A área de pastagens em Mato Grosso do Sul corresponde a 28,2 milhões de hectares e deste total, 14 milhões são identificadas com algum estágio de degradação. Conforme pesquisa divulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Territorial), o avanço foi de 55% no intervalo de 2007 a 2014, em decorrência da atividade pecuária bovina.
No entanto, além das pesquisas realizadas pela unidade Embrapa Gado de Corte ao longo de 42 anos de atividade, foi iniciado há dois meses, um projeto de “Mapeamento de níveis de degradação de pastagens do bioma Cerrado, por meio da geotecnologia”, coordenado pelo pesquisador Sérgio Galdino, de Campinas (SP).
“A iniciativa deve apresentar avanços na precisão de informações disponíveis sobre o tema no Brasil, visto que serão utilizadas imagens de satélite com resolução de 30 e 10 metros, referentes a 4.200 amostras”, detalha.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Territorial, no projeto serão priorizados estudos nas pastagens de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins. A metodologia utilizada vai estimar os níveis de degradação e visa apresentar como resultado, mapas com um panorama do estado de conservação das pastagens, por meio da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo).
AVANÇOS MS
De acordo com o chefe-geral interino da Embrapa Gado de Corte, Ronney Robson Mamede, as pesquisas de sistemas produtivos eficazes na recuperação de solos degradados somam 25 anos no Estado e iniciaram pelo sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e mais recentemente (12 anos), a Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF).
“Desde que foram iniciados esses projetos muito se avançou no entendimento sobre a qualidade do solo nos sistemas integrados, a quantidade de matéria orgânica agregada, níveis de nitrogênio e carbono. Enfim foram resultados obtidos a partir das experiências realizadas nesta unidade”, detalha.
Uma pesquisa desenvolvida em 2016 pela Kleffmann Group e com acompanhamento técnico da Embrapa apontou que Mato Grosso do Sul é líder nacional em implantação de ILPF, com dois milhões de hectares, dos 11,5 milhões de hectares existentes em todo Brasil. É um trabalho que já vem contribuindo com a reversão das pastagens degradadas, mas, que precisa de mais incentivo e esclarecimentos para o produtor rural.
Na avaliação da chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento, Lucimara Chiari, é importante lembrar que o sistema ILPF diversifica a atividade, pois equilibra as atividades desenvolvidas nas propriedades rurais. “Uma situação que exemplifica o equilíbrio econômico da propriedade foi o da atual safra de soja no Estado. Quando o produtor perde na lavoura, ainda tem o rebanho e a ‘poupança’ que são as árvores. Esta integração minimiza riscos, melhora qualidade do solo e proporciona maior bem-estar ao animal”, observa.
Lucimara acrescenta que em Mato Grosso do Sul algumas localidades se destacam na adaptação dos sistemas integrados, como é o caso de Maracaju e São Gabriel do Oeste no ILP e a região Sul e do Bolsão, com o ILPF.
“O ILP já demonstra a eficiência ao proporcionar alimento farto e conforto térmico para o animal, além dos resultados positivos das lavouras. Contudo, no ILPF acontece a neutralização das emissões de carbono para a atmosfera”, pontua.
No entendimento da pesquisadora, o aumento da produção pecuária é urgente, tendo em vista o aumento das exportações que crescem cada vez mais. Apesar disso, não se pode deixar em segundo plano, o manejo do solo.
“Temos aqui na unidade, um projeto que propõe a realização de um levantamento detalhado sobre as propriedades degradadas existentes. O intuito é formatar o perfil socioeconômico da região e os responsáveis pela propriedade. Com estas informações, teremos condições de trabalhar melhor as alternativas de reverter o cenário de degradação”, conclui.