O dólar fechou na mínima em dois anos e meio ante o real nesta sexta-feira, acompanhando a fraqueza da moeda no exterior em meio à alta nos preços do petróleo e perspectivas de ingressos de recursos ao mercado local.
A divisa dos Estados Unidos recuou 0,42 por cento, a 1,645 real na venda. É o menor patamar de encerramento desde 29 de agosto de 2008, quando a cotação ficou em 1,632 real na venda.
A trajetória descendente continuou mesmo após o Banco Central realizar quatro operações de compra de dólares no mercado.
Pela manhã, o BC fez um leilão no segmento a termo e logo em seguida um no mercado à vista, com taxas de corte de 1,6538 real e 1,6464 real, respectivamente.
À tarde, a autoridade monetária comprou novamente no segmento a termo --definindo como corte a taxa de 1,6478 real-- e também em seguida realizou um leilão de aquisição de dólares no segmento à vista --corte de 1,6441 real.
A artilharia do BC, que também tem incluído leilões de swap cambial reverso, encaixa-se na estratégia do governo de frear a valorização do real e proteger os exportadores.
Jason Viera, analista internacional da corretora Cruzeiro do Sul, considera que as atuações do Banco Central têm impedido uma queda mais acentuada do dólar, mas aposta que a tendência para a moeda no curto prazo segue de baixa.
"Se a gente imaginasse um cenário em que o BC estivesse ausente, o dólar estaria na casa de 1,50 real, ou até menos. Não vejo perspectiva de mudança para o dólar no curto prazo, uma vez que também não há expectativa de que o juro nos Estados Unidos vá subir logo", afirmou Jason Vieira, analista internacional da corretora Cruzeiro do Sul.
Para os analistas do banco francês BNP Paribas, a quebra do suporte de 1,65 real abre espaço para mais altas do real.
De acordo com Moacir Marcos Júnior, operador de câmbio da Interbolsa do Brasil, a fraqueza da moeda nesta sessão também é explicada pela alta nos preços do petróleo em Nova York e Londres, o que pressionava a moeda em todo o mundo.
"O petróleo acima dos 100 dólares é ruim para o dólar. Uma vez que os preços da commodity são negociados em dólar, a relação fica inversamente proporcional", comentou.
Os preços do barril em Nova York fecharam acima dos 104 dólares, maior patamar desde setembro de 2008, enquanto o Brent em Londres valia quase 116 dólares o barril.
Tony Volpon, chefe de pesquisa para mercados emergentes nas Américas do Nomura, acredita que o aumento nos preços das commodities têm amparado o real em duas frentes:
"Primeiro porque, na condição de importante exportador de matérias-primas, o Brasil se beneficia dessa alta. Segundo, a piora nas expectativas de inflação levou o Banco Central a iniciar um aperto monetário", escreveu em relatório.
O mercado de câmbio ficará fechado na segunda e terça-feiras devido ao feriado de Carnaval. As operações serão retomadas na quarta-feira, mas a partir do período da tarde.