Relatório da consultoria internacional hEDGEpoint Global Markets apontou atraso nos plantios de soja no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Apesar disso, o setor produtivo estadual não acredita em grandes mudanças no cenário e ainda mantém a previsão de supersafra de soja no ciclo 2022/2023.
A preocupação se dá, de acordo com o relatório de consultoria, porque o início da safra passada não foi tão lento quanto o de agora. O boletim Casa Rural, elaborado pelos técnicos da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja) e Sistema Famasul, aponta que o atraso é considerado normal no comparativo com os últimos cinco anos.
Foram semeados 3,158 milhões de hectares dos 3,842 milhões de hectares estimados para a safra 2022/2023 no Estado. A produtividade da safra atual é estimada em 53,44 sacas por hectare. A produção deve chegar a 12,318 milhões de toneladas, a segunda melhor safra da história de MS.
O presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi, explica que as estimativas locais são baseadas nos dados obtidos pelo Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), com informações de satélites cruzadas com a monitoria de técnicos em campo que percorrem o Estado todas as semanas.
“Até o momento, as estimativas seguem as mesmas do início da safra, sendo a produtividade estimada em 53,44 sacas por hectares e a produção de 12,318 milhões de toneladas”, afirma.
A região norte está com o plantio mais avançado em Mato Grosso do Sul, com média de 87,8%, enquanto a região sul está com 83,4%, e a região central com 74,6% de média.
Dobashi frisa que a porcentagem de área plantada na safra 2022/2023 encontra-se inferior em 8,80 pontos porcentuais em relação à safra 2021/2022, para a data de 4 de novembro.
Apesar de o plantio ter sido liberado em setembro, a semeadura normalmente se estende até o fim de novembro. “Não temos problema ao se semear mais tarde, a safra de soja em Mato Grosso Sul dos últimos cinco anos tem sua concentração de plantio entre 16 de setembro e 28 de outubro, quando se concentram 70% do plantio”, detalha o boletim técnico.
Os técnicos ainda destacam no relatório que “a operação de plantio no Estado está sendo executada dentro da média dos últimos 5 anos, e a tendência é de que seja finalizada até o dia 2 de dezembro”.
As condições das lavouras permanecem boas em 100% das áreas, sem ocorrência significativa de insetos-praga.
CLIMA
Dados do relatório da hEDGEpoint Global Markets apontam que o clima novamente preocupa o segmento. Pelo terceiro ano consecutivo, o fenômeno La Niña deve permanecer ativo durante a safra da América do Sul. O fenômeno climático costuma trazer seca para o Sul do Brasil e para a Argentina, configurando-se em um aspecto negativo para a safra nessas regiões.
Certo mesmo é que nos últimos dois anos – ambos com a presença de La Niña – houve recorde de produção no Brasil em 2020/2021 e uma quebra em 2021/2022. O que o relatório diz é que, caso o frio não vá embora, será difícil o Brasil colher 150 milhões de toneladas de soja.
André Dobashi menciona que, no momento, o produtor rural do Estado aguarda por novas precipitações. “As chuvas pausaram, deixando as plantadeiras estacionadas, no aguardo de novas precipitações. A chuva possui uma pequena interferência na evolução do plantio quando comparamos com a última safra. No entanto, é corriqueiro, agora é aguardar maior umidade do solo para retomar a operação”.
O relatório técnico Casa Rural aponta que as condições climáticas futuras indicam chuvas consideráveis para todo o Estado no trimestre de novembro, dezembro e janeiro. A média de precipitação acumulada deve variar de 500 mm a 700 mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A previsão indica a continuidade da La Niña no trimestre e, provavelmente, influenciará nas chuvas que devem ficar abaixo da média histórica, no extremo sul do Estado.
“Vale destacar que, mesmo que o modelo indique condições favoráveis para chuvas abaixo da média histórica, é possível em parte do Estado ocorrer excesso de chuvas, como observado nos meses anteriores”, aponta o boletim técnico.
Na safra 2021/2022, os produtores enfrentaram problemas climáticos que fizeram o resultado ser o menor dos últimos cinco ciclos. Foram retiradas do solo 8,6 milhões de toneladas da oleaginosa, ante projeção de 12,7 milhões de toneladas.
Já no ciclo anterior, 2020/2021, o Estado colheu safra recorde de 13,3 milhões de toneladas de soja.
De acordo com o consultor Vlamir Brandalizze, a chance de chegar a 12,3 milhões de toneladas da oleaginosa, estimadas para este ciclo, são altas.
“A verdade é que este ano as chuvas começaram na época ideal. Nos últimos anos, foi muito difícil fazer o plantio por conta das secas”, diz.