Nesta terça-feira (18) foi decretada a liquidação extrajudicial do Banco Master, o que deixará um rombo milionário no Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG). Conforme o balanço mais recente, o Instituto tem R$ 1.427, 697,59 em letras financeiras no banco. O
Essa decisão foi tomada menos de um dia após Grupo Fictor indicar interesse de compra do Banco Master, sendo que em agosto o Conselho Monetário Nacional já havia apertado a instituição pela associação ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), sendo que esse regime agora busca interromper o funcionamento e promover a retirada dela do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Cabe apontar que a decisão pela liquidação extrajudicial é tomada diante de um cenário de insolvência irrecuperável, quando houver comprometimento do patrimônio ou dificuldade de honrar com os devidos compromissos.
Por conta deste Fundo Garantidor, existe a possibilidade de o IMPCG recuperar R$ 250 mil. A aplicação, feita quando a Camilla Nascimento, atual vice-prefeita, presidia o Instituto, foi feita à revelia da opini~~ao de servidores que fazem parte do conselho do Instituto.
Como bem acompanhado pelo Correio do Estado, em abril deste ano os sindicalistas representantes dos professores e odontólogos, entre outros, deliberaram que o dinheiro do IMPCG deveria ser aplicado em instituições públicas ou em bancos mais tradicionais e com menos risco de "quebrarem".
Entretanto, ao contrário do que o comando do Instituto informou, parte do dinheiro, cerca de R$ 1,2 milhão, já estava aplicado no Master, demonstram os balancetes bimestrais aos quais o Correio do Estado teve acesso.
À época desta primeira aplicação, a presidência do IMPCG estava sob responsabilidade de Camila Nascimento (Avante), lançada em 09 de agosto de 2024 como candidata a vice-prefeita na chapa de Adriane Lopes (PP).
Depois da aplicação, servidores públicos municipais passaram a ser "bombardeados" com ofertas de empréstimos consignados e cartões de crédito do chamado Credcesta, oferecido pelo Master.
Em outras palavras, o Banco Master primeiro teria feito caixa com o dinheiro dos servidores e logo em seguida começou a ofertá-lo.
Formada em odontologia, Camilla já foi membro do Conselho Nacional de Entidades de Saúde dos Servidores Públicos (Conessp), certificada pela Secretaria de Previdência do Ministério da Previdência Social para atuar como Dirigente de Regime Próprio (RPPS), alcançando a Certificação Nível ll do Programa Pró-Gestão, contribuindo com a modernização e profissionalização do RPPS.
Ela exerceu cargo como diretora do IMPCG de agosto de 2017 até março de 2024, deixando a cadeira apenas para disputar as eleições de 2024 como vereadora pelo Avante. Durante seu lançamento como vice de Adriane, Camilla foi questionada pela equipe do Correio do Estado sobre o "risco" das aplicações, dizendo que todo seu trabalho em vida pública foi "legal".
Meu lema é legalidade, responsabilidade e transparência e não será diferente nessa posição que me encontro agora. Quem falou isso desconhece todo processo que foi realizado ali dentro. Antes de falar, precisa conhecer. O IMPCG sempre esteve de portas abertas. As atas estão todas à disposição, a contabilidade está toda à disposição. Não tenho receio algum e estou à disposição para responder suas dúvidas", afirmou Camila.
Depois dessas afirmações, porém, a coletiva foi encerrada sob a alegação de que ele tinha outros compromissos.
Ex-vereador, Marcos Tabosa foi nomeado para comandar o IMPCG em fevereiro deste ano, consultado enquanto presidente do Instituto na manhã de hoje (18), porém, até o fechamento da matéria não foi obtido retorno.
Ou seja, feita a aplicação no Master em 2023, por decisão da atual vice-prefeita, esse dinheiro somente pode ser sacado depois de cinco anos.
E, diante da confirmada decadência do Master, este aparece como o segundo calote sofrido pelo IMPCG. Em 2013, com a falência do Banco Rural, o Instituto perdeu em torno de R$50 milhões.
Prejuízo a fundos de MS
Além do Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande, outros dois fundos de pensão de Mato Grosso do Sul também aparecem na lista de "risco de calote" diante iminente falência e da não cobertura do banco pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Também investiram dinheiro no Master, como veio à público através do Jornal Estadão em setembro deste ano, os fundos de pensão dos seguintes municípios:
- Angélica R$ 2 milhões e
- São Gabriel, R$ 3 milhões.
Esse material divulgado em setembro apontava que o IMPCG teria aplicado somente um milhão de reais junto ao Master, sendo que em 2024 o Instituto teve receita de R$515,3 milhões
Apesar de um déficit anual de R$125,5 milhões, o IMPCG é obrigado por legislação federal a destinar parte de seu faturamento a um fundo de reserva, que hoje está na casa dos R$46 milhões.
Quase 90% do valor está em bancos como Caixa, Banco do Brasil, Itaú e Bradesco.
Já era previsto que, diante dos problemas de solvência, investidores que compraram esses títulos corriam o risco de não resgatar o valor investido ou seja, podem levar calote.




