Cidades

PANTANAL

Ceva volta a ser tema na Assembleia de MS um mês após morte de caseiro

Novo projeto na Casa de Leis de Mato Grosso do Sul prevê multas que podem chegar a quase R$ 79 mil

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Por meio do projeto de lei número 139, de autoria da deputada estadual Gleice Jane (PT), a ceva de animais silvestres voltou a ser tema na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul cerca de um mês após a morte do caseiro Jorge Avalo, de 62 anos, por ataque de onça na região do Touro Morto no Pantanal. 

Vale lembrar que, após suspeita inicial de desaparecimento,o corpo desse caseiro atacado por onça - como bem acompanhou o Correio do Estado - foi encontrado em partes em 22 de abril, o que levou o caso a ficar nacionalmente conhecido como um ataque fatal de animal silvestre no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Desde o princípio desse caso de ataque fatal de animal silvestre, o tema da "ceva" estava presente entre as principais hipóteses para a morte de Jorge, que incluíam: período reprodutivo, comportamento defensivo, escassez de alimento ou atitude involuntária da vítima, diante da suspeita de que Jorge 

Descrita no projeto de Jane como "oferecimento deliberado e recorrente de alimentos a animais silvestres em ambiente natural", a deputada cita que a prática interfere no equilíbrio ecológico e até mesmo altera o instinto das espécies, principalmente àquelas consideradas perigosas à integridade humana.

Na leitura do projeto ela reforça que tais ataques não são comuns, o que aponta para presença de fatores externos, como a própria alimentação intencional por humanos, como os causadores responsáveis pela mudança no comportamento dos animais, conforme publicado pela Agência Alems.

"[O projeto] busca enfrentar uma prática que, embora muitas vezes associada à aproximação contemplativa da fauna silvestre, representa sério risco à integridade física humana e ao equilíbrio ecológico: a ceva deliberada de animais selvagens em áreas naturais e de transição urbana, com destaque para grandes felinos, como a onça-pintada e a onça parda”, defendeu Jane em plenário. 

Entenda

Com a intenção de assegurar esse comportamento natural de predadores do topo da cadeia - já que, por exemplo, a onça batizada de "Irapuã" ("Colmeia" na tradução livre do Tupi) precisou ser extraída e deixar o Pantanal - o projeto prevê multas que variam entre mil e quinhentos reais até R$ 78,9 mil, por valores da Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul (UFERMS) fixada em junho de 2025. 

Como bem esclarece o projeto de Jane, o escalada dessas penalidades leva em conta uma série de fatores como: 

  1. Ausência ou presença de risco concreto à vida humana;
  2. Intensidade e reiteração da prática; 
  3. Impacto ambiental decorrente da alimentação artificial

Ou seja, em caso de infrações leves, de cevas pontuais que não atraíram espécies de risco nem causaram mudança significativa no comportamento, ou sequer foram feitas próximas de áreas urbanas, o infrator fica sujeito aos critérios mais "brandos" da lei, podendo pagar entre R$ 1,5 mil e até mais de R$ 5,2 mil.

Há ainda a classificação de multas moderadas, para casos de alimentação reiterada que resultem na mudança do comportamento de felinos e predadores no topo de cadeia, ou na necessidade de institucionalização desse animal. 

Como também existem as tipificações para infrações gravíssimas, aplicadas nos casos que contribuem para ataques de pessoas ou animais domésticos.

Importante explicar que essa proibição de ceva não se aplica para: 

  • Centros de reabilitação e cuidado de animais silvestres devidamente autorizados;
  • Instituições científicas ou bioparques com autorização expressa para a manutenção e alimentação desses animais
  • Situações emergenciais, devidamente cientificado o Órgão Ambiental competente.

Relembre

Esse ataque ao conhecido "Seu Jorge" teria acontecido por volta de 5h da segunda-feira (21), feriado de Tiradentes, sendo que uma foto de circuito interno divulgada indica que por volta de 06h52, no ponto do bote, só restavam marcas de sangue e os animais carniceiros no local. 

Condenada por ambientalistas, a prática da ceva de animais é uma técnica utilizada principalmente por pesquisadores e fotógrafos da vida selvagem com o objetivo de atrair animais para observação, monitoramento, registro ou estudo científico.

 A palavra 'ceva' vem do meio rural e significa basicamente 'isca' ou 'alimentação oferecida' com a intenção de atrair determinados bichos a um local específico e, no caso das onças-pintadas, pode ser feita com pedaços de carne ou carcaças de animais mortos (como bois, porcos ou outros animais de médio porte). 

No caso da pesca, o mel é usado para atrair peixes devido ao forte aroma, podendo ser misturado em uma massa junto de banana e amendoim para pescar pacu e tilápia, por exemplo.   

Proibida há uma década

A confirmação de que a ceva foi a causa da morte de Jorge veio por meio da fala do secretário adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Educação), Arthur Falcette, em afirmação durante entrevista coletiva em 23 de abril na sede do 1º Batalhão da Polícia Militar Ambiental. 

“Uma das poucas certezas que a gente tem sobre o caso era que estava sendo feita a ceva para o animal no local e essa prática, além de ser crime ambiental, pode desequilibrar o comportamento do animal que está sendo alimentado”, afirmou na ocasião.

Apesar do projeto de lei que visa combater a prática no Pantanal, a ceva já é proibida no Mato Grosso do Sul há cerca de uma década, regulamentada porém por uma resolução que data de 2015 da então chamada Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade).

Ou seja, uma vez que a resolução feita há cerca de 10 anos trate da alimentação e parâmetros de segurança dos turistas e população na prática de observação da vida selvagem, o atual projeto de lei busca estabelecer diretrizes que possam compor a legislação em prol do equilíbrio do bioma pantaneiro. 

No caso desse projeto, ele segue aberto agora para recebimento de emendas, para posterior análise na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) e, se receber parecer favorável, sequência da tramitação com votações nas comissões de mérito e plenário.

 

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Fórum Criminal

Adriane doa terreno de R$ 13,4 milhões ao Tribunal de Justiça

Imóvel, de 5,5 mil metros quadrados, está localizado na esquina da rua Barão do Rio Branco com a Bahia, onde funciona o Batalhão de Trânsito

17/12/2025 19h00

Polícia de Trânsito será

Polícia de Trânsito será "despejada" do endereço onde funciona há cerca de duas décadas para dar lugar ao Fórum Criminal Gerson Oliveira

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A prefeitura de Campo Grande oficializou nesta quarta-feira (17) a doação de um terreno de 5,59 mil metros quadrados, avaliado em R$ 13.489.788,28, para o Governo do Estado. No local, esquina das ruas Barão do Rio Branco com a Bahia, será construído o Fórum Criminal. 

No terreno que ainda pertencia à prefeitura funciona, há cerca de duas décadas, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, que terá de ser transferido para novo endereço assim que as obras começarem, possivelmente no próximo ano. O novo local ainda não foi definido.

O terreno, onde até o final do século passado estava instalado o Dersul (Agesul), tem 12,22 mil metros quadrados. E como somente parte foi doada, os orgãos da saúde municipal e estadual continuarão no mesmo endereço. 

A aprovação da doação terreno ocorreu no último dia 10, em meio à resistência de parte dos vereadores, já que entendiam que a prefeitura, em crise financeira, deveria vender o imóvel. Porém, a proposta da prefeita Adriane Lopes acabou obtendo o número de votos necessário para a doação.  

Conforme a previsão do Tribunal de Justiça, para o novo prédio serão transferidas as seis varas criminais e as duas do tribunal do júri. Entre as propostas está a construção de auditórios maiores para acomodar a platéia durante estes julgamentos. 

Até a conclusão da obra serão necessários em torno de R$ 100 milhões. Porém, no orçamento do próximo ano o Tribunal de Justiça destinou apenas R$ 1.635.000,00, valor que deve ser suficiente apenas para bancar os trabalhos iniciais de elaboração do projeto executivo do novo prédio, a não ser que o Executivo banque os custos da construção. 

A prioridade do TJ,  por enquanto, é a construção do anexo e refeitório do prédio do gabinete dos desembargadores. Para este projeto estão sendo destinados R$ 8,9 milhões na proposta orçamentária do próximo ano do TJMS.

Um dos argumentos utilizados pelo presidente do Tribunal,  Dorival Renato Pavan, é de que o prédio atual do fórum de Campo Grande, inaugurado no final de 2022, ficou pequeno para abrigar juízes, servidores, advogados e usuários dos serviços do Judiciário. 

Além disso, argumenta o magistrado, é necessário separar as varas cíveis das criminais para garantir maior seguranças às milhares de pessoas que diariamente entram e saem do prédio. 

Para aliviar esta suposta superlotação, já está sendo construído  o Fórum da Mulher, da Criança e do Idoso, ao lado da Casa da Mulher Brasileira, nas imediações do aeroporto internacional de Campo Grande. O investimento inicial é de R$ 10 milhões.

A construção do fórum atual se arrastou ao longo de nove anos, com alguns períodos de interrupção total  dos trabalhos. Ele tem 21,7 mil metros quadrados de área construída substituiu o fórum que antes funcionava na Fernando Corrêa da Costa. 

Conforme a previsão, o novo prédio terá menos da metade do tamano, da ordem de 11 mil metros quadrados. Porém, também não sairá do papel de um dia para o outro. A previsão é de que a obra se arraste por até cinco anos, se houver disponibilidade de recursos. 
 

Cidades

Em meio a greve, vereador sugere regulamentação de vans como transporte coletivo

Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a proposta que prevê as vans como uma alternativa para a população

17/12/2025 18h55

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

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Diante do paralisação dos ônibus que Campo Grande vive nos últimos dias, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul determinou a intervenção da Prefeitura Municipal na gestão do Consórcio Guaicurus. Com esse cenário, o vereador Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a regulamentação do uso de vans como alternativa de transporte. 

"Campo Grande não pode parar. Uma capital desse porte não pode ficar sem transporte coletivo nem por um único dia. O transporte de vans é uma alternativa que é sugerida com recorrência. E, agora, diante da emergência da greve, uma solução provisória para milhares de passageiros que dependem do ônibus, mas que não contam com o serviço neste momento", destacou o parlamentar.

Para o vereador, a medida judicial confirma que a crise no sistema não é pontual, mas resultado de falhas graves e recorrentes. 

"O que foi decidido mostra que o problema é estrutural e exige providências imediatas. A população não pode continuar sendo penalizada. Quando não é pelo alto preço da passagem ou pela má qualidade dos ônibus, o Consórcio provoca situações como uma greve. Além disso, de maneira recorrente, acusa a Prefeitura pelo não pagamento de repasses, mesmo quando a Prefeitura promove a isenção de impostos ou efetua o repasse. Sem falar no descaso com os próprios trabalhadores do Consórcio que alegam estar sem pagamento", afirmou.

Decisão da Justiça

A decisão determina que, em até 30 dias, o Município instaure um processo administrativo de intervenção no contrato com o Consórcio, além de nomear um interventor e apresentar um plano de ação com cronograma para a regularização da situação do Transporte Urbano, sob pena de multa diária de R$ 300 mil. 

A Tutela de Urgência foi deferida pelo juiz Eduardo Lacerda Trevisan, na ação ajuizada pelo advogado e ex-candidato a prefeito Luso Queiroz (PT) em desfavor da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Agência Municipal de Transportes e Trânsito (Agetran), Consórcio Guaicurus SA e Município de Campo Grande. 

Outra alternativa

O vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) reforçou que, para melhorar o serviço, é necessário pensar em novos modelos de transporte público, além de novas formas de gestão que possam garantir um sistema mais ágil e eficiente.

Para ele, a implementação do VLT (veículo leve sobre trilho) poderia aliviar o trânsito, diminuir a poluição e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. 

Além disso, Ronilço sugeriu que o município busque novos recursos e parcerias para financiar melhorias no transporte coletivo, como a captação de investimentos por meio de instituições financeiras internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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