do IR chega a 148,1% considerando o indicador oficial da inflação no país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1996 e dezembro de 2022. A última correção, que ocorreu parcialmente, foi feita em 2015.

Com a primeira faixa de tributação (7,5%) do IR começando por R$ 1.903,98, quem receber um salário mínimo e meio (considerando o piso mínimo de 2023, R$ 1.302) já estará sujeito ao pagamento do imposto. 

O presidente do Sindifisco Nacional MS, Anderson Novaes, ressaltou que a situação acentua ainda mais a desigualdade social no país, já que o empregado paga proporcionalmente mais imposto do que uma empresa.

Ele aponta que se fosse aplicada a correção monetária acumulada, o valor médio de isenção saltaria para R$ 4,723,77 e que esse ajuste é um compromisso da atual gestão do governo federal.

“Temos um rombo nas contas públicas e aumentar essa faixa de isenção significa renúncia fiscal. Impacta o cofre do governo federal e também dos estados e municípios, que recebem parte desses recursos. Por isso, o Sindifisco Nacional defende uma medida compensatória no projeto de reforma tributária, para serem taxados lucros e dividendos”, explica.

Para demonstrar o agravamento da injustiça fiscal no caso do IR, Novaes lembra que em 1996 a faixa de isenção era equivalente a nove salários mínimos. Ele comentou que nos últimos 24 anos, somente em seis, a correção da tabela foi totalmente corrigida pela inflação, em 2002, 2005, 2006, 2007 e 2009.

Com essa defasagem, a correção deve implicar em uma renúncia fiscal de R$ 184 bilhões para o governo federal.

O presidente do Sindifisco Nacional MS diz que se para o governo a correção representa um problema a ser superado, para a população a medida seria um grande alívio neste período de tentativa de retomada da economia nacional.

Novaes, comenta que no país a medida beneficiária mais de 18 milhões de pessoas. No estado, a estimava é que a correção pode isentar cerca de 370 mil pessoas.

Cálculo

Para fazer esse cálculo, ele considerou dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), de 2021, do IBGE, que apontam que menos de 5% da população do estado tem rendimento mensal para ser tributado se houvesse a correção.

Considerando a população do estado, 2,8 milhões, também conforme o IBGE, isso representaria, 140 mil contribuintes. Descontando essa parcela da população que ainda seria tributada, do número de declarantes em 2022, 513,1 mil no estado — conforme a própria Receita Federal — se chegaria ao número de pessoas que poderiam ser beneficiadas com a medida.
 

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BIOECONOMIA

Estoque de crédito de carbono no Pantanal pode valer R$ 25,2 bilhões

Território para potenciais projetos é de mais de 1,2 milhão de hectares; cruzamento de estudos inéditos mostram que os valores podem variar entre US$ 3,6 mil e US$ 4,7 mil por hectare

10/02/2025 08h30

Há 1,203 milhão de hectares com potencial para desenvolvimento de projetos de créditos de carbono; para comparação, a área representa 1,6 milhão de estádios como o Morenão

Há 1,203 milhão de hectares com potencial para desenvolvimento de projetos de créditos de carbono; para comparação, a área representa 1,6 milhão de estádios como o Morenão Foto: Rodolfo César

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O território pantaneiro, com rica biodiversidade e nível de conservação de mais de 80%, está sendo cotado como um celeiro para fomentar a bioeconomia em Mato Grosso do Sul.

Relatório divulgado neste mês apontou que há 1.203.050,23 hectares com potencial para desenvolvimento de projetos de créditos de carbono. Conforme estimativas, os valores podem passar de R$ 25 bilhões.

A estimativa levantada pelo Correio do Estado leva em consideração que cada hectare de crédito de carbono pode ser comercializado por US$ 3,6 mil. Ao multiplicar os 1,2 milhão de hectares por US$ 3,6 mil, temos um total de US$ 4,391 bilhões (R$ 25,2 bilhões).

Essa área representa mais de 1,6 milhão de estádios como o Morenão com potencial para gerar recursos por meio de soluções baseadas na natureza. Um levantamento publicado em 2023 avaliou que os serviços ambientais fornecidos no bioma chegam a valer R$ 100 bilhões por ano.

A certificação de projetos de créditos de carbono envolve um número grande de metodologias a serem aplicadas, bem como pesquisas científicas e monitoramento da biodiversidade.

Por conta dessa complexidade, a aplicação dos projetos depende de avaliação para viabilidade econômica em propriedades rurais. Por tais motivos, os técnicos avaliam ser muito difícil fechar um valor financeiro para o território.

RELATÓRIO

O Relatório de Oportunidades e Potencialidades do Crédito de Carbono para Proprietários Rurais do Pantanal, divulgado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), entidade que atua na conservação do território há mais de 20 anos, buscou identificar propriedades que têm maior estoque de carbono.

A pesquisa para identificar regiões onde há maior estoque acima do solo foi feita nas 11 sub-regiões do Pantanal, tanto em Mato Grosso do Sul quanto em Mato Grosso.

Conforme o relatório, apontado como inédito para o Pantanal, para identificar as propriedades com maior potencial de projetos de crédito de carbono, houve cruzamento de diferentes plataformas de dados e mapas disponíveis no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em documentos da Atualização Bienal, que envolve o compromisso do Brasil, durante a COP17, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Para o território, projetos desse tipo ainda são uma grande novidade. A base de dados da Verra, maior certificadora de projetos de carbono no mundo, indica que só existe hoje um trabalho desse tipo certificado.

O REDD+ Serra do Amolar, que é executado pelo IHP, teve certificação emitida em 2023, e o anúncio chegou a ser feito pelo governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), e pela titular da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, Rita Mesquita. 

A única certificação dada no Pantanal foi emitida para uma área de 135 mil hectares, onde há reservas particulares de patrimônio natural (RPPN) e propriedades rurais. E, conforme dados não oficiais, já gerou mais de R$ 1 milhão em créditos revertidos em dinheiro.

Há outros projetos registrados na Verra e que tem consulta pública, mas ainda não obtiveram a certificação, por conta de diferentes fatores.

Como matriz econômica, esse tipo de pagamento por serviço ambiental (PSA) também difere completamente da principal fonte de renda da zona rural do Pantanal: a pecuária extensiva. 

“O IHP obteve, em 2023, a primeira certificação de créditos de carbono no Pantanal. Essa solução baseada na natureza representa uma oportunidade real para que proprietários no Pantanal possam ser remunerados diante do trabalho que já é feito para o uso sustentável. Mato Grosso do Sul tem um plano formatado para ser Estado Carbono Neutro até 2030 e já é uma referência em sustentabilidade. Esse estudo vem para assegurar e otimizar esforços”, sugeriu o diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo.

MEDIDAS

O governo do Estado, de fato, vem desenvolvendo uma série de medidas para permitir que a bioeconomia e os PSAs sejam efetivados no Pantanal. Um desses esforços foi a aprovação da Lei do Pantanal, que abre caminho para que a conservação e a manutenção de florestas em pé sejam monetizadas. 

O outro foi a criação do Fundo Pantanal, que hoje já tem R$ 40 milhões a serem destinados para proprietários rurais que tiverem projetos ligados à conservação.

“O Fundo Clima Pantanal é consequência de toda a construção que nós estamos fazendo em relação à Lei do Pantanal, até ações concretas para o bioma. E o fundo é um instrumento que a gente tem para financiar essas ações, com pagamentos de serviços ambientais e todas as ações que envolvem o bioma e seus moradores, pantaneiros, produtores, ribeirinhos, pequenos, médios, grandes”, explicou o governador Eduardo Riedel, em evento que homologou o fundo, no dia 6.

Contudo, para que esse novo mercado seja efetivado nas propriedades rurais do Pantanal, os proprietários precisam decidir entrar no ramo da bioeconomia. Para o IHP, ter um mapa resultado desse relatório, que pode funcionar com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), representa a identificação das regiões exatas onde o potencial de projetos certificados pode ser efetivado.

“Esse estudo inédito visa ampliar a conexão entre propriedades e viabilizar novos projetos que fortalecem a preservação do território”, indicou a secretária-executiva do IHP, Yanna Fernanda.

Em razão das diferentes metodologias que existem para a certificação, ainda não é possível estimar valores exatos que podem ser obtidos nos mais de 1,2 milhão de hectares com potencial. Cada caso precisa ser estudado para haver a efetivação monetária.

O que se tem até hoje é o estudo Subsídios para Pagamento de Serviços Ambientais em Áreas Úmidas: Pantanal, que estimou que R$ 100 bilhões em serviços ambientais são prestados pelo Pantanal à humanidade.

Esse trabalho foi elaborado pelos pesquisadores Fábio Bolzan, Fabio Roque e Rômullo Louzada. Os cálculos foram baseados em outro livro, de autoria de Fábio Bolzan e colaboradores, com o título “Valor Monetário dos Serviços Ecossistêmicos do Pantanal e seu Entorno: Primeiras Aproximações e Perspectivas”. 

Em “Flora e Vegetação do Pantanal”, lançado em 2021, os autores precificam em US$ 3.650,49 o PSA do hectare da região do Planalto e US$ 4.735,76 o hectare da Planície pantaneira, por ano.

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Economia

Famílias estão menos endividadas e mais cautelosas com gastos

Pesquisa da CNC percebeu melhoria no total de pessoas com dívidas

09/02/2025 20h00

Imagem ilustrativa

Imagem ilustrativa Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

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Uma pesquisa conduzida a pedido da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada na última quinta-feira (6), percebeu melhoria no total de famílias endividadas no país, com diminuição para 76,1% em janeiro. O resultado representa uma queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais no comparativo com o mesmo período em 2024.

Uma das brasileiras que conseguiu sair da situação de endividamento foi a professora Danieli Silveira. Para isso, ela diminuiu bastante os gastos, evitou parcelas e buscou fazer compras somente à vista. "É assim que estou me policiando e conscientizando que o consumo saudável é a melhor saída", explica a docente. Ela se percebe, hoje, como alguém que tem suas dívidas controladas, e é certeira ao afirmar: "Não quero passar por isso novamente".

O que ocasionou a situação do tipo "bola de neve" foi o desemprego da professora. “O primeiro vilão foi o cheque especial. Como não tive renda, ele estruturou o pagamento das contas. Quando voltei a ter renda, o rombo negativo nunca dava pra cobrir. Então vieram os cartões de crédito para poder suprir o consumo das necessidades básicas. Um cartão pra pagar outro", contou à Agência Brasil. 

O cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, atingindo 83,9% do total de devedores, valor 3% menor do que o auferido no começo de janeiro. O técnico em logística Cesar (nome fictício) é parte destes endividados, e um dos que não conseguirá pagar suas dívidas. A família teve as contas comprometidas após o afastamento de sua companheira do trabalho para tratamento de um câncer desde o final de 2023. Ela parou de trabalhar como enfermeira no turno da noite, quando recebia um adicional

Eles já tinham financiamento imobiliário e empréstimos, mas começaram a acumular dívidas no cartão de crédito, que foram aumentando. Cesar recorreu ao Procon paulista para negociar os juros, e deve conseguir condições melhores de pagamento já nas próximas semanas. "Vou ser sincero, estou mais preocupado com a saúde mental da minha esposa e da família em geral", conta o técnico, que espera reorganizar as finanças após a renegociação.

Pesquisa 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também apurou se as pessoas conseguirão pagar suas dívidas. Em janeiro deste ano 29,1% das famílias têm dívidas em atraso e 12,7% não conseguirão pagá-las. Em dezembro eram 29,3% e 13%, respectivamente, e em janeiro de 2024 eram 28,3% e 12%. Foi o primeiro recuo na inadimplência desde julho de 2024. 

As dívidas comprometem, em média, 30% da renda das famílias ouvidas. Segundo o estudo este dado é subjetivo, o que indica que as pessoas podem estar menos propensas a realizar gastos,com perspectivas mais conservadoras para o consumo.

As famílias mais vulneráveis, que são aquelas que recebem até 3 salários mínimos, representaram o único grupo pesquisado que teve aumento em suas dívidas,cujo percentual de endividamento aumentou, na comparação com janeiro de 2024 (79,2%) e 18,4% não terão como quitar suas dívidas. O estudo também percebeu que um quinto de todas as famílias com dívidas tem mais da metade de sua renda comprometida.

Mesmo com o resultado positivo dos índices de endividamento e inadimplência a CNC estima que  o endividamento das famílias voltará a crescer durante este ano. Segundo o estudo os percentuais devem começar a subir a partir de março, fechando o ano com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8% inadimplentes. 

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