Economia

MEDIDAS

Zerar taxa de importação de arroz, soja e milho pode não ter efeito nos preços de alimentos

Mudança realizada pelo governo federal tem o intuito de aumentar a oferta de arroz, milho e soja no mercado interno e reduzir valores ao consumidor

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O governo federal suspendeu a cobrança do imposto de importação da soja, bem como do farelo e do óleo de soja, até 15 de janeiro de 2021. 

A decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) se aplica também à importação de milho, cuja alíquota de importação será zerada até 31 de março de 2021. 

Anteriormente já havia anunciado a mesma decisão para o arroz em casca e beneficiado, com validade até 31 de dezembro deste ano.  

As medidas têm o objetivo de aumentar a oferta dos produtos no mercado interno e assim baratear os alimentos ao consumidor final. 

De acordo com especialistas, a medida pode demorar ou não ter efeito na ponta final da cadeia.  

A economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos de MS (Dieese), Andreia Ferreira, explica que a intenção é que o impacto chegue ao consumidor final. A medida tanto pode demorar a ter o efeito esperado como nem chegar.  

“Em tese vai chegar ao consumidor, mas tem dois pontos a serem analisados: o primeiro é quando e o segundo é o custo do dólar. A moeda americana está muito valorizada ante o real, então estou trazendo um produto de fora que foi produzido e para pagar em dólar. A moeda está cotada a mais de R$ 5,70. Esse que é o ponto, o que adianta zerar o imposto se o dólar está alto desse jeito? Isso estamos falando da cotação do dólar que estamos vendo, mas tem outros custos da importação, tanto do dólar quanto de transporte, taxas aduaneiras e outras coisas embutidas.  Pode até ser que chegue o impacto para o consumidor, mas vai demorar”, analisou.

O consultor de empresas e especialista em mercado exterior, Aldo Barrigosse, reitera que o efeito não é imediato. 

“Os reflexos disso não são imediatos, porque zera o imposto de importação hoje e o reflexo disso vai entrar na próxima importação, no próximo contrato, e até chegar ao consumidor final leva algum tempo. O grande objetivo é diminuir a pressão que existe na inflação”, contextualizou.

Objetivo

O economista Marcio Coutinho analisa que o objetivo do governo ao zerar a alíquota é o aumento da oferta dos produtos no País.

 “A ideia é que esses produtos entrem no Brasil gerando uma oferta maior, fazendo com que o preço interno reduza. O objetivo principal é esse de regular o mercado. O que faz o preço de determinado produto subir é a demanda, se tem muita demanda e pouca oferta, obviamente o preço sobe”, disse.  

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, considera a medida do governo federal salutar. 

“Contudo, na nossa avaliação, o impacto acaba sendo pouco. Por mais que ela tenha efeitos muito pequenos de curto prazo, as importações acabam sendo marginais, talvez até consigamos importar um pouco da Bolívia. No Estado de Mato Grosso do Sul já temos pedido de importação de 100 mil toneladas da Argentina e do Paraguai”, ressaltou.

Barrigosse ainda explica que o auxílio emergencial aumentou a capacidade de compra da população, o que fez aumentar o consumo internamente. Com o produto mais caro, a estratégia do governo em zerar alíquotas é para tentar neutralizar o impacto.  

“Para tentar neutralizar esses aumentos, o governo zerou as taxas de importação fazendo com que os produtos entrem no Brasil de forma mais competitiva. Para que tenhamos uma oferta melhor desse produto. Tudo isso acontece com a soja, com o milho e o arroz, temos uma produção que vai para o mercado internacional”, considerou.  

Consumidor

Para o consumidor, a alta nos preços do arroz e de subprodutos de soja já foi percebida. 

De janeiro a setembro de 2020, o óleo de soja subiu 73% e o arroz aumentou 46%, no comparativo com o mesmo período do ano passado, conforme dados do Dieese.

O especialista em mercado exterior diz que houve aumento do consumo mundial, no caso da soja, assim como o envio das commodities (soja, milho e arroz) ficou mais interessante para o produtor brasileiro em decorrência da alta do dólar.  

“Se aumenta o consumo, a oferta basicamente é a mesma, porque você não consegue fazer o crescimento [da produção] de um ano para outro de forma exponencial.  E ainda a questão cambial, com a valorização de quase 40%, isso faz com que o produtor brasileiro tenha interesse em vender esse produto para o mercado internacional. Reflexo disso para o consumidor: o óleo de soja, a margarina, todos os subprodutos de soja acabam ficando mais caros para o consumidor. Porque quem produz aqui prefere exportar para ganhar mais, lei da oferta e procura”, disse Barrigosse.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse na quinta-feira (29) que o preço do arroz poderá ser reduzido com a chegada da nova safra, em janeiro. Tereza Cristina explicou que a pandemia da Covid-19 desequilibrou o mercado de grãos em todo o mundo.  

Segundo a ministra, a pandemia provocou aumento no consumo do produto pelos brasileiros e o preço aumentou. Para conter o aumento, o Brasil autorizou a importação da Guiana e do Paraguai para equilibrar o mercado.  

"No mundo houve um desequilíbrio em vários preços dos produtos das commodities. O arroz foi um desses. Nós passamos a comer mais arroz e o auxílio emergencial também provocou o aumento dessa demanda. Nós, em setembro, tiramos o imposto de importação, ele [arroz] parou de subir e hoje tem ligeira queda. Vamos ter nova safra chegando em janeiro e os preços vão reduzir", disse a ministra. 

Economia

Dólar sobe 0,66% e fecha a R$ 5,89 com guerra das tarifas no radar

O dia foi marcado por valorização global da moeda americana.

15/04/2025 23h00

Dólar americano

Dólar americano Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil

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O dólar encerrou a sessão desta terça-feira em alta de 0,66%, a R$ 5,8900, após máxima a R$ 5,9041 no início da tarde. O dia foi marcado por valorização global da moeda americana, dada a postura mais cautelosa dos investidores diante dos desdobramentos da guerra comercial. Além de falta de progressos em acordo com a União Europeia, os EUA sofreram nova retaliação chinesa.

No início dos negócios, a divisa até ensaiou um movimento de queda, com mínima a R$ 5,8340, mas trocou de sinal após as primeiras horas do pregão, em sintonia com o exterior. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY - que recentemente furou o piso do 100,000 pontos, atingindo o menor nível em três anos - hoje voltou a subir, com máxima aos 100,276 pontos.

As taxas dos Treasuries recuaram, em um movimento clássico de busca por proteção em momento de aversão ao risco. Podem ter ocorrido também compras táticas, após a desvalorização expressiva dos papéis. No tumulto provocado pelo tarifaço de Trump, investidores haviam vendido Treasuries, com aumento de prêmio de risco relacionado aos EUA e temores de que a China de desfizesse dos títulos de forma agressiva.

"O dólar sobe com esse clima de incerteza em relação às tarifas de Trump. A China aumentou a retaliação contra os EUA, deixando de receber aviões produzidos pela Boeing", afirma o especialista Davi Lelis, da Valor Investimentos. "Moedas emergentes são muito mais vulneráveis a choques externos. Vamos ter ainda muita volatilidade com essa perspectiva de mudanças das cadeias globais de produção por conta das tarifas."

A China ordenou que companhias áreas locais deixassem de receber aeronaves da Boeing, como retaliação a tarifas de 145% impostas peles EUA a produtos do gigantes asiático. As empresas chinesas também têm que suspender compras de equipamentos e peças para aeronaves fornecidos por empresas americanas, segundo informação da Bloomberg.

Em publicação na rede social Truth Social, Donald Trump acusou a China de renegar acordos comerciais com agricultores americanos e com a Boeing. O presidente do EUA disse que os chineses foram "brutais" com o setor agrícola, assim como estão sendo ao não honrar compromissos com a fabricante de aeronaves. Além disso, Trump afirmou que os recursos obtidos com a sobretaxação de importações podem substituir a receita de impostos americanos, em um reforço da agenda protecionista.

À tarde, a secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que mais de 75 países buscaram os Estados Unidos para negociar tarifas. Ela acredita que acordos poderão ser anunciados "muito em breve". Leavitt acrescentou que Trump está aberto a negociações com a China, mas que "a bola está do lado chinês".

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, pondera que, apesar do ambiente marcado por pouco apetite ao risco no exterior, os ativos tanto aqui quanto lá fora já não exibem oscilações tão agudas como as observadas nos primeiros dias do tarifaço de Trump.

"Já vemos a tentativa de um movimento de busca de acomodação, apesar da falta da indefinição sobre as tarifas", afirma Galhardo, que vê possibilidade de que o real possa começar, nos próximos dias, a espelhar também o retorno de ruídos fiscais domésticos, com a apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). "As dúvidas são as fontes de receita para bancar as promessas do governo e ainda cumprir a meta fiscal. Isso faz com que o mercado mantenha posições cambiais defensivas".

Como esperado, o PLDO, divulgado quando o mercado à vista já estava fechado, trouxe meta de superávit primário de 0,25% do PIB para 2026, com a banda de 0,25 ponto porcentual. A previsão é que o governo central alcance superávit primário de R$ 38,2 bilhões no ano.

 

Economia

Ao reduzir pobreza, Bolsa Família melhora PIB do país, diz ministro

Municípios em situação de emergência terão benefício antecipado

15/04/2025 22h00

Ministro Wellington Dias

Ministro Wellington Dias Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, disse nesta terça-feira (15) que os efeitos benéficos do Bolsa Família vão muito além da retirada de dezenas de milhões de pessoas da pobreza, ajudando, ao mesmo tempo, a economia local nos mais diversos municípios, resultando no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Para Wellington Dias, os erros de projeção de crescimento do PIB cometidos pelo mercado, sempre mais pessimista com relação à economia, têm sido uma constante exatamente por não levar em conta os efeitos de políticas públicas, como o Bolsa Família, para a economia.

Segundo ele, o mercado continuará a errar nessas projeções. “Temos tudo para crescer, de novo, entre 3% e 4% em 2025, enquanto o mercado diz que será 1,5%. Digo isso porque é a economia dos mais pobres o que está alavancando o crescimento no Brasil. São esses milhões de pessoas que antes não tinham dinheiro nem para comer, mas agora têm renda de trabalho; ou que ganha um dinheirinho ao se tornar um empreendedor ou com sua produção rural”, argumentou ao associar, de forma direta, saída da pobreza com crescimento econômico.

Colchão de proteção

O ministro disse ainda que as políticas públicas que vêm sendo implementadas pelo governo federal, como seguro desemprego, aposentadoria rural e o próprio Bolsa Família são, na verdade, “um colchão de proteção” que possibilitou, ao Brasil, retirar 33,1 milhões de brasileiros da fome.

“Quando o presidente Lula assumiu, essas pessoas estavam passando fome. Nós já reduzimos [esse índice em] 85%. Este dinheiro que circula na economia no Amazonas, em Brasília, no Rio Grande do Sul, no Piauí e em todas as regiões do Brasil é também um fator para o próprio desenvolvimento do país”, disse.

“A circulação desse dinheiro ali, onde essas pessoas vivem, gera um mercadinho; uma feira; açougue, verdureira; vira salão de beleza. Enfim, gera uma atividade econômica”, completou.

>>IBGE: pobreza e extrema pobreza atingem menor nível no país desde 2012

Antecipação do Bolsa Família

“Tomamos a decisão de antecipar o pagamento para este dia 15, nestes municípios de emergência [devido a enchentes]. Esse pagamento quebra aquele interstício do calendário e paga todo o benefício. Ele é liberado e disponibilizado nas agências da Caixa e na rede autorizada. É uma forma de poder as pessoas ter ali um dinheirinho para esses momentos de grande dificuldade”, disse o ministro, referindo-se a estados do Sul e do Norte, além do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Paraná.

Segundo o ministro, há casos em que essa situação de emergência é em razão de seca, em especial no Nordeste, como é o caso do Piauí e Ceará. A antecipação visa, também, fazer com que as pessoas passem o feriado de Páscoa com o benefício já no bolso.

Mudança de critérios
Dias criticou algumas manifestações preconceituosas com relação ao programa. Essas críticas partiriam da premissa de que o Bolsa Família supostamente desestimularia os beneficiários a buscarem outras fontes de renda, como empregos.

“Até entendo [essas críticas, quando feitas por] pessoas que não passaram fome ou que não conviveram de perto com quem já viveu a fome”, disse o ministro. “A questão é que quem passa fome não tem disposição para outra coisa a não ser ir atrás de comida. A ponto de se submeter a situações constrangedoras”, acrescentou ao afirmar que, entre as consequências maléficas da fome, está a prostituição e “pessoas que se dispõem a dedicar um dia inteiro de serviço por um prato de comida”.

A fim de garantir que o programa cumpra a função de ajudar as pessoas a superarem a pobreza, Wellington Dias disse que algumas mudanças profundas foram implementadas a partir de 2023, inclusive possibilitando que o benefício não seja cancelado imediatamente, após o beneficiário ter sua carteira de trabalho assinada.

“Ter a carteira assinada não pode ser critério para cancelar benefício, uma vez que o objetivo é alcançar a superação da pobreza. Havia um medo [entre os beneficiários] de, quando alcançar uma determinada renda, deixar de receber o Bolsa Família. Isso porque, tinha uma fila do tamanho do mundo [para, posteriormente, caso perca o emprego, se retornar ao Bolsa Família]”.

“Alteramos isso. Agora quem entra no cadastro único do Bolsa Família só sai para cima, através de uma renda de superação da pobreza. E se perde essa renda, volta automaticamente ao programa”, completou.

Sazonais e empreendedores
Dias lembrou que as mudanças que vêm sendo implementadas no programa está atenta à situação dos trabalhadores que prestam serviços de modo sazonal, de forma a evitar que alguma renda extra temporária resulte no fim do benefício.

“Sabemos que tem aquelas pessoas que, em um mês de trabalho apenas, recebe um salário mais elevado do que o primeiro, e acaba saindo por conta do salário daquele mês. Para evitar isso, agora a gente divide esse salário por 12 meses. E consideramos a média da renda de 12 meses”, explicou o ministro.

Segundo ele, só com essas modificações o sistema beneficiou 4 milhões de famílias, o que equivale a algo como 10 milhões de pessoas que recebem Bolsa Família e salário.

“Tem também os que estão empreendendo. Quando a renda sobe e chega à faixa de saída da pobreza. Estamos falando aqui de 7 milhões de pessoas que, nesse instante, estão trabalhando e recebendo o Bolsa Família. Foram 16,5 milhões de brasileiros que passaram a trabalhar [empreendendo], além dos muitos com emprego sazonal”.

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