A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou a convocação do embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, e do CEO do Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire, para serem ouvidos. O Senado brasileiro busca uma resposta sobre a declaração do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, de que a carne brasileira não atenderia aos critérios de qualidade francesa.
Em uma entrevista à GloboNews nesta terça-feira, a ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina (PP/MS) alertou que o pedido de desculpas não convenceria os produtores rurais.
"Essa campanha contra a carne brasileira, querendo dizer que nós não seguimos os protocolos, eu acho um pouco ridícula, porque a França faz o controle da entrada desta pequeníssima parcela de carne que ela compra do Brasil", disse a senadora de MS, em entrevista à Globonews.
Ainda na tarde de ontem (26), Alexandre Bompard invejou uma carta de desculpas, elogiando a qualidade da carne brasileira.
"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor"
Mesmo com ambos os lados querendo se reunir novamente, na tarde de ontem (26), um deputado francês comparou a carne brasileira ao lixo durante a votação simbólica no parlamento francês sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia para a compra de carne.
As palavras chegaram rapidamente ao parlamento brasileiro. De acordo com a análise da senadora de MS, Tereza Cristina, as falas do deputado causaram uma escalada ainda maior das tensões entre os dois países e afirmou que a França deve expor sua posição oficial diante do parlamento.
"Deputados de direita e de esquerda disseram que os produtos brasileiros são um lixo e que os franceses não colocam lixo no seu prato. Isso precisa de uma representação. Por isso, quero incluir os dois franceses: o senhor embaixador, com o maior respeito , para que nos informemos qual é a posição da República Francesa, e o CEO do Carrefour, já que o Brasil representa a segunda maior receita do Carrefour global, com 23 bilhões de reais todo ano."
Na visão do presidente da Comissão de Relações Exteriores, Renan Calheiros (MDB/AL), o episódio é lamentável e deve acarretar um prejuízo, o que ele classificou como um 'terror comercial'.
"Não temos elementos suficientes para concluir qual o propósito do mais alto executivo de uma rede internacional de hipermercados ao fazer declarações descabidas, afrontosas e absurdas sobre a qualidade, segurança e confiabilidade da carne brasileira. Não sabemos se a inverdade oculta alvos ocultos, como , por exemplo, um boicote que acabou sendo boicotado pelo próprio mercado."