Mundo

resistência

Nobel da Paz vai para líder da oposição da Venezuela

María Corina Machado foi elogiada por ser "figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida"

Continue lendo...

O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido a María Corina Machado, líder da oposição da Venezuela. O Comitê Norueguês do Nobel, que organiza o prêmio, concedeu o prêmio a Machado "por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".

A líder da oposição da Venezuela foi elogiada por ser uma "figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida - uma oposição que encontrou um ponto comum na demanda por eleições livres e governo representativo", disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do comitê norueguês do Nobel.

"No último ano, a Sra. Machado foi forçada a viver escondida. Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões. Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem", disse Frydnes.

O governo do ditador Nicolás Maduro perseguiu diversos oponentes antes das eleições presidenciais do ano passado. Machado deveria concorrer contra Maduro, mas o governo a desqualificou. A líder da oposição apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia em seu lugar. O período que antecedeu a eleição foi marcado por repressão generalizada, incluindo desqualificações, prisões e violações de direitos humanos.

A repressão à dissidência só aumentou depois que o Conselho Nacional Eleitoral do país, que conta com a participação de apoiadores de Maduro, o declarou vencedor, apesar de evidências críveis em contrário.

Os resultados das eleições anunciados pelo Conselho Eleitoral geraram protestos em todo o país, aos quais o governo respondeu com força e que culminaram com mais de 20 mortos. A repressão também levou ao fim das relações diplomáticas entre a Venezuela e vários países, incluindo a Argentina.

Machado se escondeu e não é vista em público desde janeiro. Um tribunal venezuelano emitiu um mandado de prisão para González, que se mudou para a Espanha e recebeu asilo.

O presidente do comitê norueguês do Nobel, Jørgen Watne Frydnes, foi questionado se a líder venezuelana poderá comparecer à cerimônia do Nobel, que será realizada em dezembro, em Oslo. Ele afirmou que o comitê não sabe se as condições de segurança irão permitir a participação presencial de María Corina Machado.

"É uma questão de segurança. É muito cedo para dizer. Sempre esperamos ter o laureado conosco em Oslo, mas esta é uma situação de segurança séria que precisa ser resolvida primeiro", disse Frydnes.

Vitória de Machado frustra Trump

A vitória de Maria Corina Machado frustra a campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mencionou publicamente que deveria vencer o Nobel da Paz e disse que, se não vencesse, o comitê estaria "desrespeitando" os Estados Unidos. O republicano esperava que o cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que foi anunciado na quarta-feira, 8, pudesse garantir o prêmio a ele.

Frydnes foi questionado por um repórter sobre como a campanha pública do presidente Trump para o prêmio pode ter afetado as deliberações sobre o mesmo. Ele respondeu que o órgão recebe cartas todos os anos apoiando candidatos específicos, mas que o único princípio norteador para a seleção do ganhador são aqueles estabelecidos por Alfred Nobel, quando ele criou o prêmio.

Trump está obcecado em ganhar o prêmio há anos, com reclamações em público e em particular que não recebeu a homenagem. Vários grupos ou indivíduos - incluindo os líderes de Israel, Paquistão e Camboja - disseram que o indicaram, embora o prêmio deste ano tenha como objetivo homenagear conquistas em 2024, antes do retorno de Trump à Casa Branca.

Como funciona o Nobel da Paz

O prêmio Nobel da Paz é concedido, desde 1901, a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de se criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Ele é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz que, antes de morrer, no limiar do século 20, transformou a nitroglicerina em ouro.

O prêmio é entregue pelo Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco membros escolhidos pelo Parlamento norueguês. O vencedor recebe, além de uma medalha de ouro, uma premiação em dinheiro. Em 2023, a Fundação Nobel afirmou que os ganhadores do Premio Nobel irão receber 11 milhões de coroas suecas (R$ 4,8 milhões)

Indicar uma pessoa a um prêmio Nobel é relativamente simples. O comitê organizador distribui (e fornece em seu site) formulários para centenas de formadores de opinião. As fichas com as sugestões são enviadas até o fim de janeiro de cada ano e então cada uma delas é avaliada até outubro, quando os vencedores são anunciados. Ao longo desse processo, a lista é reduzida para uma versão menor, com no mínimo cinco e no máximo 20 nomes, que são revisados. Os jurados debatem essa lista e buscam alcançar o consenso - quando ele não acontece, a escolha se dá por votação

A entrega dos prêmios ocorre em dezembro. Mas pode acontecer de o comitê decidir que ninguém mereceu vencer o Nobel da Paz naquele ano - a honraria não foi entregue em 20 ocasiões, a mais recente delas em 1972. Desde 1974, os estatutos da Fundação Nobel estipulam que um prêmio não pode ser concedido postumamente, a menos que a morte ocorra após o anúncio do nome do vencedor.

Outros premiados com o Nobel da Paz

Frydnes afirmou que a premiação foi concedida a organização Nihon Hidankyo por conta do alto número de conflitos armados no mundo. "O tabu contra o uso de armas nucleares está sob pressão. É uma forma de lembrar o mundo da necessidade do desarmamento nuclear".

No ano passado, a organização japonesa Nihon Hidankyo, que trabalha pelo fim das armas nucleares, ganhou o prêmio. O presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, descreveu a entidade como "um movimento popular de sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki, também conhecido como Hibakusha". A organização recebeu o Nobel "pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, através de depoimentos de testemunhas, que as armas nucleares nunca mais devem ser utilizadas", disse ele.

Em 2024, o Nobel foi concedido para a ativista iraniana Narges Mohammadi pela sua luta pelos direitos das mulheres no Irã contra a "sistemática descriminação e opressão do regime iraniano". O Comitê do Prêmio Nobel destacou que Narges já foi presa 13 vezes no Irã e condenada a 31 anos de prisão por conta de seu ativismo. Mesmo da prisão, a ativista conseguiu continuar a sua luta pelos direitos das mulheres no país persa e foi uma das lideranças da onda de protestos no ano passado no Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi morta após ser detida pela polícia iraniana em Teerã sob a acusação de não usar o hijab, véu que cobre os cabelos, de maneira adequada.

Em 2022, o Nobel ficou com uma pessoa e duas organizações: Ales Bialiatski, ativista de Belarus, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia, Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia.Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido para os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela "contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países".

Maria Ressa é conhecida por ser co-fundadora do Rappler, principal site de notícias que lidera a luta pela liberdade de imprensa nas Filipinas e combate à desinformação, e enfrenta constante assédio político no país. Já Muratov é editor-chefe do jornal Novaya Gazeta, um dos poucos veículos na Rússia críticos do governo do presidente russo Vladimir Putin, fechado depois do endurecimento das leis russas com a guerra da Ucrânia.

Em 2020, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos (PMA), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com sede em Roma. Segundo os organizadores, o trabalho do PMA foi reconhecido por conta do trabalho do grupo para "impedir o uso da fome como arma de guerras e conflitos".

Em 2019, o laureado foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, "por seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia".

Em 2018, a jovem yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege ganharam o Nobel da Paz por seus esforços contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, por chamar a atenção para as consequências do uso do armamento e chegar a um acordo pelo fim das armas nucleares.

Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio.

Algumas das grandes surpresas incluem a paquistanesa Malala Yousafzai, que recebeu o prêmio em 2014, aos 17 anos, "pela luta contra a opressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todas as crianças à educação". Ela se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel.

Outra grande surpresa, muito contestada à época, foi a escolha, em 2009, do então presidente americano Barack Obama, agraciado por seus "esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos". (Com informações da Associated Press)
 

narcotráfico ou petróleo?

Petros diz que corpos no mar podem ser de vítimas de bombardeio dos EUA

Dois corpos foram localizados no mar do lado colombiano e vários outros do lado da venezuela na semana passada

08/12/2025 07h10

Gustavo Petro, desafeto do Governo dos EUA, cobra investigação internacional para descobrir identidade e causa da morte das vítimas

Gustavo Petro, desafeto do Governo dos EUA, cobra investigação internacional para descobrir identidade e causa da morte das vítimas

Continue Lendo...

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu neste domingo, 7, a abertura de uma investigação sobre o achado de dois corpos na beira do mar em um povoado na fronteira com a Venezuela e sugeriu que as mortes podem ter sido causadas por um bombardeio americano no Caribe.

Na quinta-feira, 4, a rede pública de televisão RTVC informou sobre a descoberta de dois corpos nesse povoado e de vários outros no lado venezuelano, sem precisar o número.

"Peço ao Instituto de Medicina Legal que estabeleça as identidades (...). Podem ser mortos por bombardeio no mar", escreveu Petro na rede social X. Um porta-voz da polícia confirmou à AFP que os corpos foram encontrados em uma praia de pescadores no departamento de La Guajira (norte).

Em outubro, Petro já havia acusado Washington de violar a soberania colombiana e de matar um pescador durante operações militares americanas contra o narcotráfico no Mar do Caribe.

Segundo ele, o colombiano Alejandro Carranza morreu em um dos ataques realizados por forças dos Estados Unidos que, desde agosto, têm concentrado ações na Venezuela e em áreas próximas às águas territoriais da Colômbia.

À época, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a Colômbia não receberá mais subsídios americanos. Em publicação na rede social Truth Social ele justificou a medida dizendo que o presidente colombiano, Gustavo Petro, é um líder do tráfico de entorpecentes, "que incentiva fortemente a produção maciça de drogas". O chefe da Casa Branca, porém, não apresentou provas sobre suas acusações.

Na ocasião, o presidente colombiano negou qualquer vínculo com o narcotráfico e disse não compreender "a ganância" que, segundo ele, define o capitalismo.
 

deslizamento de terra

Naufrágio deixa mortos e desaparecidos na Amazônia peruana

Informações iniciais apontam que pelo menos 12 pessoas morreram e em torno de 60 seguiam desaparecidas

02/12/2025 07h29

Naufrágio de duas embarcações de passageiros foi provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali

Naufrágio de duas embarcações de passageiros foi provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali

Continue Lendo...

Ao menos 12 pessoas morreram e cerca de outras 60 estão desaparecidas após o naufrágio de duas embarcações de passageiros provocado por um deslizamento de terra na margem do rio Ucayali, um dos principais rios da Amazônia peruana, nesta segunda-feira, dia 1º.

Imagens divulgadas pela mídia local mostravam mulheres de mãos dadas com crianças, correndo e chorando às margens do rio; pessoas tentando reanimar sobreviventes do naufrágio que estavam no chão, tossindo água; e, até mesmo sobreviventes saindo do rio por conta própria.

O incidente aconteceu durante a madrugada quando as duas embarcações estavam atracadas. Uma delas foi esmagada durante o deslizamento, enquanto a outra virou devido ao impacto da terra com o rio, que gerou uma "grande onda".

As equipes de resgate informaram que a lista de passageiros se perdeu, então não é possível determinar ao certo quantas pessoas estavam a bordo no momento da tragédia.

Corpos foram encontrados flutuando no rio, alguns a até 3 km do local do acidente, em meio a fortes correntes.

Este não foi o único acidente do tipo ocorrido em 2025. Em maio, uma colisão entre uma embarcação da Marinha peruana e um navio-tanque da petrolífera anglo-francesa Perenco, no rio Amazonas, deixou dois marinheiros mortos e um desaparecido.

Em setembro de 2024, outro acidente ocorreu no mesmo rio Ucayali, após uma embarcação colidir com um tronco submerso, resultando em seis mortos e mais de 80 pessoas resgatadas com vida. Na região do Ucayali, assim como em outras partes da Amazônia peruana, os rios são o meio de transporte mais utilizado devido à falta de estradas. Fonte: Associated Press.
 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).