Nesta semana a análise recai sobre os produtos que MS comercializa com o mundo em 2025, e, nossa relação direta com a Rota Bioceânica via Campo Grande.
O estado de Mato Grosso do Sul demonstrou um desempenho robusto em seu comércio exterior nos primeiros dez meses de 2025, consolidando sua posição como um importante player no cenário nacional. A balança comercial do estado registrou um superávit de US$ 6,91 bilhões, um crescimento de 8,98% em relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações totais alcançaram US$ 9,08 bilhões, um aumento de 4,24%, enquanto as importações recuaram 8,43%, totalizando US$ 2,17 bilhões [1,2,3].
Principais Produtos e Destinos
A pauta de exportações sul-mato-grossense é liderada por commodities de alto valor agregado, com destaque para a celulose, que representa 29,34% do total exportado. Em seguida, aparecem a soja (24,51%) e a carne bovina (16,36%). A China se mantém como o principal parceiro comercial, absorvendo 45,61% das exportações do estado, seguida pela Itália e pelos Estados Unidos.
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Principais Produtos Exportados (MS)
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Participação (%)
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Celulose
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29,34%
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Soja
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24,51%
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Carne Bovina
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16,36%
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Açúcares e Melaços
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6,57%
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Minério de Ferro
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5,98%
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No que tange às importações, o gás natural continua sendo o principal item, embora tenha apresentado uma queda significativa de 31% em relação a 2024.
O aumento na importação de equipamentos para a indústria de celulose conforme figura abaixo, no entanto, sinaliza a continuidade dos investimentos no setor, e, que teremos ainda maior aumento com as fábricas que ainda entraram em funcionamento e com as novas plantas anunciadas pelo Governo do Estado.
Desempenho de Campo Grande no Comércio Internacional
Campo Grande é conhecida como a capital da Rota Bioceânica, importante destaque na economia de serviços e comércio, a capital consolidou-se ainda como o terceiro maior município exportador de Mato Grosso do Sul em 2025, respondendo por 7,5% de todas as vendas externas do estado. A análise da pauta de exportações revela a força e a especialização da economia local. As exportações estimadas para o município, de janeiro a novembro, ultrapassam os US$ 500 milhões, refletindo a robustez de sua base produtiva.
Balança Comercial e Evolução Mensal
A estimativa mensal das exportações de Campo Grande em 2025 demonstra uma atividade consistente, com uma média de US$ 41,8 milhões por mês. O desempenho acompanha a tendência estadual, com picos de atividade que refletem a sazonalidade da produção e a demanda dos mercados internacionais. A análise da balança comercial do município é majoritariamente superavitária, impulsionada pela forte demanda por seus produtos de exportação.
Principais Produtos: O Domínio do Complexo Frigorífico
A pauta de exportações de Campo Grande é liderada pelo complexo frigorífico, com destaque para a carne bovina. Este setor não apenas domina as vendas externas do município, mas também apresentou um crescimento expressivo de 37% no acumulado de janeiro a setembro de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, superando o já robusto crescimento do setor de celulose [1,2]. Este dado evidencia a competitividade e a alta qualidade dos produtos de origem animal da região.
Principais Destinos
Seguindo a tendência estadual, os principais destinos dos produtos de Campo Grande são:
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China: Principal comprador da carne bovina e outros produtos do agronegócio.
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Estados Unidos: Um mercado importante, apesar de barreiras comerciais recentes que têm incentivado a diversificação.
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Outros Mercados: O estado tem buscado ativamente novos parceiros comerciais na Ásia e América Latina para reduzir a dependência de mercados tradicionais.
Análise Comparativa e Contexto Estadual
O desempenho de Campo Grande está inserido em um contexto de forte crescimento do comércio exterior de Mato Grosso do Sul. Em 2025, o estado registrou um superávit de US$ 6,91 bilhões de janeiro a outubro, um aumento de quase 9% em relação a 2024. As exportações totais cresceram 4,24%, enquanto as importações diminuíram 8,43% [2].
O crescimento trimestral das exportações industriais do estado em 2025 superou consistentemente os números de 2024, sinalizando um ano de recordes e expansão. Campo Grande contribui diretamente para este resultado, especialmente no terceiro trimestre, que registrou o maior volume de vendas ao exterior.
A Rota Bioceânica: O Futuro Logístico de Campo Grande
A Rota Bioceânica posiciona Campo Grande como o epicentro de um novo corredor logístico que conectará o Atlântico ao Pacífico. Para a capital, os impactos serão transformadores:
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Consolidação como Hub Logístico: A cidade se tornará o principal ponto de partida para o escoamento da produção do Centro-Oeste brasileiro rumo à Ásia, reduzindo o tempo de trânsito em até 17 dias e os custos de frete em cerca de 30% [3].
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Atração de Investimentos: A nova infraestrutura logística atrairá investimentos em armazenagem, processamento e serviços de apoio ao comércio exterior, gerando empregos e diversificando a economia local.
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Aumento da Competitividade: A redução dos custos logísticos tornará os produtos de Campo Grande, especialmente a carne bovina, ainda mais competitivos nos mercados mais exigentes do mundo.
A análise detalhada do comércio internacional de Campo Grande em 2025 revela uma economia exportadora forte, especializada e em crescimento, com o complexo frigorífico como seu principal motor. O desempenho do município, alinhado ao crescimento recorde do estado, demonstra sua importância estratégica para a balança comercial de Mato Grosso do Sul. Com a iminente conclusão da Rota Bioceânica, Campo Grande está prestes a iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, consolidando-se não apenas como uma potência do agronegócio, mas como um hub logístico vital para o comércio exterior brasileiro.
Referências
[1] Observatório da Indústria FIEMS. (2025). Radar Industrial - Exportação de Produtos Industriais - MS (Setembro 2025).
[2] Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC). (2025). Boletim de Comércio Exterior - Outubro 2025.
[3] Dossiê Rota Bioceânica (UCDB). https://interacoesucdb.emnuvens.com.br/interacoes/issue/view/165