Ainda que o aumento tenha sido de centavos, sendo que o consumidor já esperava a retomada dos tributos federais - que aconteceu sobre gasolina e etanol, R$ 0,47 e R$ 0,02 respectivamente - o impacto deve vir não só para o bolso de quem abastece, mas até mesmo para os governos (federal e estadual).
Edson Lazarotto, diretor executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), é quem aponta esse comentário, frisando que qualquer imposto sempre é impactante nos custos finais de qualquer produto.
"Principalmente no caso da gasolina e etanol que estava zerado , com certeza o consumidor voltará a acender sinal de alerta nesse gasto , e com isso poderemos ter redução de volume de vendas , ruim para todos inclusive para os governos ( federal e estadual ) que deixam de arrecadar mais!", afirma Edson.
Com relação ao aumento que deve chegar ao consumidor, Lazarotto disse ainda não ter uma estimativa.
"Não temos essa informação porque o mercado é livre e depende muito de fatores, como frete, distância entre as cidades e as bases e também das distribuidoras , mas acredito que até final de semana poderemos ter uma noção de como o mercado ficará", disse ao Correio do Estado.
Importante ressaltar que, na tentativa de derrubar o preço nas bombas às vésperas da eleição de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou as alíquotas sobre gasolina e etanol zeradas por oito meses, até a esperada retomada, que aconteceu nesta quarta-feira (1.º de março).
Ainda assim, as alíquotas que subiram permanecem em patamares menores que os de antes da desoneração (até R$ 0,69 para gasolina e R$ 0,24, para o etanol).
No bolso do povo
Abastecendo no posto que fica na esquina das ruas 14 de julho e Fernando Correa da Costa, Aurea de Oliveira, 40 anos, trabalha como faxineira em uma fazenda no interior do Estado.
Ela conta que vem até a Capital poucas vezes no mês, situação da manhã desta quarta-feira, momento esse que aproveita para encher o tanque e usufruir enquanto os preços ainda estão mais baixos.
"Esse aumento já estava previsto. Para a gente é ruim, impacta, mas o jeito é esperar e ir se adequando", diz ela.
Reider Benevides Ferreira, servidor público federal, 45 anos, é outro que aproveita para abastecer na região central, uma vez que trabalha próximo do posto de combustível. Ele conta que, sem qualquer outro imprevisto, usa cerca de dois tanques cheios para rodar em um mês.
"Com certeza vai impactar, porque o orçamento é apertado, então qualquer coisa você tem que tirar de um lado para cobrir o outro. Já era esperado o aumento, porque sabíamos que era até uma questão eleitoreira, agora é se virar, não tem outro jeito", comentou.
Ele revela que o carro é usado para transporte dos filhos, idas ao médico, além de conduzi-lo até o trabalho, o que faz desse um bem essencial e que, na verdade, a economia terá de sair de outros cantos.
Ainda que seja necessário agora recalcular as despesas, como bem destaca Reider, segundo ele, a expectativa é que até o mês de junho a sociedade esteja vivendo perto dos patamares anteriores à alíquota zero.
"A tendência parece que é voltarem gradativamente a cobrar as alíquotas. Acredito que tem até a questão da guerra, pois precisamos ver o preço do petróleo ao nível mundial. Tomara que não chegue", complementa Benevides.
Imposto estadual
Mais recente, o governador, Eduardo Riedel, apontou que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis reduzido deverá se manter em 17%, mesmo com a retomada dos tributos federais.
“Nós mantemos ainda 17% e vamos trabalhar dessa maneira, caso a gente entenda que dentro do planejamento a gente consiga manter o orçamento. O crescimento do estado é que vai possibilitar manutenção de tributos baixos, sem perder capacidade de investimento e de entrega”, confirmou Riedel em coletiva, na manhã desta quarta-feira.
Edson Lazarotto completa pontuando que, as medidas estaduais têm sido categóricas, e devem favorecer os diversos pontos que compõe o setor de combustível.
"Quanto ao ICMS, nosso governador tem demonstrado muito bom senso, comparando com os demais governadores de outros Estados e manteve os percentuais, o que tem ajudado muito a cadeia produtiva do setor e consequentemente o consumidor final".
Vale ressaltar que até mesmo a Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) foi procurada, para comentar os reflexos dos tributos no etanol, porém, até o fechamento da matéria não obtivemos resposta.