O morador de Campo Grande voltou a sentir no bolso o peso dos alimentos básicos em setembro. O custo da cesta subiu 1,55% na Capital, em relação a agosto, chegando a R$ 780,67, segundo levantamento conjunto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Ainda de acordo com o estudo, o trabalhador que recebe um salário mínimo precisou trabalhar 113 horas e 8 minutos apenas para garantir a alimentação mensal da família, o equivalente a 55,6% da renda líquida. Em agosto, eram 111 horas e 25 minutos e, há um ano, 111 horas e 20 minutos.

Embora Campo Grande tenha registrado uma das maiores elevações entre as capitais, o valor da cesta local ainda está abaixo do das cidades mais caras do País, como São Paulo (R$ 842,26), Porto Alegre (R$ 811,44) e Florianópolis (R$ 811,07).
Entre os 13 produtos da cesta básica, 8 subiram de preço entre agosto e setembro. A variação positiva da cesta campo-grandense foi impulsionada principalmente pelo café em pó, cujo preço subiu 4,32% no mês. A alta internacional do grão, somada à oferta limitada em algumas regiões produtoras, elevou as cotações no varejo.
O óleo de soja também teve aumento expressivo, de 4,46%, influenciado pela maior demanda das indústrias de biodiesel, o que reduziu a oferta para o consumo doméstico.
O leite integral, por sua vez, subiu 2,48% em Campo Grande, acompanhando a entressafra e a redução na produção nas bacias leiteiras da Região Centro-Oeste. Já o pão francês, item essencial nas mesas, teve aumento de 1,62%, refletindo custos de trigo e transporte.
As reduções ficaram por conta da batata (6,96%), arroz (4,75%), açúcar (4%), tomate (3,32%) e feijão (1,04%). No acumulado de 12 meses, o custo da alimentação essencial subiu 9,24% na Capital. Itens como café em pó (69,7%), tomate (49%), óleo de soja (28%) e carne bovina (26%) puxaram a alta. Já produtos como batata (50,5%), arroz-agulhinha (30,1%), banana (10,1%) e feijão-carioca (9%) apresentaram quedas expressivas, o que amenizou o impacto no bolso dos consumidores.
CAPITAIS
Ainda conforme o levantamento, Campo Grande figura entre as 10 capitais brasileiras com o custo mais elevado da cesta básica, de acordo com o levantamento. O valor local supera o de capitais como Curitiba (R$ 755,56), Vitória (R$ 745,01) e Brasília (R$ 719,81).
A situação reflete o peso da logística e da distância dos centros de abastecimento no preço final dos alimentos, além das oscilações climáticas que afetaram a produção de hortifrútis e grãos no Estado ao longo do ano.
De acordo com análises do Dieese, o encarecimento dos alimentos em Campo Grande também está ligado ao aumento do custo de insumos agrícolas e à pressão sobre os preços do café, do óleo e da carne bovina, que subiram em praticamente todas as capitais.
Enquanto o campo-grandense pagou mais caro pela alimentação, o restante do País teve um respiro em setembro. O valor da cesta básica caiu em 22 das 27 capitais brasileiras pesquisadas pelo Dieese e a Conab.
As maiores reduções foram observadas em Fortaleza (6,31%), Palmas (5,91%), Rio Branco (3,16%), São Luís (3,15%) e Teresina (2,63%). Apenas cinco capitais, entre elas Campo Grande, registraram alta.
O estudo também apontou que o trabalhador brasileiro precisou, em média, de 99 horas e 53 minutos para adquirir a cesta em setembro – um tempo menor do que em agosto (101 horas e 31 minutos).
Mesmo com o recuo dos preços, o salário mínimo ideal calculado pelo Dieese para cobrir todas as despesas de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.075,83, ou 4,66 vezes o mínimo oficial de
R$ 1.518,00.
A queda de preços em boa parte das capitais se deve à maior oferta agrícola. O tomate, por exemplo, teve redução em 26 cidades, com destaque para Palmas (47,6%). O arroz caiu em 25 capitais, e o açúcar, em 22. Já o óleo de soja foi o item com maior alta no País, impulsionado pelo uso industrial.
SALÁRIO
Com base na cesta mais cara, que em setembro foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Em setembro deste ano, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.075,83 ou 4,66 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00. Em agosto, o valor necessário era de R$ 7.147,91 e correspondeu a 4,71 vezes o piso mínimo.
Já em setembro de 2024, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.657,55, ou 4,71 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.412,00.


