As Sociedades Limitadas Unipessoais (SLUs), modelo preferido por empreendedores que buscam segurança jurídica e agilidade, destacaram-se no número de empresas abertas em janeiro deste ano em Mato Grosso do Sul.
Conforme balanço da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems), o Estado iniciou 2025 com um salto significativo na abertura de empresas: 1.298 novos negócios foram registrados em janeiro, o que representou um crescimento de 50,5% em relação ao mesmo período de 2024, quando 862 empresas foram criadas.
Os dados revelam ainda que o setor de serviços liderou as aberturas, com 976 empresas, ou seja, 75,1% do total, sendo que o modelo adotado por essas empresas foi o de SLU. Depois aparecem os setores do comércio, com 289 registros (22,2%), e da indústria, com 33 (2,54%).
De acordo com o contador Luzemir Barbosa, a SLU foi introduzida no Brasil pela Lei da Liberdade Econômica em 2019 e permite que um único sócio gerencie o negócio com responsabilidade limitada ao capital social, protegendo patrimônios pessoais.
“As SLUs democratizaram o acesso às estruturas empresariais mais seguras. Antes, a EIRELI exigia um capital mínimo elevado. Com as SLUs, qualquer pessoa pode abrir uma empresa sozinha, sem riscos ao patrimônio pessoal, o que explica parte desse crescimento nas aberturas”, afirmou.
Ele explicou ainda que o modelo SLU é especialmente atraente para serviços porque reúne profissionais liberais, consultores e pequenos prestadores de serviços. “Eles optam pela SLU por sua simplicidade e custo acessível. Além disso, a separação de bens dá confiança para investir”, destaca.
Campo Grande
A capital sul-mato-grossense concentrou 42,6% das novas empresas (554), reforçando seu papel como polo econômico. Porém, cidades como Dourados (147 aberturas), Três Lagoas (74), Ponta Porã (53) e Chapadão do Sul (35) também registraram crescimento, indicando uma interiorização do empreendedorismo.
Para Luzemir Barbosa, o avanço reflete maior acesso à informação e incentivos locais. “Municípios menores estão criando programas de apoio, e a SLU facilita a formalização. Muitos pequenos produtores rurais e comerciantes do interior, por exemplo, estão migrando de MEI {Micro Empreendedor Individual} para SLU para ampliar atividades com menos burocracia”, analisou.
Além da proteção patrimonial, a SLU não exige capital social mínimo e permite escolher entre regimes tributários como o Simples Nacional, vantagens que a tornam acessível para micro e pequenos negócios. “O empreendedor define um capital inicial simbólico, se quiser, e mantém controle total sobre as decisões. Isso reduz conflitos e acelera processos”, assegurou.
O contador alertou, porém, para a necessidade de planejamento. “Ainda há quem abra uma SLU sem definir corretamente o objeto social no contrato ou ignore obrigações municipais, como alvarás. Isso pode gerar multas. A assessoria contábil é essencial para evitar riscos”, reforçou.
O predomínio do setor de serviços (75,1%) reflete tendências nacionais de digitalização e demanda por soluções especializadas. Em Campo Grande, startups, consultorias e empresas de tecnologia estão entre as que mais adotaram a SLU. Já o comércio, segundo colocado (22,2%), inclui desde lojas online até estabelecimentos físicos que buscam expandir com segurança jurídica.