Depois de três jogadores lesionados nas primeiras partidas e dois cortados para o resto da Copa do Mundo do Catar, a seleção brasileira enfim teve uma boa notícia. Para a partida das oitavas de final, hoje (5), contra a Coreia do Sul, às 15h (de MS), no estádio 974, em Doha, o Brasil terá o retorno de Neymar e Danilo.
Durante coletiva de imprensa, ontem (4), o técnico Tite afirmou que treinar era a condição para que Neymar enfrentasse a Coreia do Sul. O treinador, que não costuma confirmar a escalação, garantiu a presença do craque.
“Quando eu não quero falar, digo. Então, ele [Neymar] vai treinar hoje à tarde. Se treinar bem, vai para o jogo. Os outros 10 eu não escalo”, disse.
O camisa 10, que sofreu lesão no tornozelo direito na estreia, contra a Sérvia, era o retorno mais esperado. Neymar fez tratamento em três períodos, nem sequer foi ao estádio na vitória sobre a Suíça e fez crioterapia, tratamento que usa nitrogênio para resfriar o corpo, para acelerar a recuperação.
O jogador estava otimista de de que voltaria nas oitavas de final, depois temeu não jogar. Enfim, recebeu a notícia de que poderia retornar aos treinos com bola.
Sem ele, a equipe bateu a Suíça e perdeu para Camarões. Desde 1998 o Brasil não era derrotado em uma partida da fase de grupos da Copa do Mundo.
Consciente de que era o nome mais esperado, Neymar foi o último a entrar em campo neste domingo. A imprensa foi liberada para acompanhar os primeiros 15 minutos.
O jogador participou do bobinho, correu sem restrição aparente e se divertiu com algo que ouviu de Thiago Silva, o mesmo zagueiro que pouco tinha dito que a seleção havia ganhado uma vida nova no Mundial após o revés diante dos africanos.
“Na Copa de 2010, eu perdi um jogo e fui para casa. Em 2014, perdi um jogo e fui para casa. Em 2018, perdi um jogo e fui para casa. Em 2022, perdi um jogo e estou aqui nas oitavas de final. Dificilmente a gente tem outra oportunidade na Copa do Mundo. Agora teremos e vamos aproveitar”, disse o defensor, capitão nas duas primeiras partidas.
Ele se referiu às derrotas nas quartas de final na África do Sul para a Holanda e na Rússia para a Bélgica e no 7 a 1 contra a Alemanha no Mineirão, pela semifinal.
Depois da roda de bobinho, Neymar participou de atividade de arranque em zigue-zague. Todos estavam presentes, mas o preparador físico Fabio Mahseredjian gritou o nome apenas do atacante, querendo seu empenho máximo.
Como forma de garantir que estava tudo bem, Neymar reagiu com o mesmo esforço dos outros.
É um alívio para a torcida brasileira e para Tite. Mas não se compara ao que Neymar sente. É a terceira Copa do Mundo em que ele sofre com problemas físicos ou de lesão. Sua campanha em 2014 foi interrompida pela lesão na coluna nas quartas de final diante da Colômbia. Na Rússia, em 2018, chegou ainda em recuperação de fissura no metatarso do pé direito.
Lesões se tornaram um drama para o Brasil no Catar. Antes do Mundial, Tite não pôde convocar Guilherme Arana, que passou por cirurgia no joelho. Já em Doha, teve as contusões de Neymar, Danilo (tornozelo) e Alex Sandro (sobrecarga muscular na perna).
Gabriel Jesus e Alex Telles (joelho) não vão mais jogar na Copa e não podem ser substituídos por novos convocados. Isso significa que a seleção vai até o fim do torneio com apenas 24 inscritos.
Neymar não será a única novidade. Danilo também está recuperado e vai jogar, porém não do lado direito, função em que se sente mais confortável. Vai na esquerda para suprir as ausências de Alex Sandro (ainda vetado) e Alex Telles.
“Jogo nas duas laterais, no meio-campo e como zagueiro. Em todas as posições me sinto bem confortável”, disse Danilo em entrevista à Folha neste ano. Ele terá a chance de mostrar isso nesta segunda-feira com a camisa amarela.
Isso faz com que Tite coloque atletas fora de seus papéis de origem nas duas alas. Na direita, com o deslocamento do titular Danilo para o lado canhoto, o zagueiro Militão será escalado. Daniel Alves foi a escolha contra Camarões, partida em que o treinador decidiu colocar os reservas.
A questão física tornou-se um incômodo e Tite se irritou com notícias de que a comissão técnica sabia que Gabriel Jesus estava com dores no joelho e o escalou mesmo assim, o que o treinador negou.
COREIA DO SUL
Pelo lado dos coreanos, o técnico português Paulo Bento também falou sobre o retorno de Neymar.
“Seríamos hipócritas se disséssemos que seria melhor jogar com o Brasil tendo Neymar do que não tendo. Mas, para ser justo e ser verdadeiro, eu prefiro sempre que os melhores jogadores estejam. E se não estão, que nunca seja por motivo de lesão. Não desejo isso a ninguém. Nós vamos fazer o melhor jogo possível”, declarou.
Na Coreia, o destaque está com a braçadeira de capitão. Heung-min Son, do Tottenham, da Inglaterra, é o principal jogador. Além dele, o centroavante Gue-Sung Cho se destacou durante o Mundial após marcar dois gols contra Gana.
Uma característica da Coreia é usar a visão de jogo e rapidez de raciocínio de Son para surpreender os adversários com saídas velozes da defesa para o ataque. Contra o Brasil, o técnico português deve usar o que tem de melhor no ataque, com Son, Cho e Hwang Hee-Chan, que marcou o gol da vitória contra Portugual.





