A realização do sonho da casa própria fez com que as contratações de financiamentos habitacionais na Caixa Econômica Federal (CEF) batessem recorde em Mato Grosso do Sul no ano passado. O volume de crédito liberado para o setor imobiliário cresceu 189%, atingindo R$ 659 milhões, enquanto que, em 2008, totalizou apenas R$ 228 milhões no Estado. O índice de crescimento em MS foi quase o dobro da média nacional, que ficou em 102% de aumento (veja box). De acordo com a CEF, os recursos beneficiaram mais de 9,8 mil famílias sul-mato- grossenses, totalizando cerca de 39 mil pessoas, que se encaixaram em uma das modalidades de financiamento oferecidas pelo banco. Entre elas, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE); Fundo de Arrendamento Residencial (FAR); Fundo de Desenvolvimento Social (FDS); Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Construcard; e Consórcio Imobiliário. Só o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, foi responsável por 49% das contratações do banco em Mato Grosso do Sul no ano passado. Foram mais de 4,8 mil imóveis comprados através dessa linha, que, segundo Paulo Antunes de Siqueira, superintendente regional da CEF, representa apenas um dos três fatores que alavancaram as contratações em 2009. “Além do programa, tivemos alongamento de prazos e reduções significativas nas taxas de juros. No caso do FGTS, por exemplo, os índices caíram de 6% para 4,5%”, disse. “Outro fator foi o fechamento de parcerias com todos os setores da construção civil, que facilitou e reduziu muito os custos”, completou. O acréscimo nas contratações de financiamentos refletiu-se ainda na geração de empregos, principalmente na construção civil, com o levantamento de novos condomínios. No total, foram criados 61 mil novos postos de trabalho. Minha Casa, Minha Vida O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, foi responsável por quase metade das contratações na CEF no ano passado, e somou R$ 200 milhões em empreendimentos com construtoras. Segundo a corretora de imóveis Camila Alves, de uma empresa de engenharia de Campo, os números expressivos foram motivados pelas facilidades que o programa oferece. Entre os atrativos que alavancaram as contratações pela linha de crédito está o limite de renda do contratante (que é de no máximo 10 salários mínimos). Com isso, o acesso de classes sociais mais baixas a casa própria foi ampliado e mais facilitado. Há ainda subsídios oferecidos pelo governo, que chegam a até R$ 17 mil de desconto no imóvel, dependendo da renda do trabalhador. “As taxas de juros também são chamativas. Neste programa elas foram reduzidas, ficando entre 5% e 8,16% ao ano, enquanto a média é de 12% ao ano”, explica a corretora. O Minha Casa Minha Vida oferece também isenção das tarifas bancárias e parcelas decrescentes, entre outros benefícios. Vantagens que têm atraído muitos dos interessados em adquirir a casa própria, mas que encontram dificuldades em contratar outros tipos de financiamentos. Uma delas é Renata Pasini Chaves, assistente financeira. Ontem ela fechou um contrato habitacional em um dos condomínios do programa, em Campo Grande. “Já tinha tentado outros tipos de financiamentos, mas os juros eram muitos altos para meu orçamento. Ficavam em cerca de 9% ao ano, e neste são de 5% apenas”, explica. Além dos juros mais baixos, Renata conseguiu ainda um subsídio de quase R$ 8 mil, que derrubou o preço do imóvel para R$ 89 mil. Fez o contrato em 30 anos, com parcelas decrescentes e amortização nas mensalidades finais. “Posso pagar a atual de R$ 630 junto com a última que será muito menor, de R$ 280 mais um desconto nos juros. E isso é muito bom”, conta a assistente. “Além disso, não existem aquelas parcelas intermediárias a cada seis meses, geralmente de R$ 2 mil, como em outros contratos”, completa, enumerando as vantagens.