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CONHECIMENTO GLACIAL

Para pesquisar danos ambientais, expedição brasileira vai à Antártica

Grupo, com um total de doze pesquisadores, passará 40 dias no famoso "continente gelado"

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Maior expedição brasileira à Antártica, um grupo de 12 pesquisadores brasileiros ficará 40 dias no interior do continente gelado com o objetivo de estudar mais de 200 anos da dados ambientais, como confirma o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

A expedição foi iniciada no dia 7 deste mês. O relato mais recente, recebido no último dia 20 do líder da expedição, professor Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), informa:

“Excelentes dias ensolarados, com temperatura média ao redor de 17 graus negativos. Madrugadas caindo a 22 negativos. Ventos constantes ao redor de 20 a 25 quilômetros (km) por hora, o que causa sensação térmica de até 25 graus negativos”.

Os pesquisadores brasileiros estão divididos em três grupos e acampados em locais diferentes: na geleira da Ilha Pine, no módulo Criosfera 1, e no local onde será instalado o módulo Criosfera 2, com quase 700 km de distância entre eles.

O acampamento situado no módulo Criosfera 1 está a 2,5 mil km ao sul da Estação Antártica Comandante Ferraz. Os pesquisadores farão a manutenção desse laboratório latino-americano, localizado mais ao sul do planeta.

Simões está na Ilha Pine e acompanha o trabalho para coleta de gelo em profundidade. Com o sol, os trabalhos estão adiantados, informou por e-mail.

“Já estamos a 90 metros de profundidade no nosso poço, o que garante mais de 200 anos de dados ambientais”. A análise dos blocos de gelo permite compreender a história climática da Terra.

Criosfera 2

Um dos objetivos da expedição é instalar o módulo Criosfera 2, laboratório 100% automatizado que ampliará a coleta de dados ambientais, incluindo informações meteorológicas e sobre a química atmosférica.

O módulo foi construído com tecnologia brasileira para coletar dados do clima e da concentração de dióxido de carbono, ou CO2, principal gás de efeito estufa, ao longo do ano.

O Criosfera 2 será instalado pela equipe do professor Francisco Aquino. Todos os integrantes da equipe já se encontram no continente antártico.

O módulo foi transportado de Punta Arenas, no extremo sul do Chile, há dez dias, em avião cargueiro Ilyushin Il-76TD, modelo apto a pousar sobre o gelo no interior da Antártica.

Nos próximos dias, um trator polar vai cruzar cerca de 180 km entre a pista de pouso no gelo, que está localizada na geleira Union, montanhas Ellsworth, até o local de instalação do módulo.

Os quatro pesquisadores - três da UFRGS e um do Chile - voarão de avião com esqui até o local chamado Skytrain ice rise, na posição 79,5 graus Sul, 78 graus oeste.

A expedição conta com a participação de professores da UFRGS, da Universidade Federal do Pará e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

As atividades integram o Programa Antártico Brasileiro e a 41ª Operantar, coordenada pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar.

Investimentos

A operação logística, que envolve o transporte, a instalação do módulo Criosfera 2 na Antártica e a manutenção do módulo Criosfera 1, tem custo de R$ 3,5 milhões.

Esse valor é financiado pelo MCTI e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por meio dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.

 

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DONOS DO MUNDO

Guerra comercial traz mais oportunidade do que risco para o Brasil, afirma especialista

Ian Craig entende que o Brasil deve evitar medidas revanchistas e buscar aproximação com os EUA para preencher lacunas deixadas por outros países

11/02/2025 07h15

Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou decreto nesta segunda-feira criando taxa de 25% sobre importação de aço e alumínio

Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou decreto nesta segunda-feira criando taxa de 25% sobre importação de aço e alumínio

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A política de comércio exterior do governo Donald Trump traz mais oportunidades do que riscos para o Brasil neste momento, e o país deveria se posicionar como um parceiro mais próximo dos Estados Unidos, em vez de buscar retaliação. Mesmo com a taxação de produtos como aço e alumínio, medida que afeta a indústria brasileira.

Essa é a avaliação de Ian Craig, sócio-líder de Global Trade da EY Brasil. Ele afirma que o Brasil está extremamente bem posicionado para ser uma alternativa ao fornecimento de insumos, caso as importações de países como China, México e Canadá se tornem economicamente inviáveis para as empresas americanas por conta da política tarifária do republicano.

"Nos últimos dias, já tive conversas com clientes considerando a mudança, temporária ou permanente, de produção para o Brasil", afirma Craig, que disse não poder dar mais detalhes sobre essas sondagens.

Trump decidiu nesta segunda (10) aumentar as tarifas sobre as importações de aço e alumínio, cancelando isenções e cotas para fornecedores como Brasil, Canadá, México e outros países.
 

Craig afirma que a situação imprevisível dificulta levar adiante projetos significativos, como a transferência de fábricas. Por isso, os empresários estão focados em mudanças que poderiam ser implementadas no curto prazo. Questionado sobre os setores mais bem posicionados para atender o mercado externo rapidamente, ele cita a indústria automotiva brasileira.

Segundo o especialista, o Brasil se beneficiou de mudanças na cadeia global de suprimentos feitas nos últimos anos, substituindo a China no fornecimento de alguns bens para os EUA, o que pode se repetir agora.

Embora o Brasil seja um dos países atingidos pelo aumento da taxação do aço e alumínio, o país ainda não foi citado por Trump como uma prioridade para receber tratamento com tarifas adicionais e não representa uma ameaça para os Estados Unidos, já que a diferença na balança comercial entre os dois países é relativamente pequena.

"O Brasil segue vulnerável, mas com várias oportunidades", afirma. "Eu diria que há mais oportunidade do que risco neste momento."

Para ele, é hora de mostrar para os Estados Unidos a capacidade de produção do país. Ele avalia que o Brasil terá dificuldade em fazer uma retaliação contra os americanos, já que isso poderia prejudicar o próprio país.

"O setor governamental precisa implementar uma política de comércio exterior de engajamento com os Estados Unidos e mostrar que somos uma alternativa com potencial de crescimento. E o setor privado precisa obter investimentos em inovação tecnológica para aumentar a capacidade de produção. É o momento de posicionar o Brasil como um parceiro muito mais forte ainda dos Estados Unidos."

O presidente Trump tem utilizado as tarifas de importação como um mecanismo voltado não só para o comércio exterior, mas também como uma forma de conseguir concessões de outros tipos, como ocorreu no caso do Canadá e do México, onde a aplicação de taxas de 25% foi paralisadas temporariamente. Em relação à China, no entanto, Craig afirma não ver de forma clara um espaço para a suspensão dessas restrições.

(Informações da Folhapress)

DIREITA x ESQUERDA

Equador terá 2º turno em disputa polarizada entre Noboa e pupila de Correa

Com 72% da apuração concluída, Noboa, o herdeiro do império das bananas, tinha 44,7% dos votos. Na sequência, aparece González, com 43,8%

10/02/2025 07h08

O atual presidente, Daniel Noboa, vai para um disputado segundo com Luisa González, de esquerda

O atual presidente, Daniel Noboa, vai para um disputado segundo com Luisa González, de esquerda

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A maratona eleitoral do Equador ao longo dos últimos quatro anos não terá pausa neste domingo (9). O órgão eleitoral diz que haverá um polarizado segundo turno em abril entre o atual presidente, Daniel Noboa, e Luisa González, de esquerda.

Com 72% da apuração concluída, Noboa, o herdeiro do império das bananas (seu pai é um bilionário dono da empresa "Bonita Banana"), soma 44,7%. Na sequência, González, com 43,8%. A eleição contava com 16 candidatos, mas somente os dois eram expressivos. Os equatorianos também elegeram 151 legisladores.

Será uma disputa que sobrepõe esses nomes. O pleito mostrará qual percepção social ganha: o recente "anti-noboismo" ou o já tradicional "anti-correísmo". O primeiro refere-se à oposição a Noboa. Já o segundo, à oposição ao padrinho político de González, o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), um dos nomes mais polarizadores do país.

Será ainda um "revival" de 2023, quando a mesma dupla disputou o segundo turno em eleições atípicas, convocadas de maneira antecipada após o então presidente Guillermo Lasso, investigado por corrupção, colocar fim a seu governo por meio de uma figura jurídica inédita, a "morte cruzada", que também dissolveu o Parlamento. Noboa ganhou daquela vez e é favorito nesta.

A participação eleitoral foi de 83,4% no país onde o voto é obrigatório para cidadãos que tenham entre 18 e 65 anos e no qual a multa por não comparecer às urnas é de US$ 47 (cerca de R$ 270).

Em um discurso ainda enquanto corria a apuração, González voltou a acusar Noboa de cometer irregularidades eleitorais, devido ao fato de que o presidente se recusou a se afastar do governo para conduzir sua campanha à reeleição, como manda a lei.

Noboa também tentou apartar sua vice, Verónica Abad (que neste domingo votou com um colete a prova de balas), e tentou nomear uma aliada provisoriamente para o cargo, mas foi impedido pela Justiça.

Político da centro-direita, Noboa se deparou com desafios substanciais no curto mandato de um ano e meio no qual parecia estar a todo o tempo em clima de campanha a reeleição. Ele viu um canal de TV ser invadido ao vivo por homens armados, um dos maiores chefes criminosos fugir da cadeia e o sistema energético ruir com a seca.

Para combater a crise a galope da segurança pública, ele apostou na militarização do setor, o que é parte fundamental do "anti-noboísmo", sentimento social de que a linha-dura do presidente corroborou para que houvesse violações de direitos humanos cometidas pelas mãos de soldados nas ruas. Os casos do tipo se acumularam.

Por outro lado, Luisa González, advogada e ex-deputada, carrega a carga simbólica dos governos de Rafael Correa, período de bonança econômica pela época áurea do boom das commodities -que alavancou as exportações de petróleo, mas foi marcado por escândalos de corrupção.

O próprio Correa foi condenado por um desses casos, mas afirma se tratar de mais um exemplo de lawfare, termo que se popularizou na região para falar de uma possível perseguição judicial com objetivos políticos. Hoje, ele vive na Bélgica, país natal de sua esposa.

É possível interpretar que o próprio primeiro turno deste domingo já foi ditado, em grande medida, pela pergunta "quem você não quer que ganhe" do que a óbvia "quem você deseja eleger".

Isso porque até há poucos dias antes desse pleito, como mostrou a consultoria Cedatos em pesquisa de opinião, havia uma ampla indecisão dos equatorianos. Ao menos 34% deles diziam não saber em qual dos 16 candidatos votar, revelando que a fidelidade aos concorrentes não foi prioridade na eleição.

Durante seu curto mandato no Palácio de Carondelet, Noboa não teve grandes laços internacionais além de apoios expressivos de líderes que hoje não estão no cargo, como o ex-presidente da Colômbia Iván Duque. Mas, agora, mostrou que pode se aliar a Donald Trump.

Ele foi o único líder da América do Sul, além de Javier Milei (Argentina), a participar da cerimônia de posse de Trump em Washington. Noboa é bem relacionado especialmente do secretário de Saúde do republicano, o anti-vacina Robert Kennedy Jr., de cuja família é próximo.

Ainda assim, uma resposta sua à revista New Yorker em junho passado surpreendeu. Questionado sobre com qual líder da América Latina ele mais se sente alinhado, sua resposta foi o presidente Lula (PT), referência da esquerda. Por quê? Noboa disse que conheceu Lula há 15 anos, durante uma cúpula empresarial, e ficou impressionado com sua sabedoria política e sua habilidade de levar adiante suas prioridades.

Já González aumentaria o leque de políticos à esquerda na região -Claudia Sheinbaum (México), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (que tomará posse no mês que vem no Uruguai), Gabriel Boric (Chile) e mesmo Lula. Durante a campanha, ela se recusou a criticar a ditadura da Venezuela, enquanto, por outro lado, Noboa não só o fez como reconheceu o opositor Edmundo González como o verdadeiro eleito do pleito de 2024 e o recebeu na capital Quito.

(Informações da Folhapress)

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