Economia

ROTA BIOCEÂNICA

Porto Murtinho sai do isolamento
e vira polo de exportação

Ponte internacional e construção de mais três terminais vão alavancar a economia da região

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Um dos últimos municípios do Estado a ter o acesso pavimentado – em 2003 foi inaugurado o trecho final de asfalto da BR-267, de 213 km -, Porto Murtinho rompe o isolamento histórico para se tornar um dos principais entrepostos comerciais de Mato Grosso do Sul. Ao promover o fomento ao transporte fluvial, como estratégia para escoamento de grãos, o Governo do Estado transformou Murtinho no caminho natural para se chegar ao mercado mundial.

O extremo sudoeste, na fronteira com o Paraguai, saiu da condição de fim de linha para centro de uma rota rodo-fluvial que barateia os custos e potencializa a produção primária de Mato Grosso do Sul no competitivo centro consumidor da Europa e Ásia. Porto Murtinho terá, em breve, quatro portos operando na Hidrovia do Paraguai e, em 2023, será o eixo do corredor bioceânico (Atlântico-Pacífico) por rodovia, com a construção da ponte sobre o Rio Paraguai.

O prefeito da cidade, Derley Delevatti (PSDB), acredita em uma transformação sem precedentes em sua região a médio prazo, beneficiando principalmente a população com a geração de empregos – o fechamento do frigorífico local desempregou centenas de trabalhadores. “O complexo portuário será a nossa redenção”, diz. Delevatti pretende reduzir o ISS (Imposto Sobre Serviços) de 5% para 2% para atrair novos investidores.

MURTINHO É O CAMINHO

Ao retomar o transporte fluvial como estratégia para eliminar os gargalos em logística, o Governo do Estado criou em 2015 o Programa de Estímulo à Exportação ou Importação (Proeip), retirando a obrigatoriedade da paridade de exportação para grãos, isentando-a, na prática, de tarifa. O incentivo fiscal turbinou o escoamento do grão pelo rio e viabilizou o terminal portuário de Murtinho, fechado há dez anos por demandas jurídicas e abandono.

“Isso demonstra que a estratégia deu certo e nossos produtos hoje são competitivos lá fora”, afirmou Jaime Verruck, secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar. “O Governo do Estado apostou em uma política de transporte que mudou a realidade da região. Porto Murtinho hoje atrai novos investimentos em portos e se prepara para se transformar em um grande polo exportador”, acrescentou.

O impulso econômico ao município e o cenário favorável ao agronegócio confirmaram uma tendência mundial: a hidrovia barateia o custo Brasil. A atratividade do Rio Paraguai para os grãos gerou um ganho aos produtores rural. “A saída via Porto Murtinho permite que as empresas de trade paguem hoje até R$ 2,00 a mais por saca em função da redução desse custo logístico. A ideia sempre foi essa e Porto Murtinho nos mostrou isso”, avaliou Verruck.

AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES

Historicamente voltado para o transporte de minérios, via Corumbá e Ladário, a rota fluvial se tornou vital para as tradings que originam grãos em polos de Mato Grosso do Sul. O incremento às exportações de commodities, com a chegada de novos empreendedores em Murtinho, projeta o dobro de cargas saindo pelo rio em 2020 – 1,5 milhão de toneladas -, com perspectivas de quadruplicar esse volume em três anos e importar insumos e combustíveis.

Em 2018, a hidrovia escoou 10% (600 mil toneladas) da safra de soja do Estado. O operador do terminal de Porto Murtinho, o grupo argentino Vicentin, parceiro da Glencore no Paraguai e na Argentina, exportou 460 mil toneladas até o porto de Rosário (Argentina), onde tem uma fábrica de esmagamento de soja. Outras 150 mil toneladas foram escoadas pelo porto da Granel Química, em Ladário. Para 2019, estão contratados mais de 1 milhão de toneladas.

As exportações de commodities pelo rio para o próximo ano terão um incremento expressivo com a entrada em operação, em fevereiro, do porto graneleiro do grupo FV Cereais, com sede em Dourados. O grupo adquiriu uma área fora dos limites do dique de proteção contra enchentes, que circunda Murtinho, e já prepara o terreno para sua construção, com investimento inicial de R$ 50 milhões. O porto terá capacidade de estocagem de 30 mil toneladas.

Município é oportunidade de negócios

“O porto de Murtinho é totalmente viável, abriu uma nova oportunidade de negócios”, afirmou Rúbia Cynara Kuhn, diretora da FV Cereais. “Com o novo porto, temos a perspectiva também de importar fertilizantes da Argentina”, explicou. Segundo ela, o uso da hidrovia elevou o custo-benefício em até R$ 3,50 por saca. “Deixando a soja na indústria ou em Paranaguá (Rio Paraná), o produtor tinha um decréscimo de R$ 1,50 por saca”, finalizou.

A atratividade da hidrovia despertou interesse de outros operadores. A Vicentin projeta ampliar o terminal local, que atingiu sua capacidade máxima, e já trabalha uma projeção de exportar 600 mil toneladas de grãos em 2019. Os grupos argentinos AGD e PTP Group adquiriram áreas próximas ao terminal e um terceiro formalizou interesse em se instalar, com foco na importação de fertilizantes. Somente o PTP Group investirá US$ 76 milhões.

A integração econômica de Mato Grosso do Sul com o mercado latino pelo modal de transporte passa a ser viável também por outro prisma: a Argentina desponta como o maior parceiro comercial do Brasil, depois da China. Somente a FV Cereais, que opera com sete armazéns no Estado, exportou 125 mil toneladas de grãos em 2018 para o país. Tem contratos de 180 mil toneladas até maio, com estimativa de chegar a 250 mil toneladas esse ano. (SA)

Economia

Campo Grande sai na frente e tem a gasolina mais barata de MS

Os dados foram coletados em 53 postos de combustíveis da capital e do interior

20/11/2024 12h30

Campo Grande sai na frente e tem a gasolina mais barata de MS

Campo Grande sai na frente e tem a gasolina mais barata de MS Gerson Oliveira

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O combustível, um produto essencial no dia a dia de muitos cidadãos, pode impactar significativamente o orçamento mensal de um motorista devido às variações de preço. Um levantamento realizado pelo Procon de Mato Grosso do Sul revelou diferenças de 22,98% a 32,25% nos valores médios da gasolina comum e do etanol comum entre as diversas regiões do Estado.

Segundo o Procon/MS , a pesquisa revelou que a maior variação nos preços de combustíveis foi registrada na gasolina comum para pagamentos em dinheiro. Em Campo Grande, o litro custava R$ 5,74, enquanto em Corumbá o valor chegava a R$ 7,05.  

Para pagamentos no cartão de crédito, Campo Grande também apresentou o preço mais baixo, R$ 5,74, enquanto o valor mais alto foi encontrado em Jardim, a R$6,45. Já na modalidade débito, os preços variaram de R$5,74, novamente na Capital, até R$6,45 em Jardim.

No caso do etanol comum pago no dinheiro, a diferença nas bombas pode chegar a 32,35%, variando entre R$3,75 e R$4,96 nos municípios de Campo Grande e Corumbá, respectivamente. No caso dos cartões de débito, as médias são de R$3,75 e R$3,87
no crédito.

Em relação ao diesel S10 comum, as variações foram de R$5,97 e R$7,42, apresentando 24,40%. A aditiva, pode chegar a R$5,89 a R$7,42.

Os dados foram coletados em 53 postos de combustíveis na capital e no interior, como Coxim, Ponta Porã, Três Lagoas, Jardim, Aquidauana e Corumbá.

Confira a tabela de variação e preço completa, abaixo: 

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Tratativas

Gás natural argentino é fundamental para o pleno funcionamento da UFN3

Há a necessidade de aumentar a oferta do gás no País; o transporte via Gasbol é a melhor opção para MS

20/11/2024 09h30

MARCELO VICTOR

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Com o avanço das tratativas para a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3), outra preocupação é o aumento da oferta do gás natural, matéria-prima da fábrica de fertilizantes. O acordo firmado entre os governos do Brasil e da Argentina para viabilizar a importação do combustível argentino ao País pode ser fundamental para consolidar a produção dos nitrogenados em Mato Grosso do Sul. 

Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de ontem, uma das possibilidades é que o gás natural da região de Vaca Muerta, na Argentina, chegue ao Brasil por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), via Corumbá.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a ampliação da oferta do combustível é essencial para o funcionamento da indústria em Três Lagoas. 

“Temos que aumentar a oferta de gás para atender a UFN3, que serão 2,5 milhões de metros cúbicos diários necessários daqui a dois anos. Claramente tem um grande cenário a ser discutido, e Mato Grosso Sul tem que estar olhando isso de uma maneira muito próxima, de tal forma a ampliar a oferta de gás.

E no curto prazo, o que está mais disponível e com preço mais competitivo é o gás natural argentino. Estamos com o olhar bastante atento, procurando fazer as articulações nacionais e internacionais para que a gente tenha aumento da oferta de gás pelo Gasbol”, explica Verruck ao Correio do Estado.

Algumas rotas estão em estudo para o envio de gás da Argentina ao Brasil. A primeira delas envolve a reversão do fluxo do Gasbol, transportando o gás da Argentina para a Bolívia e, de lá, para o Brasil. 
A segunda opção seria a construção de um gasoduto atravessando o Chaco paraguaio, cuja viabilidade ainda precisa ser estudada. A terceira rota prevê a conexão direta dos gasodutos argentinos com a cidade de Uruguaiana (RS). Outra alternativa seria uma passagem pelo Uruguai. 

Como noticiado pelo Correio do Estado em maio deste ano, o Paraguai avança nas tratativas para uma via alternativa, para construir um novo gasoduto, que conecte os três países – Argentina, Paraguai e Brasil –, e a construção dessa via beneficiaria MS também.

Por fim, também é considerada a possibilidade de transformar o produto em gás natural liquefeito (GNL) para exportação via navios, embora essa opção aumente os custos.

Para Mato Grosso do Sul, a melhor opção seria a reversão do fluxo e o transporte via Gasbol, uma vez que a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o gás natural ocorre na entrada em Corumbá.

“Achamos que é uma boa opção, dado que o Gasbol está ocioso. Ele tem capacidade para 30 milhões de metros cúbicos [diários] e tem passado entre 13 e 15 milhões de m³/dia, quer dizer, uma ociosidade de 50%. E no curto prazo, o que nós consideramos a mais importante para Mato Grosso do Sul seria a reversão do gasoduto. Como a Bolívia não tem sinalizado a ampliação da oferta nem novos investimentos, esse seria o cenário de curto prazo mais adequado, porque teríamos uma oferta de gás mais barato, aumento da arrecadação de ICMS, devido ao aumento do volume, e seria uma excelente opção para atender a UFN3”, avalia Verruck. 

O governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou ontem, durante agenda pública, que pretende trabalhar para que o produto chegue ao País por Mato Grosso do Sul: “Nossa gestão é que essa entrada de gás seja por Mato Grosso do Sul. Nós teríamos muitos ganhos se entrasse por aqui e vamos trabalhar para isso”.

ACORDO

O acordo foi assinado pelos ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Luis Caputo, da Economia da Argentina, durante um evento paralelo à cúpula do G20, no Rio de Janeiro (RJ).

A iniciativa prevê a utilização do gás proveniente de Vaca Muerta, uma das maiores reservas argentinas, para ampliar a oferta e reduzir os custos no mercado brasileiro. 

A operação deve começar já neste ano, com a importação de 2 milhões de m³/dia. O volume será ampliado gradualmente, alcançando 10 milhões de m³ diários em três anos e chegando a 30 milhões de m³/dia até 2030, o equivalente a quase um terço do consumo diário atual no Brasil.

Segundo analistas ouvidos pelo Correio do Estado, isso pode fortalecer a competitividade industrial do Estado, gerando ativos como emprego e renda, além de auxiliar na transição energética.

“Ter um novo país para comprar o gás é importantíssimo, uma vez que a balança comercial do Estado tem quase 90% de importação de gás. Como é um produto internacional, para se trazer, há um custo. Contudo, [ele é] necessário, uma vez que MS necessita desse gás para energia, para empresas. Ou seja, é importantíssimo”, pontua o doutor em Economia Michel Constantino.

O doutor em Administração Leandro Tortosa corrobora que uma das questões mais importantes é a atração de empreendimentos e a segurança energética: “Se a gente tiver energia com uma matriz mais diversificada, com mais opções, como seria nesse caso, e com uma redução de custos, mais investimentos podem ser atraídos para Mato Grosso do Sul”.

FÁBRICA

Como publicado pelo Correio do Estado no mês passado, a aprovação da retomada da obra ocorreu oficialmente em 26 de outubro, data em que o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o retorno das obras da UFN3. A empresa já provisionou R$ 3,5 bilhões e agora vai a mercado em busca de um parceiro.

A expectativa é de que, na fase de construção, a obra deverá empregar 8 mil pessoas, enquanto na fase de operação serão 600 trabalhadores, entre empregados da Petrobras e terceirizados.

O cronograma de obras da empresa tem como prioridade inicial a busca de parceiros no mercado até o primeiro semestre do ano que vem. Os R$ 3,5 bilhões aprovados pela Petrobras significam o provisionamento do valor para que a estatal vá a mercado em busca de contratar parceiros para a conclusão da obra.

A planta de fertilizantes, paralisada em 2014 com 80% das obras concluídas, já conta com R$ 3,9 bilhões investidos no empreendimento.

Inicialmente, o plano era de que as obras fossem finalizadas até 2026, antes do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB). Porém, considerando que o período de construção deverá ser de 12 a 18 meses, o prazo já começa a ficar apertado. 

A unidade será capaz de transformar os 2,5 milhões de m³ de gás natural em 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia por dia.

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