Economia

HIBERNAÇÃO

Fábrica de fertilizantes paralisa atividades em MS devido a baixo desempenho

Unidades da Heringer Fertilizantes localizada em Dourados e em Sergipe serão colocadas em hibernação, com redução progressiva das operações nos próximos meses

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A Companhia de Fertilizantes Heringer S.A. irá colocar em hibernação duas unidades da empresa no Brasil, sendo uma em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e a outra no estado de Sergipe.

Em fato relevante, a companhia comunicou aos acionistas e ao mercado em geral que a hibernação será realizada de forma gradual, com redução progressiva das operações ao longo dos próximos meses. O comunicado é da última sexta-feira (18).

"A decisão de hibernar as Plantas de Dourados e de RdC [Rosário do Catete] foi tomada levando em consideração o melhor interesse da Companhia, seus acionistas e demais stakeholders, considerando a baixa performance financeira histórica e baixa perspectiva de viabilidade econômica standalone das plantas em questão no atual contexto de mercado, reduzindo assim a necessidade intensiva de CAPEX [despesas de capital] e demais custos operacionais das referidas unidades", diz o fato relevante.

Segundo a companhia, os volumes até então operados por tais plantas passarão a ser atendidos por outras unidades da Heringer.

Com relação as plantas que terão atividades paralisadas, a companhia informa que avaliará a destinação a ser dada a elas.

Um estudo será realizado para apontar as alternativas de maximização de retorno à Heringer, incluindo a possibilidade de reativação futura, caso haja mudanças nas condições de mercado ou através de venda de ativo por meio de processo competitivo.

"A Companhia manterá o mercado e seus acionistas informados acerca de eventuais desdobramentos relevantes relativos a este assunto", finaliza o comunicado.

Heringer Fertilizantes

Conforme o último balanço divulgado pela companhia, referente ao segundo trimestre de 2024, a Heringer teve prejuízo líquido de R$ 342,97 milhões, o que representa um aumento das perdas na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o saldo ficou negativo em R$ 135,33 milhões      

O balanço de resultados do terceiro trimestre será divulgado no dia 14 de novembro. 

Em fevereiro de 2019, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial (RJ), devido a dívidas de mais de R$ 2 mnilhões.

Na época, como parte de um plano de reestruturação, a empresa colocou em hibernação as unidades de Dourados (MS), Rondonópolis (MT), Três Corações (MG), Uberaba (MG), Rio Verde (GO), Porto Alegre, Rio Grande (RS), Paranaguá (PR) e Rosário do Catete (SE).

As operações de quase todas foram retomadas, mas são mantidas em hibernação duas fábricas, em Porto Alegre e Paranaguá (PR).

Em março de 2022, em comunicado ao mercado, a Fertilizantes Heringer informou que a Justiça concedeu o pedido de encerramento da Recuperação Judicial feito pela companhia, em razão do decurso do prazo de dois anos contados da concessão da RJ e do cumprimento das obrigações assumidas pela empresa no âmbito do plano aprovado.

REAÇÃO

Frigoríficos de MS suspendem vendas para Carrefour, Atacadão e Sam's Club

Mato Grosso do Sul é o quinto maior produtor de carne bovina do Brasil e o quarto maior no ranking de abates

26/11/2024 08h30

Frigoríficos JBS suspenderam as vendas ao grupo Carrefour

Frigoríficos JBS suspenderam as vendas ao grupo Carrefour Foto: Gerson Oliveira

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Os principais frigoríficos de Mato Grosso do Sul acompanharam o movimento nacional e decidiram suspender o fornecimento completo de carne bovina às lojas do grupo Carrefour Brasil, que incluem Atacadão e Sam’s Club. A ação ocorre após a declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, de que a rede na França não venderá mais carne originária do Mercosul, questionando a qualidade e a sustentabilidade dos produtos.

Mato Grosso do Sul é um estratégico na comercialização de carnes tanto no mercado interno quanto no externo. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado tem o quinto maior rebanho do Brasil, com 18,8 milhões de cabeças de gado, e é o quarto maior em abates, com 11% do total nacional, além de ser destaque entre as melhores carnes do mundo. 

Por isso, o movimento – que já afeta mais de 150 lojas no Brasil – conta com o apoio de associações do agronegócio estadual como resposta à postura considerada protecionista da empresa francesa. 

Frigoríficos JBS suspenderam as vendas ao grupo Carrefour

Entre os frigoríficos que aderiram à interrupção estão JBS, Marfrig e Masterboi. Conforme reportagem publicada pelo O Estado de São Paulo, somente a Friboi, marca de carnes bovinas da JBS, responde por 80% do volume fornecido ao grupo de origem francesa. Na rede Atacadão, o fornecimento da marca chega a 100%.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul (Sicadems), Sérgio Capuci, disse em entrevista ao Correio do Estado que, apesar de não haver números concretos sobre a representatividade do volume de vendas ao grupo francês no Estado, é importante que os frigoríficos se posicionem.

“Atacadão e o Carrefour vão sentir os efeitos, porque os grandes frigoríficos não estão entregando mercadoria para eles”, comenta. Segundo Capuci, o que vai acontecer é que o consumidor vai migrar para outros estabelecimentos. 

“Você vai sair para comprar um quilo de carne, se você não achar no Carrefour, Atacadão, você vai em outro mercado. Simplesmente. Esse volume que ia para eles vai para outros grupos. A demanda vai continuar”, ressalta.

O frigorífico JBS não vai se pronunciar sobre o boicote ao grupo Carrefour Brasil. Conforme apurou o Correio do Estado com fontes ligadas aos frigoríficos do grupo J&F, a operação de entrega às marcas Carrefour, Atacadão, Sam’s Club e Walmart foram suspensas desde o fim de semana passado em todo o País.

PRODUTORES

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, reitera que os produtores rurais do Estado acompanham os desdobramentos desde a quarta-feira, repudiando a fala do CEO francês. 

“Apoiamos a atitude dos frigoríficos que desde sexta-feira suspenderam a entrega de carne para o grupo no Brasil. Como disse o ministro da Agricultura [Carlos Fávaro]: se essa carne não serve para a França, então ela também não serve para o Carrefour Brasil”, pontuou.

Bumlai explica que a suspensão de fornecimento de carne para o grupo não deve impactar o setor. “O impacto é zero, porém, a fala política, ideológica, precisamos sim rebater de uma forma enérgica, para que isso não se propague. É preciso que se respeite a carne brasileira, que é produzida de uma das formas mais rigorosas, tanto na questão ambiental quanto sanitária”, disse o presidente da Acrissul.

Para o presidente da Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore (Nelore-MS), Paulo Matos, enquanto não houver uma retratação, a pressão será válida e deve continuar. 

“É para a gente reforçar a importância da gente se impor como potência do mercado da proteína. Nós alimentamos mais de um bilhão de pessoas no mundo, com a melhor qualidade, cumprindo todas as exigências legais e sanitárias”, completa.
 

Bumlai ainda reitera a necessidade de repudiar e esperar que haja uma retratação por parte do Carrefour.

“É isso que estamos esperando com todo o movimento, não só dos produtores, mas dos frigoríficos, da cadeia em geral, para que haja um posicionamento em relação a essa fala”, reforça.

ACORDO

A principal motivação para as declarações do CEO francês e o boicote à produção do Mercosul é que os produtores rurais da Europa são contra o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O receio é de que os produtos agrícolas e pecuários sul-americanos fiquem mais baratos no bloco.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse na manhã de ontem que se sente “feliz” com a reação de frigoríficos brasileiros em suspender o fornecimento de carne ao grupo.

“Não é pelo boicote econômico. O problema é a forma com que o CEO do Carrefour tratou, o primeiro parágrafo da carta, da manifestação dele, que fala com relação à qualidade sanitária das carnes brasileiras, que é inadmissível falar”, afirmou em entrevista à GloboNews. 

O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, corroborou que a ação reflete um posicionamento dos produtores europeus contra o acordo.

“Eles vêm há um tempo sendo contra a assinatura desse acordo. Então eu, a minha avaliação, é que esse acordo realmente não avança por causa da pressão dos agricultores europeus, especialmente os agricultores franceses, que têm feito uma série de protestos”, relata o secretário ao Correio do Estado.

Em nota, o Carrefour Brasil disse lamentar a atual situação e que confia plenamente no setor agropecuário brasileiro: “Reiteramos nosso compromisso com o País, o respeito ao consumidor e a transparência em todas as etapas deste processo. Seguiremos trabalhando para resolver essa situação da melhor forma possível, sempre com o objetivo de atender com qualidade e excelência aos nossos clientes.”

REPERCUSSÃO 

A senadora Tereza Cristina (PP) se manifestou em seu perfil no Instagram, reafirmando que o Brasil é um grande produtor de alimentos de qualidade para o mundo: “Nós produzimos com sustentabilidade, excelência e preço. Seguimos protocolos sanitários rigorosos, garantindo a segurança e a confiança nos nossos produtos”.

Ainda segundo a parlamentar, que é ex-ministra da Agricultura, passou da hora do Brasil se posicionar com os seus produtos agropecuários. “Está na hora de sermos respeitados lá fora”, concluiu.

Como publicado pelo Correio do Estado na edição do dia 22/11, a ação trouxe indignação para toda a cadeia produtiva, dos pecuaristas aos governantes de todo o Brasil.

O governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou que é um “absurdo” a declaração e o boicote à carne nacional: “Esse é o tipo de coisa que a gente quer combater, esses absurdos comerciais que transportam a relação para algo negativo”.

Verruck também destacou que a decisão foi totalmente política, demonstrando uma ação privada de um determinado grupo e estabelecendo restrições comerciais ao Brasil.

“É uma decisão individual que pode gerar [um efeito dominó para] que outras empresas também façam o mesmo, para proteger o mercado europeu. Mas ela é totalmente descabida sob o ponto de vista das relações comerciais e diplomáticas entre os países”, afirmou.

EXPORTAÇÕES

Atualmente, a carne bovina é o terceiro produto da pauta de exportações de Mato Grosso do Sul e representa 11% de tudo que o Estado envia para outros países.
Conforme os dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), de janeiro a outubro, foram enviadas 215,8 mil toneladas de carne bovina do Estado para o exterior – uma alta de 38,3%, ante as 156 mil toneladas embarcadas no mesmo período de 2023.

No comparativo do volume negociado no período, a variação é de 37,3%, considerando que neste ano o volume negociado chegou a US$ 1,014 bilhão, enquanto em nove meses de 2023 foram negociados US$ 738 milhões.
 

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Economia

Vendas do Tesouro Direto têm terceiro maior valor mensal da história

Em setembro, foram vendidos R$ 6,77 bilhões em títulos

25/11/2024 22h00

Vendas do Tesouro Direto têm terceiro maior valor mensal da história

Vendas do Tesouro Direto têm terceiro maior valor mensal da história Agência Brasil

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As vendas de títulos públicos a pessoas físicas pela internet somaram R$ 6,77 bilhões em setembro, divulgou nesta segunda-feira (25) o Tesouro Nacional. É o terceiro maior valor mensal desde a criação do programa, em 2002, só perdendo para agosto deste ano, com vendas de R$ 8,01 bilhões, e para março de 2023, R$ 6,84 bilhões.

Em relação a agosto, as vendas caíram 15,5%. Na comparação com setembro do ano passado, o volume subiu 111,7%. 

Os dados foram divulgados com quase um mês de atraso por causa da greve dos servidores do Tesouro Nacional, que paralisaram a venda de títulos do programa três vezes em menos de um mês.

O principal fator que contribuiu para o alto volume de vendas foi o vencimento de títulos de longo prazo corrigidos pela Taxa Selic (juros básicos da economia), que foram trocados por papéis novos. Em setembro, os resgates de títulos atrelados à Selic, somados aos vencimentos e recompras, totalizaram R$ 5,294 bilhões. As vendas atingiram R$ 3,866 bilhões.

Os títulos mais procurados pelos investidores em setembro foram os vinculados aos juros básicos, cuja participação nas vendas somou 57,1%. Os papéis corrigidos pela inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA), corresponderam a 30% do total, enquanto os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, totalizaram 9,1%.

Destinados ao financiamento de aposentadorias, o Tesouro Renda+, lançado no início de 2023, respondeu por 2,6% das vendas. Criado em agosto do ano passado, o novo título Tesouro Educa+, que pretende financiar uma poupança para o ensino superior, atraiu apenas 1,2% das vendas.

O interesse por papéis vinculados aos juros básicos é justificado pelo alto nível da Taxa Selic. A taxa, que estava em 10,5% ao ano até setembro, foi elevada para 11,25% ao ano. Com a expectativa de novas altas, os papéis continuam atrativos. Os títulos vinculados à inflação também têm atraído os investidores por causa da expectativa de alta da inflação oficial nos próximos meses.

O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 143,12 bilhões no fim de setembro, alta de 1,11% em relação ao mês anterior (R$ 141,55 bilhões), mas alta de 16% em relação a setembro do ano passado (R$ 123,36 bilhões). Essa alta ocorreu porque as vendas superaram os resgates em R$ 582,3 bilhões no último mês.

Investidores

O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a 2.666.035, aumento de 10,9% em 12 meses. Os demais dados, como total de investidores desde a criação do programa, não foram divulgados por causa da greve do Tesouro Nacional.

A utilização do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas de até R$ 5 mil, que correspondeu a 79,2% do total de 812.452 operações de vendas ocorridas em setembro. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 55,7%. O valor médio por operação atingiu R$ 8.333,51, inflado pela troca de títulos corrigidos pela Selic, usado principalmente por quem quer fazer reserva de emergência.

Os investidores estão preferindo papéis de curto prazo. As vendas de títulos de até 5 anos representam 79,1% do total. As operações com prazo entre 5 e 10 anos correspondem a 6,9% do total. Os papéis de mais de 10 anos de prazo representaram 14% das vendas.

O balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Transparente.

Captação de recursos

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar a aplicação e permitir que pessoas físicas pudessem adquirir títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, via internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só precisa pagar uma taxa semestral para a B3, a bolsa de valores brasileira, que tem a custódia dos títulos. Outras informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.

A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, índices de inflação, câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis pré-fixados.

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