Cidades

tragédia anunciada

Vítimas de enxurrada reclamam do abandono do poder público e do Nasa

Estimativa é de que 800 milhões de litros de água tenham escoado em quatro horas pelo Córrego Estaca na manhã de terça-feira

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Depois de passarem a primeira noite ao relento ou abrigado em casas de vizinho, moradores atingidos pela enxurrada de água e lama da represa do loteamento Nasa Park reclamam da total falta de assistência tanto do poder público quanto dos responsáveis pelo empreendimento de alto padrão. 

As casas atingidas ficam nas duas margens do Córrego Estaca, que faz divisa entre os municípios de Campo Grande e Jaraguari. A estimativa é de que 800 milhões de litros de água tenham escoado em cerca de quatro horas pelo córrego.

Segundo Thiago Adelço Lopes, que saiu de casa somente com a roupa do corpo, até por volta das 9 horas da manhã desta quarta-feira (22), cerca de 26 horas depois do incidente, as vítimas da enxurrada não receberam “nenhum tipo de amparo de nenhuma autoridade. Até agora, a única coisa que recebemos foi ajuda de amigos e conhecidos. Essa tragédia tem responsáveis. Alguém que dar alguma assistência. Tem que ser cobrado de alguém, e a gente está esperando por isso”, desabafou. 

“Ninguém veio aqui. A não ser a imprensa. Até para conseguirmos uma ajuda da polícia, já que estavam acontecendo saques no começo da noite, a gente precisou da imprensa para que a polícia viesse. Mas agora durante o dia, nem mesmo a polícia está mais por aqui”, afirmou Gabriela Lopes do Prado, que além de perder a casa ficou sem sua fonte de sustento, que é a horta e a criação de suínos. 

“Foi uma tragédia anunciada. Se as autoridades tivessem fiscalizado não teria acontecido isso. Não adianta ficarem preocupados com o Nasa Park. O Nasa não perdeu nada, quem perdeu foi a gente. E ninguém veio aqui. O Nasa Park tá cheio de viatura de tudo o que é órgão público e a gente fica aqui, sem assistência de ninguém,” reclama a mulher que acredita que o terreno onde cultivava as hortaliças esteja inutilizado por conta da contaminação da lama que desceu com a enxurrada. 

Além disso, ela reclama do trauma que ela e seus familiares estão enfrentando depois do susto. “Minha mãe acordou de madrugada gritando que 'foi tudo um sonho, foi um sonho. Quando ela viu que estava na casa aqui de cima e que não havia sido um sonho, danou a chorar e chorar. Minha menininha de três anos não para de falar. Esse abalo nunca mais a gente consegue superar”, afirmou Gabriela na manhã desta quarta-feira.

JARAGUAIR SOCORRE CAMPO-GRANDENSES 

No final da manhã desta quarta-feira apareceu uma equipe da prefeitura de Jaraguari em busca de informações sobre as famílias que sofreram prejuízos com a rompimento da represa, que tinha em torno de 20 hectares. 

Segundo o prefeito de Jaraguari, Edson Nogueira, famílias da margem esquerda do córrego haviam recebido donativos como alimentos e vestimentas na noite anterior.

E,agora pela manhã, já que a prefeitura de Campo Grande não se mobilizou, donativos também foram entregues às famílias da margem direita do Estaca.

O dique cedeu por volta das 6 horas de terça-feira e, além das, casas, danificou a BR-163, que segue parcialmente interditada e deve ficar em obras durante as próximas semanas. O tráfego segue em meia pista e a previsão da CCR é de que os trabalhos de recuperação se estendam durante 15 dias até liberar as duas pistas. 

Preocupante

Ar de Campo Grande está entre os mais poluídos do país, diz estudo

Segundo a lista divulgada pela Folha de São Paulo, a capital de Mato Grosso do Sul teve a qualidade do ar classificada como insalubre e superior à cidade de São Paulo nesta sexta-feira (12).

12/09/2024 12h03

Campo Grande ficou encoberta por fumaça do Pantanal por mais de 10 dias.

Campo Grande ficou encoberta por fumaça do Pantanal por mais de 10 dias. Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Nesta sexta-feira (12), Campo Grande amanheceu entre as cinco capitais com a pior qualidade do ar no Brasil. A capital de Mato Grosso do Sul ocupa atualmente a 5ª posição, superando a cidade de São Paulo, segundo dados de monitoramento da empresa suíça QAir.

De acordo com o indicador, Campo Grande atingiu nesta manhã o valor de 153, que coloca a cidade em alerta vermelho de "ar insalubre" para grupos vulneráveis. Em São Paulo, o valor registrado hoje (12) foi de 99, colocando a capital paulista em alerta amarelo moderado.

Em outro ranking que considera as maiores metrópoles do mundo, a região Sudeste do país estava no topo na tarde de ontem (11), pela terceira vez consecutiva, conforme dados divulgados pela Folha de São Paulo.

Veja as capitais brasileiras com pior qualidade do ar: 

1º - Rio Branco (AC)
2º - Porto Velho (RO)
3º - Cuiabá (MT)
4º - Curitiba (PR)
5º - Campo Grande (MS)
6º - Florianópolis (SC)
7º - Porto Alegre (RS)
8º - São Paulo (SP)
9º - Maceió (AL)
10º - Manaus (AM)

Desde junho, Campo Grande estava dentro de um corredor de fumaça proveniente do norte do país, com as queimadas na região amazônica, passando por Peru, Bolívia e Paraguai e seguindo em direção à Argentina e ao sul do país.

Desde então, os campo-grandenses tiveram que se adaptar à névoa acinzentada que fazia parte do cenário, a qual começou a ser vista com menos intensidade desde o fim de agosto e início de setembro.


Classificação

Os dados da qualidade do ar medida pelo IQAir é utilizada desde 1976 nos Estados Unidos. Ela serve como análise para comparar qualidade de ar ao redor do mundo. 

Os índices utilizados pelos estudos vão de 0 a 500. Quando maior o número, pior a qualidade do ar naquela região: boa (0 a 50); moderada (51 a 100); insalubre para grupos sensíveis (101 a 150); insalubre (151 a 200); muito insalubre (201 a 300); perigosa (301 ou mais).


Mato Grosso do Sul terá chuva preta neste fim de semana


Divulgado esta semana pelo Correio do Estado, a previsão do tempo para o final de semana prevê a chuva preta em diversas cidades do estado. 

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há possibilidade de pancadas de chuva neste sábado (14) e domingo (15), o que deve aliviar o calorão, sobretudo na região sul do Estado.

Chuva preta é um fenômeno atmosférico que ocorre quando a chuva se mistura com fuligem, cinzas ou outras substâncias escuras misturadas com a água, que se formaram a partir de queimadas e incêndios.

O resultado é gotas de chuva com coloração mais escura que o normal: marrom ou preta.

Em entrevista ao Correio do Estado, o meteorologista Natálio Abrahão afirmou que, em razão da fumaça oriunda dos incêndios e queimadas no Pantanal, a probabilidade de cair chuva preta neste fim de semana é gigantesca.

“Na atual situação, pode ocorrer chuva preta sim. Chuva preta é resultado da atmosfera que apresenta substâncias decorrentes das queimadas de florestas, lixões e incêndios de casas e obras. Portanto, pode ocorrer quando a chuva vem de nuvens acima dessas substâncias e se associam formando esse aglomerado de substâncias”, explicou Abrahão ao Correio do Estado.

A chuva preta pode se formar de duas formas:

  • Quando a carga de poluentes se encontra com uma nuvem de chuva, os materiais se agregam e há precipitação
  • Quando a "pluma de fumaça" se forma abaixo da nuvem, e a água capta essa sujeira ao chover

A chuva preta é prejudicial para ao meio ambiente e saúde humana/animal. O fenômeno pode poluir o solo, vegetação, rios, mananciais e lagos. Ao ser humano, causa problemas respiratórios.

Abrahão aconselha que a população não se exponha a chuva deste fim de semana. “É sempre importante não se expor, tanto pessoas quanto animais à chuvas que ocorrem depois de longos períodos de estiagem. A melhor chuva é a segunda porque aí a atmosfera já estará limpa”, detalhou.

A chuva preta é diferente da chuva ácida, pois, a chuva ácida ocorre a partir da fumaça de fábricas/indústrias, que liberam enxofre e nitrogênio que podem reagir com água, formando ácido sulfúrico e ácido nítrico.

 

*Claborou Naiara Camargo/ Correio do Estado 

 

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projeto vinhaça

Canaviais de usina invadem áreas de preservação, aponta MPE

Estudo identificou plantio irregular em 11 fazendas de Naviraí, região onde existe a área federal de proteção das Várzeas do Rio Paraná

12/09/2024 11h59

Usina de Naviraí está localizada às margens da BR-163 e do Rio Amambai, próximo à região urbana do município

Usina de Naviraí está localizada às margens da BR-163 e do Rio Amambai, próximo à região urbana do município

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Investigação feito por técnicos do Ministério Público Estadual descobriu indícios de que os canaviais de pelo menos 11 fazendas utilizadas pela usina de açúcar e etanol de Naviraí invadiram áreas de preservação ambiental ou de várzeas próximas a córregos ou rios da região sul do Estado.

Mas, somente uma delas virou alvo de inquérito do MPE, cuja instauração foi publicada no diário oficial desta quinta-feira (12). Trata-se de uma fazenda de 590 hectares e, segundo o relatório do Ministério Público, 14 hectares de canaviais estão em área proibida, o que caracterizaria crime ambiental. 

A maior parte das demais fazendas que teriam invadido áreas proibidas está localizada dentro da chama Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, que é uma área sob responsabilidade do Governo Federal e por conta disso o MPE não tem competência legal para levar a investigação, adiante. 

Os dados, então, foram repassados ao Ministério Público Federal, que agora terá de definir se leva ou não adiante a investigação sobre supostos crimes ambientais. Por conta disso, o estudo não aponta a quantidade de terras de preservação que teriam sido ocupadas irregularmente pela usina.

As fazendas onde estaria ocorrendo o plantio irregular, vistoriadas ainda em setebro do ano passado, pertencem a diferentes proprietários, mas estão arrendadas à Usina Rio Amambaí Agroenergia, que repassa o equivalente a 15% daquilo que colhe aos donos das terras a título de arrendamento. Por conta disso o alvo do MPE é a usina e não os proprietários das terras.

Em sua defesa, a admnistração da usina nega as supostas irregularidades na fazenda sob investigação e alega que o MPE utilizou documentos que já haviam sido corrigidos pelo dono das terras. Além disso, alega que até preserva áreas maiores do que aquelas que a legislação exige. 

Mesmo assim, o estudo inicial foi transformado em inquérito civil para apurar se os dados iniciais que apontam o plantio irregular estão ou não corretos. A descoberta desta suposta invasão dos canaviais em áreas de várzea ocorreu em meio ao chamado “Projeto Vinhaça”. 

Por conta desse projeto, técnicos do MPE fazem vistorias nas usinas para investigar a correta destinação da vinhaça, que em outras regiões do Estado é apontada como responsável pela proliferação da mosca do estábulo, que acaba atacando bovinos nas imediações de usinas. 

A usina de Naviraí tem capacidade para processar até 3,1 milhões de toneladas de cana por ano, mas atualmente industrializa em torno de dois terços disso. Mesmo assim, produz em torno de 1,53 bilhão de litros de vinhaça. 

Esse material é utilizado para adubar os canaviais espalhados eu longo de 10,4 mil hectares explorados pela Usina Rio Amambaí Agroenergia na região. No caso desta usina, conforme o relatório do MPE, não foram encontradas irregularidades significativas na distribuição desta vinhaça. 

Porém, foram descobertos 14 locais com uso excessivo do fertilizante, o que pode, em tese, acabar prejudicando o lençol freático. Mas, os próprios técnicos do MPE observam que o Imasul alterou algumas normas e já admite teor de potássio superior a 5% em áreas com fertiirrigação. 

Com 830 funcionários, a usina está instalada às margens da BR-163 e do Rio Amambai, próximo à área urbana de Naviraí. Além de ter capacidade para produzir até 5,5 mil toneladas de açúcar por ano e 1,4 milhão de litros de etanol por dia, a usina tem capacidade para produzir até 78 MW de energia elétrica, com a queima do bagaço da cana. 

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