Como forma de evitar a alta volatilidade do preço do álcool combustível, agravada nos últimos meses pela oferta apertada do produto, o País deve criar ainda em 2010 um grande estoque regulador. Para financiar a formação desses estoques, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – deve disponibilizar cerca de R$ 2,5 bilhões, informou à Agência Brasil o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. “A partir de abril ou maio o mercado deve se regularizar e acredita-se que venha a sobrar etanol, mesmo que a demanda de açúcar continue forte e que haja a possibilidade de fazer a estocagem, porque deve haver excesso de produção”, afirmou o ministro. Segundo Stephanes, as chuvas que prejudicaram a colheita e a qualidade da cana-de-açúcar no final de 2009 contribuirão para uma produção recorde este ano. No ano passado, os recursos para estocagem já haviam sido ofertados pelo BNDES, mas não houve sobra de etanol. Na época, o montante era suficiente para financiar o armazenamento de aproximadamente 5 bilhões de litros de combustível, o equivalente a mais de três meses de consumo. “É bom ter essa margem. Neste momento, não é que está faltando álcool, mas como a margem está muito apertada, quando a oferta e a demanda estão extremamente ajustadas, o preço às vezes sobe 20% ou 30%”, afirmou Stephanes. De acordo com Stephanes, os financiamentos para estocagem devem ser liberados apenas no segundo semestre, com a condição de que os preços tenham retornado a um nível adequado, quando na maioria dos estados seja vantajoso abastecer com etanol. Outras medidas que também podem reduzir as oscilações no valor do combustível, segundo o ministro, são a regulação do mercado no sentido de consolidar as compras futuras, com prazos de até dois anos, para que haja uma certa garantia no preço de fornecimento, e a liberação da alíquota para importação de etanol, atualmente em 20%. Importação O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que o governo não descarta a possibilidade de importar etanol dos Estados Unidos para abastecer o mercado brasileiro. “Nós não gostamos da ideia e preferimos arrumar soluções internas. Mas não está descartada a possibilidade”, afirmou o ministro. Segundo ele, a redução do percentual de álcool na composição da gasolina, que começa a valer a partir do começo de fevereiro, já causou um “efeito psicológico” que tem feito a demanda pelo álcool diminuir. O governo, de acordo com Lobão, tem observado uma migração do álcool para a gasolina na hora de o consumidor abastecer. “Há realmente uma redução no consumo. É bom que haja temporariamente um consumo menor, já que a produção foi pequena”, disse o ministro.