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Crédito fácil das fintechs pode aumentar número de endividados e inadimplentes

Juros variam de 23% a 621% ao ano e podem ser mais caros que o dos bancos; em MS, mais de 965 mil estão com nome sujo

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A tecnologia aplicada aos serviços financeiros gera alternativas para pessoas endividadas, mas nem tudo é feito de vantagens. Disponíveis em todo o Brasil, as fintechs de crédito fornecem empréstimos rápidos para pessoas endividadas, e algumas aceitam até negativados. 

Conforme publicado na edição de 10 de outubro do Correio do Estado, Mato Grosso do Sul tinha 965.307 pessoas com o nome sujo até setembro. Já o montante devido pelos sul-mato-grossenses chegava a R$ 4,39 bilhões no mesmo período, conforme informações da Serasa. O crédito fácil das fintechs pode acabar aumentando o valor devido e o número de inadimplentes no Estado. 

Com pouca burocracia, o interessado em contratar empréstimo pode fazer isso pelo próprio celular, e a maioria tem plataformas próprias, nas quais todo o processo de liberação é a feito a distância. Com foco na desburocratização, é possível ter crédito liberado em 24 horas. Levantamento feito pela reportagem mostra que é possível contratar empréstimos pessoais com taxas que partem de 0,79% a 17,90% ao mês. 

As alternativas de prazo variam de acordo com o perfil do empréstimo. É possível encontrar prazos de 3 meses a 240 meses, a depender de valores e garantias envolvidas. 

Segundo o economista Fábio Nogueira, as fintechs são empresas inovadoras que usam a tecnologia para oferecer soluções no mercado financeiro. “Elas têm o objetivo de oferecer recursos financeiros cada vez maiores com baixo custo, pois não precisam de um prédio físico, mas de um ambiente virtual”, define. 

Algumas trabalham como correspondentes bancários, levando serviços dos grandes bancos a locais em que as agências não chegam. Outras duas modalidades de serviços são: Sociedade de Crédito Direto (SCD) e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP). 

A primeira é uma instituição financeira que realiza operações de empréstimo, financiamento e aquisição de direitos creditórios por meio de plataforma eletrônica e com capital próprio. A segunda tem como principal serviço a intermediação financeira, em que recursos financeiros coletados dos credores são direcionados aos devedores. 

Para ter acesso a taxas mais baixas, é necessário que o risco apresentado seja menor. Algumas empresas aceitam carro e imóveis como grarantia, o que derruba as taxas. Um bom score financeiro também age a favor no cálculo. 

FACILITAÇÃO

Por mais que a competição se acirre e a tecnologia facilite a operação desse modelo, nem sempre o crédito é mais barato do que no mercado financeiro tradicional. Conforme o doutor em Economia Michel Constantino, o ambiente de negócios focado na inovação digital fomentou o caminho para o crescimento do crédito rápido. 

“A desregulamentação do mercado financeiro e a transformação digital acelerada na pandemia pelo Banco Central do Brasil [BC] criaram um cenário perfeito para a aumentar o incentivo de abrir startups, e o mercado financeiro foi o que mais aproveitou o momento”, avalia. 

Constantino comenta que os processos fornecidos por essas plataformas facilitam acesso aos nativos digitais, a geração que tem contato com a internet desde a infância. 

“A digitalização dos processos ajuda a alimentar dados e facilita o aprendizado de uso e recursos. Isso faz com que os nativos digitais e as pessoas que estão entrando no mercado digital mergulhem nesse serviço”, afirma. 

Para o economista Marcio Coutinho, apesar da facilidade da contratação, o tomador de empréstimo tem de estar atento ao que diz respeito ao prazo de empréstimo e à taxa de juros. “A pessoa tem que ter um planejamento, tem que ter noção do que está fazendo para não empurrar um problema de hoje para frente”.
Coutinho comenta que toda facilidade cobra um preço do contratante. “Essa facilidade de você tomar crédito por meio de uma tecnologia e não precisar nem sair de casa também tem um custo”.

Constantino também alerta para que haja um equilíbrio. “Como todo serviço financeiro, é necessário um equilíbrio de prioridades e uso de recursos financeiros, seja em finanças físicas, seja virtuais”, resume. 

Para evitar um mau negócio, o economista Márcio Coutinho aconselha que o primeiro passo é o tomador de crédito ter a real noção da própria capacidade de pagamento e ficar atento à taxa de juros cobrada. “O segundo ponto, na minha opinião, é não fazer empréstimo de longo prazo. Caso contrário, a pessoa vai comprometer parte da renda por muito tempo e, obviamente, o empréstimo imobiliário terá característica diferente”, pondera. 

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EXPANSÃO

Segundo a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), R$ 12,7 bilhões foram concedidos pelas fintechs de crédito em 2021. O volume é quase o dobro do registrado no ano anterior – R$6,5 bilhões – e quase cinco vezes superior ao anotado em 2019, que foi de pouco mais de R$ 2,6 bilhões. 

O estudo feito pela entidade contou com dados de 37 empresas associadas. Até o primeiro trimestre deste ano, existiam 225 fintechs de crédito no Brasil. Desde a regularização do open finance, essas entidades, mediante aprovação, podem consultar score de crédito, o que facilita a prestação do serviço. 

“A portabilidade dos dados dos clientes e a interoperabilidade de garantias e transações possibilitada pelo open finance vão ter um impacto transformacional no crescimento do setor nos próximos anos”, afirma Sandro Reis, presidente da ABCD. 

De acordo com o BC, as fintechs representam menos de 5% do setor de crédito no Brasil. No entanto, isso já é suficiente para que elas reduzam a concentração bancária de 81% para 71% em 10 anos, como afirmou o presidente do Banco Central durante audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor, realizada na Câmara dos Deputados em maio deste ano. 

Segundo o documento, o aquecimento desse segmento só é positivo. “Tal mudança viabiliza maior concorrência e, consequentemente, redução do custo do crédito, o que beneficia a todos”, explica.

4,39 bilhões de reais

O montante devido pelos sul-mato-grossenses chegou a
R$ 4,39 bilhões até setembro.

lote residual

Mais de 4,4 mil receberão restituição do imposto de renda em MS

Consulta ao lote residual foi aberta nesta segunda-feira e pagamento, que totaliza R$ 9,9 milhões, será no dia 30 de dezembro

22/12/2025 16h00

Consulta ao lote residual de restituição do IRPF está aberta e pagamento será no dia 30

Consulta ao lote residual de restituição do IRPF está aberta e pagamento será no dia 30 Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

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O lote residual de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) contemplará 4.471 contribuintes em Mato Grosso do Sul, no valor total de R$ 9.910.578,96.

A consulta foi aberta nesta segunda-feira (22) e o pagamento será feito no dia 30 de dezembro, na conta ou na chave Pix informada na declaração do Imposto de Renda.

Em todo o Brasil, o lote contempla 263.255 contribuintes, que receberão R$ 605,9 milhões em restituições.

Esse lote inclui declarações de 2025 transmitidas fora do prazo, com pendências já regularizadas, além de valores residuais de anos anteriores.

Do total, R$ 309,6 milhões serão destinados a contribuintes com prioridade legal: 5.310 idosos acima de 80 anos, 34.796 entre 60 e 79 anos, 4.087 com alguma deficiência física, mental ou moléstia grave e 11.344 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério

Além dessas, 178.030 restituições serão destinadas a contribuintes que não possuem prioridade legal, mas receberam prioridade por utilizarem a declaração pré-preenchida e/ou por terem optado por receber via PIX. Foram contemplados ainda 29.688 contribuintes não prioritários.

Consulta ao lote residual de restituição do IRPF

A consulta poderá ser feita na página da Receita Federal na internet. Basta o contribuinte clicar em “Meu Imposto de Renda” e, em seguida, no botão “Consultar a Restituição”.

Também é possível fazer a consulta no aplicativo da Receita Federal para tablets e smartphones.

O pagamento da restituição é feito diretamente na conta bancária informada pelo contribuinte na declaração, de forma direta ou por indicação de chave Pix. Se, por algum motivo, o crédito não for realizado (se, por exemplo, a conta foi desativada), os valores ficarão disponíveis para resgate por até um ano no Banco do Brasil.

Nesse caso, o cidadão pode reagendar o crédito dos valores, em seu nome, pelo Portal BB, acessando o endereço www.bb.com.br/irpf, ou ligando para a Central de Relacionamento BB por meio dos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).

Para reagendar, é necessário informar o valor da restituição e o número do recibo da declaração. Após o reagendamento, basta aguardar nova tentativa de crédito.

Caso o contribuinte não resgate o valor de sua restituição no prazo de um ano, deve requerê-lo pelo Portal e-CAC, disponível no site da Receita Federal, acessando o menu Declarações e Demonstrativos, seguido de Meu Imposto de Renda e clicando em “Solicitar restituição não resgatada na rede bancária."

PRIVATIZAÇÃO

TCU mantém travado processo de concessão do Rio Paraguai

Decisão do ministro Benjamin Zymler condiciona a retomada do processo à entrega de estudos completos pelo Ministério de Portos e Aeroportos

22/12/2025 08h00

TCU

TCU Divulgação

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O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Benjamin Zymler decidiu, na quinta-feira, manter parada por tempo indeterminado a análise do processo na Corte que analisa a concessão do tramo sul da hidrovia do Rio Paraguai. O processo foi suspenso há quase três meses, no dia 24 de setembro.

O ministro vai retomar o exame só quando o Ministério de Portos e Aeroportos apresentar novos estudos técnicos e documentos, bem como as aprovações da concessão pelo Legislativo do Paraguai e da Bolívia.

A decisão foi tomada mesmo após o Ministério encaminhar complementações em outubro e novembro às informações entregues em agosto. A área técnica do TCU, por meio da Unidade de Auditoria Especializada em Infraestrutura Portuária e Ferroviária, avaliou que o material segue incompleto.

Segundo o parecer, “a documentação disponível não atende aos requisitos de completude previstos na IN [Instrução Normativa] TCU nº 81/2018, o que impede o início da contagem do prazo de análise por esta Corte”, citando a necessidade de “documentos complementares e análise de viabilidade incompleta e não consolidada”.

A unidade técnica destacou ainda que, já no envio inicial, o Ministério reconheceu a necessidade de incluir documentos considerados “imprescindíveis” e novas análises nos estudos de viabilidade, “sem, entretanto, indicar prazo”.

Mesmo após novas remessas, persistem “incertezas e lacunas capazes de afetar o conjunto de estudos que dá suporte à licitação”, motivo pelo qual não começou a contagem do prazo de 75 dias para análise do processo.

Em despacho, Zymler detalha que a documentação da concessão foi protocolada no dia 14 de agosto e, no mês seguinte, o Ministério de Portos e Aeroportos solicitou a retirada de peças do processo para “complementar a instrução processual com informações e documentos adicionais considerados indispensáveis”.

A Pasta também informou que os estudos de viabilidade técnica e ambiental ainda seriam objeto de complementação, novamente sem prazo definido.

O pedido ocorreu após a realização de um market sounding, consulta ao mercado que reuniu oito empresas nacionais e estrangeiras e resultou em propostas de alteração do edital.

Diante disso, em 24 de setembro, o relator determinou o “sobrestamento do processo até que o Ministério de Portos e Aeroportos realizasse o envio da documentação completa”.

Em 31 de outubro, o Ministério encaminhou a Nota Técnica nº 28/2025, elaborada pela Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação, com novas informações técnicas. Já em 7 de novembro apresentou uma nova minuta do edital da concessão. Apesar disso, o ministro do TCU apontou que persistem “incertezas do acordo internacional e necessidade de aprovação legislativa (impacto direto nas premissas do projeto)” nos países vizinhos.

Zymler menciona que há tratativas em curso com o Paraguai e indicativos de que a concessão precisará ser submetida ao parlamento paraguaio, “o que pode exigir ajustes no fluxo processual brasileiro para compatibilizar a modelagem às condicionantes diplomáticas e institucionais”.

O relator também cita a existência de uma minuta de acordo internacional em elaboração, com participação do Ministério das Relações Exteriores, ainda não concluída e que deverá passar pelo Legislativo paraguaio e boliviano e pelo Congresso Nacional.

Segundo o despacho, a área técnica avalia que essas definições podem levar à revisão das premissas dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), exigindo ajustes na documentação, na matriz de riscos, na modelagem econômico-financeira e nos instrumentos convocatórios.

TCU

ALTERAÇÕES

Outro ponto crítico levantado foi a inclusão de alterações estruturantes no edital “sem rastreabilidade regulatória suficiente”, evidenciando um descompasso entre o Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A nova minuta, apresentada em novembro, alterou o critério de julgamento para menor tarifa e revogou a restrição à participação da LHG Mining na primeira etapa do leilão.

De acordo com o relator, a versão mais recente do edital não foi acompanhada de manifestação formal da Antaq, órgão legalmente responsável pela elaboração dos editais e dos atos de outorga. “A ausência desse endosso fragilizaria a rastreabilidade e a construção do processo técnico-regulatório exigido”, diz o despacho, que recomenda aguardar o posicionamento da agência para reduzir riscos institucionais.

Também foi apontada a falta de estudo concorrencial atualizado para embasar a cláusula restritiva relativa à LHG Mining. Para Zymler, a lacuna é relevante, pois “restrições concorrenciais são excepcionais e exigem base técnica robusta e atual”.

Com base nesses elementos, o ministro decidiu manter o sobrestamento do processo até que o Ministério apresente “toda a documentação devidamente consolidada e atualizada”, os ajustes bilaterais aprovados pelo Legislativo dos países envolvidos e os estudos concorrenciais atualizados pela Antaq.

Conforme a IN TCU nº 81/2018, o prazo de 75 dias para análise só começa a contar após o recebimento completo de todos os documentos exigidos.

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