Através do Diário Oficial, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul oficializou a autorização para a MSGás tomar até R$ 350 milhões em empréstimo, sendo que já há um projeto em vista que não deve consumir nem metade desse novo teto possível.
Importante esclarecer que, antes de compôr a legislação estadual, o Projeto de Lei que altera o limite da Companhia de R$ 70 para R$ 350 milhões contou com a aprovação da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Durante sessão na última quinta-feira (04), os parlamentares da Assembleia Legislativa votaram em segunda discussão o PL 158, que autorização a ampliação do limite da capacidade de financiamento.
Na Casa de Leis em questão, foi ressaltado o prazo que levou para a MSGás ganhar uma atualização na capacidade de financiamentos, já que a última havia sido registrada há 23 anos, ainda em 2022.
Com isso, o texto foi sancionado pelo governador, Eduardo Riedel, e publicado no Diário Oficial hoje (08), permitindo a renovação no teto para contrair empréstimos, financiamentos e firmar convênios com entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.
Ainda, o primeiro parágrafo do segundo artigo da Lei Estadual nº 1.854, de 21 de maio de 1998 - que constitui a sociedade da MSGás -, deixa clara que o valor será atualizado anualmente com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Foco
Apesar do novo teto de R$ 350 milhões, o principal foco da indústria é o trecho de gasoduto que deve se estender entre os municípios de Três Lagoas e Inocência, que deve requerer um investimento de R$ 160 milhões.
A licitação para compra de tubos de aço carbono, saiu no Diário Oficial do Estado (DOE) no dia 30 de junho, pela liberação de R$ 160 milhões, como bem acompanha o Correio do Estado.
Esse projeto deve abastecer a megafábrica da Arauco, distante aproximadamente 350 quilômetros de Campo Grande, erguida às margens do Rio Sucuriú que inclusive batiza o novo projeto da Arauco, que deve entrar em operação ao final de 2027.
Há um empenho na "esteira do contrato com a Arauco", que mostra o intuito da MSGás para viabilizar economicamente o fornecimento de Gás Natural Veicular (GNV), para o transporte pesado e que deve tirar do papel o plano de interiorização do gás natural no Estado.
A Diretora-Presidente da companhia, Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, considera que a parceria entre as partes trata-se justamente de um marco para o setor energético de MS e que a MSGás está preparada para atender à crescente demanda energética do setor florestal.
"Esta é a segunda parceria estratégica firmada no Vale da Celulose, somando-se à parceria com a Suzano, em Ribas do Rio Pardo. Estamos avançando no plano de interiorização do gás natural, com foco também na expansão do GNV para o transporte de carga com os corredores sustentáveis", diz em nota.
Já Fabricio Marti, diretor Técnico e Comercial da MSGás, bem especifica que o contrato representa uma aliança estratégica de longo prazo, pois trata-se de um projeto com investimentos significativos em infraestrutura e capital.
"Reafirmamos nosso compromisso de entregar soluções de alto valor agregado para nossos clientes. A nova fábrica reforça a posição do Estado como polo de desenvolvimento sustentável e inovação industrial, consolidando o Mato Grosso do Sul como o 'Vale da Celulose'".
Gasoduto e megafábrica
Com uma extensão de 125 quilômetros, as obras do gasoduto pelo traçado das rodovias MS-320 e MS-377 devem começar em maio de 2026, a partir da estação localizada na BR-158, em Três Lagoas.
Pelo cronograma interno, tal projeto abre possibilidades para expansão da rede nas regiões de Água Clara, Aparecida do Taboado e Inocência, onde será o ponto de entrega.
Esse projeto da Arauco em Inocência, abastecido com cerca de 400 mil hectares de floresta de eucalipto, tem previsão de produzir eletricidade em larga escala e em um ciclo fechado.
Vale lembrar que somente os alojamentos locais, como abordado pelo Correio do Estado, já consomem 300% mais energia que toda Inocência, conforme revelado por Paulo Roberto dos Santos, diretor-presidente da Energisa MS.
Segundo o diretor, enquanto Inocência consome 2.5 megawatts de energia, só os alojamentos já estão consumindo cerca de 10 megawatts e a fábrica está sendo erguida com base em parâmetros que preveem capacidade de geração superior a 400 MW e aproximadamente 200 MW destinados à demanda de consumo interno.
Cabe lembrar também, conforme publicado no Correio do Estado, que Arauco e o município de Inocência buscaram distância dos operários da megafábrica, uma vez que, contrário ao previsto na concessão da licença de instalação, os trabalhadores estão alojados a cerca de 40 km de distância.
Além disso, os investimentos da Arauco já registraram um salto da ordem de 40% desde o anúncio do empreendimento, indo de US$ 3 bilhões (R$ 16,5 bilhões) na primeira etapa para US$ 4,6 bilhões (R$ 25 bilhões) no projeto Sucuriú
Atualmente Mato Grosso do Sul abriga três fábricas de celulose em atividade, sendo a da Suzano, que está em operação desde 2009 em Três Lagoas, a primeira entre as gigantes do setor.
Na mesma cidade, a Eldorado, do grupo J&F, funciona desde 2012, enquanto a terceira pertence à Suzano e fica em Ribas do Rio Pardo.
E, além do projeto da Arauco em Inocência, existem estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erguida pela Bracell, o que apesar do acordo de confidencialidade, foi também confirmada em nove de abril pelo diretor da Energisa.


