Mundo

guerra comercial

Trump anuncia taxa de 125% para a China, mas indica que quer acordo

A cada nova taxação, o governo chinês também eleva as tarifas e já está cobrando 84% sobre todos os produtos dos EUA

Continue lendo...

O governo chinês anunciou ontem que irá aplicar uma tarifa adicional de 50% sobre as importações dos Estados Unidos, igualando os 50% extras que Donald Trump havia imposto na terça-feira, 8, para retaliar uma medida anterior da China.

Com a decisão, as tarifas chinesas sobre produtos americanos chegam a 84%. Os EUA, por sua vez, que haviam ampliado na terça-feira as tarifas sobre as exportações chinesas para 104%, anunciaram ontem que as taxas para a China agora seriam de 125%.

A China também anunciou que está adotando controles de exportação para mais 12 empresas americanas e acrescentou mais seis companhias dos EUA à sua lista de "entidades não confiáveis" - o que, na maioria dos casos, as impede de fazer negócios na China ou com empresas do país.

A imposição da nova tarifa chinesa sobre os produtos dos EUA, que deveria entrar em vigor ainda ontem, ocorre depois que os dois países já haviam anunciado duas rodadas de taxações pesadas um sobre o outro. Mas os EUA surpreenderam e anunciaram, ainda na tarde de ontem, nova alta na tarifa para a China: a 125%.

Pouco depois, em uma coletiva no Salão Oval da Casa Branca, o presidente Donald Trump afirmou que não espera um novo aumento de tarifas sobre a China, sinalizando uma possível trégua na escalada da guerra comercial com Pequim. "Vamos fazer um bom acordo com a China, tenho certeza", disse.

Trump também afastou a possibilidade de uma escalada para além do campo comercial com a China, e elogiou o presidente chinês: "Xi Jinping é uma das pessoas mais inteligentes do mundo" e "não deixaria o conflito com EUA escalar além do lado comercial", afirmou o republicano.

"Estamos fazendo US$ 2 bilhões por dia com tarifas. Vamos ver como vai ficar agora" após a pausa de 90 dias, acrescentou Trump

Pouco antes, em postagem nas redes sociais, Trump havia dito que, "em algum momento, espero que em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de roubo dos Estados Unidos e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis".

OMC

A China também anunciou nesta quarta-feira, 9, que submeteu um novo processo à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas recíprocas dos EUA. "As medidas tarifárias dos EUA violaram seriamente as regras da OMC.

O aumento de 50% reflete um erro atrás do outro, demonstrando a natureza de bullying unilateral", afirmou um porta-voz do governo chinês. "A China defenderá firmemente seus interesses e direitos legítimos, atuando para proteger o sistema de comércio multilateral e a ordem econômica internacional."

A decisão de Pequim de impor mais 50% em tarifas sobre os produtos dos EUA foi vista como mais um sinal de que o país não tem intenção de recuar na guerra comercial.

Em comunicado, o governo prometeu "lutar até o fim" contra as tarifas de Trump, argumentando que o comércio entre os dois países está em equilíbrio, já que um imposto de 104% sobre as exportações do país para os EUA entrou em vigor ontem.

O governo chinês se recusou a dizer se negociaria com a Casa Branca, como muitos outros países começaram a fazer.

"Se os EUA insistirem em aumentar ainda mais suas restrições econômicas e comerciais, a China tem a firme vontade e os meios abundantes para adotar as contramedidas necessárias e lutar até o fim", afirmou o Ministério do Comércio.

"Se quiserem resolver as questões por meio de diálogo e negociação, devem adotar uma atitude de igualdade, respeito e benefício mútuo", enfatizou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.

TikTok

O comunicado do governo afirma que os EUA não honraram as promessas feitas no acordo comercial da fase 1, concluído durante o primeiro mandato de Trump. Como exemplo, cita que a lei que proíbe o TikTok de atuar no país a menos que seja vendido por sua controladora chinesa viola a promessa de que nenhuma das partes "pressionaria a outra parte a transferir tecnologia para seus próprios indivíduos".

Trump assinou na semana passada uma ordem para manter o TikTok em funcionamento por mais 75 dias, depois que um possível acordo para vender o aplicativo para americanos foi congelado.

Sobre o TikTok, Trump afirmou que "o acordo ainda está na mesa" e que "a China não está muito feliz em assiná-lo agora", mas que acredita que "a China quer, sim, assiná-lo". Perguntado se se encontraria com o presidente chinês Xi Jinping, disse: "Sim, me encontraria normalmente com Xi Jinping. Gosto muito dele, o respeito muito."

União Europeia 

A União Europeia aprovou ontem sobretaxas a uma lista inicial de produtos importados dos Estados Unidos em retaliação às tarifas de 25% que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs no mês passado sobre as exportações de aço e alumínio do bloco.

A Comissão Europeia, que é o braço executivo do bloco, disse em um comunicado que as contramedidas podem ser suspensas a qualquer momento "caso os EUA concordem com um resultado negociado justo e equilibrado".

Uma série de produtos - incluindo soja, suco de laranja, carne e motocicletas - estão na linha de fogo da UE. O uísque norte-americano foi retirado da lista em uma medida que visa proteger os fabricantes de bebidas do bloco.

Em vários momentos, Trump atacou a UE, o maior parceiro comercial dos EUA, dizendo que o superávit do comércio de bens do bloco é prova de uma relação injusta. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

SUSTENTABILIDADE

Líder opera primeiro voo de aviação geral com combustível sustentável no Brasil

A viagem ocorreu no Rio de Janeiro com um helicóptero que transportava funcionários da empresa de energia Equinor até plataformas em alto-mar.

20/05/2025 21h00

Líder opera primeiro voo de aviação geral com combustível sustentável no Brasil

Líder opera primeiro voo de aviação geral com combustível sustentável no Brasil Divulgação

Continue Lendo...

A Líder Aviação, companhia de aviação executiva, operou na tarde desta terça-feira, 20, o primeiro voo da aviação geral no País utilizando combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).

A viagem ocorreu no Rio de Janeiro com um helicóptero que transportava funcionários da empresa de energia Equinor até plataformas em alto-mar.

O voo teve como ponto de partida o Aeroporto de Jacarepaguá, na capital fluminense, e foi abastecido com um blend (mistura) composto por 10% de SAF e 90% de JET A fóssil, conforme autorizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O biocombustível foi produzido a partir de óleo de cozinha usado, conhecido como UCO (Used Cooking Oil)

A aeronave, modelo S92, foi abastecida pela Vibra, única fornecedora desse tipo de combustível no Brasil, por meio da BR Aviation, unidade de negócios da companhia responsável pelo abastecimento de aeronaves e atividades correlatas.

O blend adotado no voo pode ser utilizado nos motores atuais sem a necessidade de adaptação, permitindo a transição gradual para o novo modelo de abastecimento.

Considerando o blend e o potencial de redução de emissões do SAF, foram emitidos cerca 9% menos dióxido de carbono (CO2) na operação desta terça-feira.

"Estamos dando um passo concreto na direção de uma operação mais sustentável e comprometida com as futuras gerações, afirma o diretor geral de Operações de Helicópteros da Líder Aviação, Diego Reis.

Fundada há 66 anos, a Líder Aviação conta com uma frota de mais de 50 aeronaves, atuando em cinco unidades de negócio: fretamento e gerenciamento de aeronaves, serviços aeroportuários, vendas e aquisições de aeronaves, serviços de manutenção e operações de helicópteros para a indústria de óleo e gás.

Guiana Francesa

Novo Papillon? França quer fazer presídio de segurança máxima na Amazônia

Plano para abrigar traficantes e jihadistas na Guiana Francesa causa indignação local; projeto remete à infame Ilha do Diabo

20/05/2025 15h23

Emanuel Macron, presidente da França

Emanuel Macron, presidente da França Arquivo

Continue Lendo...

A França reacendeu memórias de um passado sombrio ao anunciar planos para construir uma ala de segurança máxima em uma nova prisão na Amazônia, no território ultramarino da Guiana Francesa.

O presídio deve abrigar traficantes de drogas e radicais islâmicos, incluindo 15 detentos considerados jihadistas, provocando forte reação de autoridades locais e da população.

O projeto, orçado em US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), é parte de uma unidade prisional anunciada em 2017 e prevista para ser concluída até 2028, com capacidade total de 500 presos. A prisão será construída em Saint-Laurent-du-Maroni, cidade fronteiriça com o Suriname, próxima à notória Ilha do Diabo — antiga colônia penal usada pela França entre os séculos XIX e XX.

Durante uma visita oficial à Guiana Francesa no sábado, o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, confirmou que a prisão terá uma ala de segurança máxima.

Segundo ele, o objetivo é impedir que presos ligados ao tráfico de drogas mantenham contato com suas redes criminosas. “Estamos vendo cada vez mais redes de tráfico de drogas. Precisamos reagir”, declarou Darmanin.

A mídia francesa também informou que detentos oriundos da Guiana Francesa e dos territórios do Caribe francês terão prioridade para vagas na nova unidade.

Passado revive tensões coloniais

O anúncio, no entanto, foi recebido com indignação por líderes locais, que alegam não ter sido informados previamente sobre a inclusão da ala de segurança máxima no projeto original.

Jean-Paul Fereira, presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana Francesa — assembleia que representa a região — classificou a notícia como um “espanto” e um “desrespeito” às autoridades locais.

“É com indignação que os membros eleitos da Coletividade descobriram, juntamente com toda a população da Guiana, as informações detalhadas no Le Journal du Dimanche”, disse em nota publicada nas redes sociais.

Fereira lembrou que o acordo firmado em 2017 previa a construção de uma nova prisão para aliviar a superlotação nas unidades existentes, mas sem qualquer menção a uma ala de alta segurança para presos vindos da França continental.

“A Guiana não foi feita para acolher criminosos e pessoas radicalizadas”, afirmou.

A crítica foi reforçada por Jean-Victor Castor, parlamentar da Guiana Francesa, que enviou uma carta diretamente ao primeiro-ministro francês pedindo a retirada do projeto. Ele qualificou o plano como um “insulto à nossa história, uma provocação política e uma regressão colonial”.

Símbolos históricos ainda vivos

A proposta remete a um capítulo sombrio da história francesa. Saint-Laurent-du-Maroni já foi um centro de deportação penal na era de Napoleão III. Dali, presos eram enviados à Ilha do Diabo — entre eles o capitão do Exército Alfred Dreyfus, injustamente condenado por espionagem no caso que dividiu a França no final do século XIX.

A Ilha do Diabo ficou eternizada no romance autobiográfico Papillon, de Henri Charrière, que virou filme em 1973 e teve um remake em 2017. Agora, o temor é que a Guiana volte a ser associada internacionalmente à imagem de desterro e punição.

Procurado, o Ministério da Justiça da França ainda não se manifestou sobre as críticas.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).