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Marco das criptomoedas pode reduzir fraudes?

Trata-se de uma jornada extensa demais para quem confiou boa parte em alguns casos, uma vida toda de suas economias.

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Um grande passo para o mercado das criptomoedas e seu crescimento exponencial foi dado no Brasil. O Projeto de Lei nº 4.401/2021, conhecido como Marco Legal das Criptomoedas, foi aprovado e a nova regulamentação reflete um amadurecimento sobre o tema, o que pode trazer uma maior segurança para novos investimentos no País.

Entretanto, a nova norma também deixou algumas lacunas e pontos a serem aperfeiçoados. E também não podemos esquecer que já existe um grande passivo de investidores espalhados por todo o território brasileiro que foram vítimas de diversas empresas clandestinas, que aproveitaram um mar de oportunidades em um oceano sem regulamentação.

Sem dúvidas, a nova regulamentação será uma diretriz importante para novos negócios que surgirão. E deve diminuir as “janelas” para os golpistas que aproveitam esse mercado de criptos em todo o mundo para “fisgar” vítimas com a promessa de retorno expressivo de dinheiro em um curto espaço de tempo.

O novo marco estabelece um caminho geral de funcionamento do mercado. Um ponto positivo é a segregação patrimonial, que estabelece a definição clara de quais recursos financeiros são da empresa e quais são do investidor.

Trata-se de um tema que tem sido evidenciado com os casos das exchanges internacionais que estão falindo e sumindo com o dinheiro dos clientes, como a FTX.

Assim como as empresas que no Brasil estão pedindo recuperação judicial para criar mais um obstáculo para que os investidores tenham acesso ou recuperem seu dinheiro.

Entretanto, o novo marco não significa que a regulamentação do setor não precisa avançar. Parece ser apenas mais um capítulo de um livro, que até então estava recheado de histórias trágicas para os investidores, vítimas de grandes vilões que parecem ter saído das histórias de ficção de grandes filmes.

O texto atual do marco deixa lacunas como a necessidade de segregação patrimonial e de cadastro perante o CNPJ, por exemplo.

É preciso fechar o cerco contra novas fraudes. Pois, atualmente, temos um grande passivo. Não é de hoje que casos de golpes e fraudes financeiras praticadas na formação de pirâmides, envolvendo milhões de vítimas dentro e fora do País, têm uma velocidade maior do que aquela que se deseja no âmbito da Justiça. São casos como o da Atlas

Quantum e o da GAS Consultoria, por exemplo, que têm à frente mentores ardilosos e que movimentaram bilhões de reais e afetaram milhares de pessoas em mais de 50 países.

Por isso, apesar de o marco representar uma luz no caminho, não podemos nos esquecer de que existe também uma longa e desafiadora estrada a se percorrer para os investidores vítimas de fraudes financeiras no País.

Isso porque na esfera criminal federal, onde tramita o processo de investigação, o crime pesa contra o sistema financeiro e precisa seguir um grande rito para que somente ao fim, dentro dos efeitos da condenação, o juiz defina e assegure os direitos dos lesados.

Trata-se de uma jornada extensa demais para quem confiou boa parte – em alguns casos, uma vida toda – de suas economias.

Com o objetivo de reduzir esse trajeto, faz-se necessário priorizar casos dessa natureza no âmbito das operações policiais.

Hoje, menos de 5% dos casos identificados de empresas fraudulentas foram convertidos em medidas cautelares patrimoniais e pessoais, gerando assim uma sensação de impunidade nos golpistas, ainda que grande parte das medidas tenha ocorrido em 2021 e 2022, o que já gera um sentimento de que o jogo está virando no combate às fraudes.

 Ademais, que novos caminhos – seja no Legislativo, seja no Judiciário – sejam criados para reduzir o tempo para que os investidores consigam reaver seus ativos investidos e que os criminosos sejam exemplarmente punidos.

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ARTIGOS

Pensar fora da caixa

13/03/2025 07h45

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Um texto é sempre uma costura desigual, que insere novas ideias, em que os fios se entrelaçam e podem resultar em um pensamento fora da caixa. Quando falamos em pensar fora da caixa, fora dos ambientes burocráticos, significa que temos mais liberdade para expressar nossas ideias. Queremos abordar conceitos como acessibilidade, possibilidades, credibilidades e interesses no exercício do trabalho e na busca de emprego. 

Desempenhar funções, em diferentes empresas, para os cotistas difere dos demais funcionários. Para aqueles que preenchem vagas de cotas, as funções são as de menos importância, e as pessoas correm o risco de não conseguir atravessar o período de experiência. Por vezes, são dispensados por falta de assistência, a qual poderia modificar a condução das tarefas.

As orientações são imprescindíveis, e os colegas também podem colaborar para melhorar o desempenho das funções. Dada a variedade de deficiências e das características delas, o cotista pode ser contratado para um tipo de trabalho e ter habilidades para outras funções. Neste caso, ele teria de ser alocado em diferentes setores, de modo que ele possa verificar quais são aquelas funções em que ele pode investir mais esforços e obter o sucesso desejado por ele e pela empresa. Esta mobilidade poderia ocorrer com o auxílio dos colegas, que vão acompanhar o trabalho diário.

Pensar fora da caixa ajuda a idealizar uma situação diferente para o cotista, que tem maturidade suficiente para ter acesso à acessibilidade e aos conhecimentos produzidos pela empresa, a desenvolver empatias que possam melhorar o ambiente de trabalho e a adaptar as lacunas vindas das deficiências às necessidades da empresa.

No caso do uso da língua brasileira de sinais (Libras), pode ocorrer o que se chama de violência linguística, com a proibição da comunicação entre os surdos e também existe a desvalorização ou negação, ignorando a comunicação entre os mesmos e forçando-os a se adaptar. Durante séculos esta comunicação foi proibida. Schlünzen, Di Benedetto e Santos (2012), ao escreverem a história das pessoas surdas, mencionam que o padre Espanhol Juan Pablo Bonet (1579-1633) criou o alfabeto manual, em que cada palavra tinha um valor simbólico visual. Neste percurso histórico, o drama ainda continuou, pois o alfabeto manual difere do ensino das línguas. A situação vulnerável da pessoa surda ainda continua, e é preciso sempre lembrar que a inclusão e a cidadania dependem das atitudes de toda a sociedade em relação às deficiências. 

Já temos a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015), a qual institui a inclusão da pessoa com deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Precisamos colocá-la em prática, ou seja, encorajar as pessoas a aceitarem uns aos outros e exercer os direitos e os deveres, de modo a garantir que a lei se cumpra e que possamos legitimá-la. 

Então, o que é pensar fora da caixa? Pensar conforme regem as leis e também ter empatia para com pessoas com deficiência, ter prazer em aprender com elas e por elas, ou seja, por exemplo aprender Libras, Braille e, acima de tudo, isso é fazer a diferença.

Convido você a fazer a diferença e a pensar fora da caixa. Vamos?!

ARTIGOS

Mulheres na política, avanços e desafios

13/03/2025 07h30

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É estatístico: a presença feminina na política subiu no Brasil. Os dados eleitorais indicam que houve um crescimento do número de mulheres em todos os cargos em disputa nas eleições municipais de 2024, em comparação ao pleito anterior, realizado em 2020. Esse é um avanço que merece ser relembrado e comemorado de forma especial agora em março, quando é celebrado o Mês da Mulher.

Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, nas eleições municipais de 2024, quase 730 mulheres foram escolhidas para assumir os postos mais altos das prefeituras de seus respectivos municípios. Em comparação a 2020, o aumento foi de 7%. Já para os cargos de vice, foram eleitas 1.066 mulheres, em uma escalada de 15%. Elas também conquistaram maior número de cadeiras nas Câmaras Municipais, com crescimento de 12%.

São números significativos, que chegam quando estamos próximos de alcançar os 100 anos da eleição da primeira prefeita do Brasil e da América Latina. Alzira Soriano foi eleita em 1929, no município de Lajes, no Rio Grande do Norte, e abriu as portas do mundo político para as mulheres brasileiras. Se estivesse viva, certamente estaria inquieta em busca de novas conquistas. Desafios não faltam. 

Apesar de ser crescente o número de mulheres eleitas, ainda há no Brasil um ambiente político pouco favorável ao surgimento de grandes lideranças femininas. Atualmente, temos apenas duas prefeitas nas capitais brasileiras, em Aracaju e Campo Grande. Se observarmos as eleições de 2022, veremos que foram eleitas apenas duas governadoras, nos estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco, e somente quatro mulheres saíram vencedoras na disputa para o Senado.

Já na Câmara dos Deputados, os dados são mais animadores. A bancada feminina saltou de 77, em 2018, para 91, em 2022. E é justamente dela que vem um dado preocupante: a cota mínima de 30% de candidaturas femininas foi descumprida em mais de 700 municípios brasileiros em 2024.

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados divulgou os dados, por meio do Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), e os encaminhou ao TSE e à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) com a solicitação de que sejam empenhados esforços para o cumprimento da legislação eleitoral.

E é bom que os partidos estejam mais atentos a esse tema, não simplesmente porque a lei está mais rígida e a fiscalização mais ampla, mas por uma questão de sobrevivência. Temos hoje um novo eleitor, mais bem informado e consciente de seus direitos e dos direitos dos outros, e novas tendências de perfis de candidatos eleitos, com maior representatividade de mulheres e minorias na política.

Os tempos mudaram. Felizmente.

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