Reajuste de valores em Mato Grosso do Sul é o maior da série histórica iniciada em 2020 pela Famasul
Com o anúncio de uma nova fábrica de celulose em Água Clara e outra em Bataguassu, o preço do eucalipto clonado comercializado em forma de árvore em pé com casca fechou fevereiro deste ano a R$ 152,17 por metro cúbico.
Em relação ao levantamento anterior, de novembro do ano passado, houve uma variação de 10,7%. Os números são do departamento técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
Segundo o Boletim Casa Rural – Florestas Plantadas deste mês, após um período de acomodação no mercado de madeira de eucalipto, o preço chegou ao maior valor da série histórica em Mato Grosso do Sul, iniciada em agosto de 2020 pela Famasul. A base para cálculo da valorização do eucalipto é a região situada entre Campo Grande e Três Lagoas.
Com menor disponibilidade de produto para compra, o que contribui para a elevação dos preços, as informações coletadas pelo Boletim Casa Rural indicam que o preço médio da madeira de eucalipto da variedade citriodora teve uma alta de 4,65% em relação à pesquisa realizada em novembro de 2024, fechando fevereiro deste ano a R$ 112,50 por metro cúbico estéreo.
A madeira de eucalipto citriodora é utilizada principalmente para a produção de madeira tratada e é comercializada na modalidade árvore em pé com casca.
VALE DA CELULOSE
Em Mato Grosso do Sul, o cultivo do eucalipto se espalha por 72 municípios, em uma área de pouco mais de 1,45 milhão de hectares. A maior concentração está na região costa leste de Mato Grosso do Sul.
Ribas do Rio Pardo é o município que apresenta a maior área plantada, respondendo por 26,2%, seguido de Três Lagoas e Água Clara, com 20,8% e 11%, respectivamente.
Conforme já publicado pelo Correio do Estado, a região conhecida como Vale da Celulose compreende atualmente os municípios de Água Clara, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Brasilândia, Inocência, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas.
Mato Grosso do Sul já é reconhecido nacionalmente pela alcunha, tendo 24% da produção nacional da commodity, a segunda maior área cultivada de eucalipto e ocupando o primeiro lugar na produção de madeira em tora para papel e celulose. Também é vice-líder em área plantada com árvores, ficando atrás apenas de Minas Gerais.
A cadeia produtiva florestal em MS gera mais de 14,9 mil empregos diretos e 12 mil indiretos e conta com quatro linhas de produção em três fábricas de celulose em operação, já tendo sido anunciada a quarta fábrica (Arauco) e confirmada a quinta (Bracell).
Estão em operação atualmente a Eldorado Celulose e a Suzano, em Três Lagoas, e ainda a unidade da Suzano em Ribas do Rio Pardo, inaugurada ano passado, que é atualmente a maior fábrica de celulose do mundo.
ÁREA PLANTADA
Conforme já publicado pelo Correio do Estado, MS deve chegar à liderança nacional da produção de eucalipto. Impulsionado pela expansão das indústrias, a área plantada de eucalipto deve alcançar 2,7 milhões de hectares até o fim de 2026, atrás apenas de Minas Gerais, que lidera com 2,1 milhões de hectares plantados.
O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, destacou o crescimento exponencial do setor florestal e sua importância para a economia e a sustentabilidade do Estado.
“Estamos chegando agora a 2 milhões de hectares. Contando com esse conjunto de novas indústrias, nós teríamos um Estado de 2,5 milhões de hectares a 2,7 milhões de hectares de floresta”, afirmou Verruck, apontando a expansão impulsionada por novos investimentos da Bracell e da Arauco e a possível duplicação da Eldorado Brasil.
Com a meta de alcançar 2,7 milhões de hectares de eucalipto até 2026, Mato Grosso do Sul está no caminho para superar Minas Gerais e se tornar o maior polo florestal do Brasil.
“Nós acreditamos, inclusive, que a gente agregue ainda mais de 500 mil hectares, ampliando um pouco”, projetou Verruck.
O setor florestal de Mato Grosso do Sul tem crescido acima das expectativas. Conforme publicou o Correio do Estado em julho de 2023, a área de floresta plantada em MS era de 1,4 milhão de hectares, com projeções de alcançar 2 milhões de hectares até 2030, um aumento de 42,8%. No entanto, o ritmo acelerado dos investimentos no Vale da Celulose antecipou essas metas.
Em 2024, conforme dados da Semadesc, o Estado já contava com cerca de 1,6 milhão de hectares de eucalipto, consolidando sua posição como o segundo maior produtor de madeira em tora para papel e celulose do Brasil, com 24% da produção nacional.
EXPORTAÇÕES
Considerando o faturamento, a celulose foi o produto mais exportado por Mato Grosso do Sul no primeiro trimestre deste ano, segundo a Carta de Conjuntura de março de 2025, elaborada pela Semadesc. E o faturamento mais que dobrou: foram US$ 431,9 milhões em 2024, contra US$ 919,6 milhões no primeiro trimestre deste ano – um crescimento de 112,87%.
Entre os principais produtos exportados, a celulose liderou a pauta, representando 36,56% do valor total das exportações. Em seguida, destacou-se a soja, com 25,49% de participação.
Pelo boletim da Famasul, no primeiro bimestre deste ano, a China respondeu por mais de 58% da receita com a exportação dos produtos florestais de Mato Grosso do Sul.
O país asiático importou um volume superior a 634 mil toneladas. O segundo posto foi ocupado pela Itália, com participação de 10,5%, seguida pelos Países Baixos, com 6,6%.
No período, os produtos florestais locais foram exportados para 30 países, gerando uma receita de US$ 577,2 milhões por um volume exportado de pouco mais de 1 milhão de toneladas.
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