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DEMOCRACIA

Bolívia confirma guinada à direita com candidato surpresa no 2º turno

Rodrigo Paz surpreendeu ao se colocar como um outsider durante a campanha e se beneficiou da desconfiança dos bolivianos em relação à classe política

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Dois candidatos de direita irão se enfrentar no 2º turno das eleições presidenciais da Bolívia. Rodrigo Paz Pereira, da chapa de direita Partido Popular Cristão, ficou em primeiro com 32,08% dos votos, enquanto Jorge "Tuto" Quiroga, do Liberdade e Democracia, foi o segundo mais votado com 26,94%.

Mais de 90% dos votos já tinham sido contabilizados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia nos últimos minutos deste domingo, 17, e os números totais devem ser conhecidos em uma semana.

Paz surpreendeu ao se colocar como um outsider durante a campanha e se beneficiou da desconfiança dos bolivianos em relação à classe política. As pesquisas de opinião haviam colocado Quiroga e o candidato Samuel Doria Medina no segundo turno, mas Medina amargou o terceiro lugar, com 19,93%.

As eleições confirmaram a rejeição ao partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS), que governou a Bolívia durante 20 anos, primeiro com Evo Morales e depois com Luis Arce. Andrónico Rodríguez, o principal candidato de esquerda, ficou na quarta colocação, com 8,15%. Já o candidato do MAS, Eduardo del Castillo, terminou a eleição em sexto lugar, com 3,14% dos votos

Segundo a regra eleitoral, um candidato só poderia vencer no 1° turno se tivesse obtido mais de 50% dos votos, ou se tivesse tido 40% dos votos e uma margem mínima de 10 pontos sobre o segundo colocado. O 2° turno das eleições presidenciais bolivianas está marcado para o dia 19 de outubro.

Rodrigo Paz surpreende

Paz, de 57 anos, surpreendeu ao liderar os resultados preliminares neste domingo. Ele não era considerado um dos principais candidatos e aparecia entre a quinta e a sexta posição nas pesquisas.

O candidato presidencial é filho do ex-presidente da Bolívia Jaime Paz, que governou o país entre 1989 e 1993, e nasceu na Espanha, onde a família se exilou durante a ditadura militar de 1964 a 1982.

Ele começou a sua carreira política como deputado e depois foi governador do departamento de Tarija, no sul da Bolívia. Paz é senador e fez uma campanha modesta, com a principal promessa de "varrer a corrupção".

Edman Lara, que acompanha Rodrigo Paz na chapa como candidato a vice-presidente, afirmou em um comício que o apoio que a chapa conseguiu se deve ao fato de saberem ouvir os problemas dos bolivianos.

"Nós tivemos um contato direto com as pessoas, ouvimos o que quer essa Bolívia profunda", disse Lara, um ex-policial que se tornou conhecido por denunciar casos de corrupção nas fileiras da corporação.

Quiroga fica em segundo

O candidato Jorge "Tuto" Quiroga, de 65 anos, também chegou ao segundo turno. Ele começou sua carreira política quando se filiou ao partido Ação Democrática Nacionalista (ADN). Em 1997, foi eleito o vice-presidente mais jovem da história da Bolívia.

Ele sucedeu Hugo Banzer na presidência em 2001 e governou até agosto de 2002. Durante seu curto mandato, Quiroga avançou na elaboração de um plano para a exportação de gás boliviano para os EUA.

Quiroga, que foi candidato quatro vezes nos últimos 20 anos, baseia sua proposta em sete pilares voltados para superar a crise econômica e reativar a produção na Bolívia.

Suas medidas incluem estabilizar a economia por meio de financiamento internacional, uma taxa de câmbio flexível, redução do déficit fiscal e eliminação de subsídios; reativar a indústria do gás, a mineração e a agricultura, com ênfase em biotecnologia e segurança jurídica; fomentar a propriedade individual de terras e ativos produtivos.

Em um comunicado, Quiroga parabenizou a Paz pelo resultado nas eleições e reconheceu os resultados preliminares. "A Bolívia disse ao mundo que queremos viver em uma nação livre, como diz seu hino nacional. É uma noite histórica. Demos um passo gigantesco em direção a um futuro melhor. O país pode ser transformado com o poder do seu voto", apontou o ex-presidente.

Crise

Os bolivianos chegaram ao dia da votação com uma crise econômica e escassez de combustível, que começou em 2014 com a queda na produção de gás e petróleo no país.

O preço dos combustíveis no país segue baixo devido a uma política de subsídios que custam US$ 3 bilhões por ano, enquanto receitas com a venda de gás natural - a maior fonte econômica da Bolívia - despencou por causa da queda do preço no mercado internacional.

Esses fatores têm levado a Bolívia a uma diminuição de suas reservas internacionais e ao aumento do déficit fiscal. A inflação do país também aumentou. Segundo a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), o índice este ano é de 15,1% - o pior desde 2008.

As dificuldades da população elevaram a popularidade de candidatos de direita, depois anos em que a política boliviana foi dominada pelo partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS).

Evo Morales e o voto nulo

Evo Morales, ex-líder do MAS e político mais influente das últimas duas décadas, tinha como objetivo voltar à presidência nas eleições nacionais deste ano, após governar a Bolívia entre 2006 e 2019 em três mandatos consecutivos.

No entanto, sua candidatura foi bloqueada pelo Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP), que ratificou que nenhum funcionário público pode buscar uma segunda reeleição, seja de forma contínua ou descontínua.

De Lauca Ñ, no trópico de Chapare (Cochabamba), Morales pediu que se emitisse voto nulo como forma de expressão daqueles que queriam apoiá-lo, mas não podiam devido à sua inelegibilidade.

O ex-presidente apontou que essa ação evidenciaria a falta de legitimidade do processo e enviaria uma mensagem de rejeição a um sistema que, segundo ele, não garante igualdade de condições para todos os candidatos. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esclareceu que os votos nulos ou em branco não afetam a validade do processo.

O apelo de Morales teve eco entre seus seguidores, embora esse grupo tenha diminuído devido à profunda divisão interna do MAS desde o início deste ano. As tensões entre diferentes facções enfraqueceram a coesão do partido e sua capacidade de mobilização.

O pedido de voto nulo de Morales e a baixa popularidade do atual presidente da Bolívia, Luis Arce, deixaram a esquerda sem candidatos competitivos. Andrónico Rodríguez, do partido Aliança Popular, ficou com apenas 8,15% dos votos, em quarto lugar.

Já o candidato do MAS, Eduardo del Castillo, ficou com 3,14%, em sexto. Ele é ex-ministro de Arce, que decidiu não se candidatar. O partido enfrenta divisão interna, com Arce tendo uma briga pública com Morales, que saiu do MAS. (Com agências internacionais).
 

deslizamento de terra

Naufrágio deixa mortos e desaparecidos na Amazônia peruana

Informações iniciais apontam que pelo menos 12 pessoas morreram e em torno de 60 seguiam desaparecidas

02/12/2025 07h29

Naufrágio de duas embarcações de passageiros foi provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali

Naufrágio de duas embarcações de passageiros foi provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali

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Ao menos 12 pessoas morreram e cerca de outras 60 estão desaparecidas após o naufrágio de duas embarcações de passageiros provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali, um dos principais rios da Amazônia peruana, nesta segunda-feira, dia 1º.

Imagens divulgadas pela mídia local mostravam mulheres de mãos dadas com crianças, correndo e chorando às margens do rio; pessoas tentando reanimar sobreviventes do naufrágio que estavam no chão, tossindo água; e, até mesmo sobreviventes saindo do rio por conta própria.

O incidente aconteceu durante a madrugada quando as duas embarcações estavam atracadas. Uma delas foi esmagada durante o deslizamento, enquanto a outra virou devido ao impacto da terra com o rio, que gerou uma "grande onda".

As equipes de resgate informaram que a lista de passageiros se perdeu, então não é possível determinar ao certo quantas pessoas estavam a bordo no momento da tragédia.

Corpos foram encontrados flutuando no rio, alguns a até 3 km do local do acidente, em meio a fortes correntes.

Este não foi o único acidente do tipo ocorrido em 2025. Em maio, uma colisão entre uma embarcação da Marinha peruana e um navio-tanque da petrolífera anglo-francesa Perenco, no rio Amazonas, deixou dois marinheiros mortos e um desaparecido.

Em setembro de 2024, outro acidente ocorreu no mesmo rio Ucayali, após uma embarcação colidir com um tronco submerso, resultando em seis mortos e mais de 80 pessoas resgatadas com vida. Na região do Ucayali, assim como em outras partes da Amazônia peruana, os rios são o meio de transporte mais utilizado devido à falta de estradas. Fonte: Associated Press.
 

dono do mundo

Trump acusa Honduras de 'tentar mudar' o resultado da eleição presidencial

Inicialmente o candidato apoiado por ele estava à frente na contagem, mas depois um dos rivais conseguiu alcançá-lo. A apuração continua

02/12/2025 07h22

"Se conseguirem (mudar os resultados), haverá consequências terríveis!" , escreveu Trump em suas redes sociais

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O presidente dos EUA, Donald Trumpm acusa Honduras de "tentar mudar" os resultados da eleição presidencial do país. Com 57,03% das urnas apuradas e uma diferença de 515 votos, o empresário Nasry Asfura, apoiado pelo republicano, está em empate técnico com o apresentador de televisão Salvador Nasralla. A declaração foi feita na noite desta segunda-feira, 1º, através de sua conta na Truth Social.

A acusação é seguida de um alerta: "Se conseguirem (mudar os resultados), haverá consequências terríveis!" No post, Trump diz ainda que a apuração foi interrompida "abruptamente" quando "apenas 47% dos votos haviam sido contabilizados".

"Centenas de milhares de hondurenhos precisam ter seus votos computados. A democracia precisa prevalecer", continuou. Em Honduras, a contagem é feita manualmente voto a voto.

Mais cedo, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, Ana Paola Hall, pediu "paciência e prudência". "A tranquilidade com que o processo foi conduzido deve ser mantida até o seu término, com a divulgação dos resultados", completou.

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