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ANIMAIS ICÔNICOS

Cientistas dizem que chances de trazer mamute e dodô de volta à vida são baixas

Empresa que tenta técnica para "desextinguir" o gigante peludo, com reconstrução e preenchimento de DNA, anuncia que quer trazer de volta ave extinta desde 1662

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É possível trazer espécies extintas de volta à vida? A pergunta, que soaria como ficção científica há algumas décadas, está cada vez mais próxima da realidade devido ao avanço nos últimos anos de técnicas de edição de DNA e manipulação de embriões em laboratório.

A empresa americana Colossal Biosciences anunciou, em 2021, o desejo de reintroduzir nas estepes de tundra da Sibéria e do Alasca o mamute lanoso (Mammuthus primigenius) que se extinguiu há 10 mil anos, na última Era Glacial.

E conseguiu um esforço considerável para isso: cerca de US$ 15 milhões (ou aproximadamente R$ 78 milhões).

A técnica para "desextinguir" o mamute consiste em fazer a reconstrução de seu DNA com base em fragmentos obtidos nos fósseis congelados e preencher os espaços do genoma com material genético do elefante-asiático (Elephas maximus).

O DNA seria então introduzido em células embrionárias deste animal e o embrião, implantado no útero de uma elefanta. Até o momento, porém, nenhum filhote foi viável.

Agora, a mesma empresa anunciou que quer trazer de volta o dodô (Raphus cucullatus), uma ave que não voa gigante originária das Ilhas Maurício, no oceano Índico, e que foi vista pela última vez em 1662.

O processo de "desextinção" do dodô combinará células primordiais germinativas de pombo com o DNA do dodô recuperado de exemplares presentes em coleções científicas. As células modificadas seriam então introduzidas em um ovo não fecundado onde cresceria o filhote de "dodô-pombo".

Para o ornitólogo Luís Fábio Silveira, professor do Museu de Zoologia da USP, isso é extremamente improvável de dar certo.

"É muito difícil realizar esse procedimento e, além de ter as barreiras do próprio organismo, ninguém nunca viu um ovo de dodô, não temos ideia de qual o seu tamanho."

Silveira lembra que mesmo se houver sucesso em cruzar essa fronteira, o animal nunca será um dodô de fato.

"Obviamente você vai ter um animal que não é um dodô, ou um animal que não é um mamute, mas que são híbridos. O que é legal, porém, é ver o salto de inteligência e investimento tecnológico, principalmente com manipulação genética, que serão muito interessantes."

Testes em curso

Segundo Beth Shapiro, paleogeneticista contratada pela empresa para tocar o projeto do dodô, ainda estão sendo realizados testes para conseguir obter essas células primordiais, mas "a versão final do dodô irá eclodir do pombo geneticamente modificado para ser do tamanho de um dodô, e os ovos serão assim de tamanho adequado".

Em resposta enviada à reportagem, Ben Lamm, um dos cofundadores da empresa, disse que a missão da empresa é reintroduzir na natureza as espécies produzidas no processo de "desextinção" de volta ao seu habitat natural.

Segundo ele, o mamute é importante por ser uma espécie "crítica para o combate dos efeitos das mudanças climáticas", enquanto o dodô é "emblemático porque representa uma espécie que desapareceu devido às mudanças provocadas em seu habitat pelo homem".

Lamm afirmou ainda que os avanços da empresa no processo de "desextinção" podem representar novas ferramentas para corrigir o processo de extinção em algumas circunstâncias.

O CEO da empresa disse também que os avanços tecnológicos em embriologia e manipulação genética podem ajudar na conservação de espécies viventes, como o elefante-asiático, e possíveis aplicações no futuro podem ser feitas para saúde e doenças humanas.

Embora pareça funcionar na teoria, na prática a "desextinção" é criticada por especialistas, que dizem ver no projeto mais publicidade do que ciência de fato.

"São espécies icônicas que carregam um fardo dessa extinção causada pelo homem [no caso do dodô], então é uma tentativa de atrair investimentos", afirma Taissa Rodrigues, paleontóloga e professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

"O que acredito ser mais provável é utilizar essa nova tecnologia para salvar as espécies que estão hoje em dia em risco de extinção."

Um dos pontos levantados é que os animais extintos não dispõem mais de seus habitats naturais (no caso do mamute) ou então sofrerão modificações intensas que os farão parecer com a espécie, mas não serão exatamente iguais ao da espécie natural.

Um argumento para a recriação do mamute divulgado em um vídeo da Colossal é que a "desextinção" pode ajudar a conter o aquecimento global: o permafrost, camada de gelo que recobre a tundra siberiana, sofre com o derretimento por causa do aquecimento global, liberando mais gás metano na atmosfera.

Os mamutes antes ajudavam no controle dessa temperatura por meio do consumo da vegetação e também pelo condensamento do pasto, mantendo a temperatura abaixo de -40°C. "Mas isso é muito mais utópico do que de fato realidade", avalia Rodrigues.

Outro ponto crítico é que os mamutes são animais altamente sociais, assim como os elefantes, e dependem de interações ecológicas que não são possíveis de criar em laboratório.

"Mesmo que o procedimento seja viável, não temos como saber se aqueles comportamentos que são aprendidos pelos filhotes vão estar lá", reflete o ecólogo Gustavo Burin, pós-doutorando do Museu de História Natural de Londres.

Burin também questiona quanto o processo de extinção, que é natural, pode sofrer interferência, positiva ou negativa, da atividade humana.

"O tempo desde a extinção daquela espécie já levou a uma nova adaptação daquela comunidade ou ecossistema. E aí reintroduzir a espécie pode provocar uma mudança na organização daquele habitat com uma espécie que não existe mais."

Há alguns indícios de que os mamutes eram caçados por humanos, mas o fim da Era Glacial acabou provocando efeitos no clima que não possibilitaram a sua existência em diversos locais do mundo.

No caso do dodô, a empresa conseguiu mais de US$ 150 milhões (cerca de R$ 777 milhões) para resgatar uma ave que pode ter sido extinta diretamente por ação humana, pela caça, ou indiretamente, pela introdução de espécies exóticas na ilha e modificação do ecossistema.

Embora existam poucos relatos científicos de como o dodô era em vida, já que foi visto principalmente por marinheiros, acredita-se que a falta de predadores naturais na ilha tenha levado esses animais a serem mais "dóceis".

Mas mesmo características sobre comportamento social e biologia desses animais são escassas, avalia Silveira.

Para Rodrigues, um exemplo de um animal que pode ser mais bem-sucedido na "desextinção" é o lobo-da-tasmânia (também chamado tigre da Tasmânia ou tilacino), visto pela última vez em um zoológico em 1936. Original da Austrália, esse marsupial foi também extinto pela caça.

"O tigre da Tasmânia é mais interessante [trazer de volta] porque existe documentação de comportamento dele em cativeiro, além de ter DNA suficiente de indivíduos em museus. E o habitat dele continua existindo."
Silveira concorda.

"Sabemos que o tilacino foi extinto por caça predatória, e essas técnicas podem ajudar inclusive a melhorar variabilidade genética e manipulação em laboratório para estudos de reprodução com mamíferos e aves em extinção."

De todo modo, trazer espécies extintas de volta à vida pode ser um esforço consideravelmente maior do que o de conservar as espécies atuais que estão em risco de extinção.

 

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deslizamento de terra

Naufrágio deixa mortos e desaparecidos na Amazônia peruana

Informações iniciais apontam que pelo menos 12 pessoas morreram e em torno de 60 seguiam desaparecidas

02/12/2025 07h29

Naufrágio de duas embarcações de passageiros foi provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali

Naufrágio de duas embarcações de passageiros foi provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali

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Ao menos 12 pessoas morreram e cerca de outras 60 estão desaparecidas após o naufrágio de duas embarcações de passageiros provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali, um dos principais rios da Amazônia peruana, nesta segunda-feira, dia 1º.

Imagens divulgadas pela mídia local mostravam mulheres de mãos dadas com crianças, correndo e chorando às margens do rio; pessoas tentando reanimar sobreviventes do naufrágio que estavam no chão, tossindo água; e, até mesmo sobreviventes saindo do rio por conta própria.

O incidente aconteceu durante a madrugada quando as duas embarcações estavam atracadas. Uma delas foi esmagada durante o deslizamento, enquanto a outra virou devido ao impacto da terra com o rio, que gerou uma "grande onda".

As equipes de resgate informaram que a lista de passageiros se perdeu, então não é possível determinar ao certo quantas pessoas estavam a bordo no momento da tragédia.

Corpos foram encontrados flutuando no rio, alguns a até 3 km do local do acidente, em meio a fortes correntes.

Este não foi o único acidente do tipo ocorrido em 2025. Em maio, uma colisão entre uma embarcação da Marinha peruana e um navio-tanque da petrolífera anglo-francesa Perenco, no rio Amazonas, deixou dois marinheiros mortos e um desaparecido.

Em setembro de 2024, outro acidente ocorreu no mesmo rio Ucayali, após uma embarcação colidir com um tronco submerso, resultando em seis mortos e mais de 80 pessoas resgatadas com vida. Na região do Ucayali, assim como em outras partes da Amazônia peruana, os rios são o meio de transporte mais utilizado devido à falta de estradas. Fonte: Associated Press.
 

dono do mundo

Trump acusa Honduras de 'tentar mudar' o resultado da eleição presidencial

Inicialmente o candidato apoiado por ele estava à frente na contagem, mas depois um dos rivais conseguiu alcançá-lo. A apuração continua

02/12/2025 07h22

"Se conseguirem (mudar os resultados), haverá consequências terríveis!" , escreveu Trump em suas redes sociais

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O presidente dos EUA, Donald Trumpm acusa Honduras de "tentar mudar" os resultados da eleição presidencial do país. Com 57,03% das urnas apuradas e uma diferença de 515 votos, o empresário Nasry Asfura, apoiado pelo republicano, está em empate técnico com o apresentador de televisão Salvador Nasralla. A declaração foi feita na noite desta segunda-feira, 1º, através de sua conta na Truth Social.

A acusação é seguida de um alerta: "Se conseguirem (mudar os resultados), haverá consequências terríveis!" No post, Trump diz ainda que a apuração foi interrompida "abruptamente" quando "apenas 47% dos votos haviam sido contabilizados".

"Centenas de milhares de hondurenhos precisam ter seus votos computados. A democracia precisa prevalecer", continuou. Em Honduras, a contagem é feita manualmente voto a voto.

Mais cedo, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, Ana Paola Hall, pediu "paciência e prudência". "A tranquilidade com que o processo foi conduzido deve ser mantida até o seu término, com a divulgação dos resultados", completou.

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