Política

DISPUTA FEMININA

Adriane e Rose avançam ao 2º turno das eleições para prefeita de Campo Grande

A atual prefeita obteve mais de 140 mil votos, enquanto a ex-deputada federal chegou a mais de 131 mil votos no 1º turno

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Pela primeira vez na história de Campo Grande o segundo turno das eleições municipais será disputado por duas mulheres: a atual prefeita Adriane Lopes (PP) e a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil). Ou seja, também pela primeira vez a Capital terá uma prefeita eleita, pois Adriane era vice-prefeita e a primeira a assumir o cargo, a ex-vereadora Nelly Bacha, foi nomeada.

Além de ser um segundo turno inédito, o embate entre as duas candidatas foi uma surpresa, pois em todas as pesquisas o candidato do PSDB, deputado federal Beto Pereira, estava na frente de Adriane Lopes e disputaria a cadeira de chefe do Executivo municipal com Rose Modesto.

Com 100% das urnas apuradas, a prefeita Adriane Lopes obteve 140.913 votos (31,67%) dos votos, enquanto Rose Modesto alcançou 131.525 votos (29,56%). Beto Pereira atingiu 115.516 votos (25,96%), a petista Camila Jara fez 41.966 votos (9,43%), o representante do Novo, Beto Figueiró, somou 10.885 votos (2,45%), o candidato do Psol, Luso Queiroz, chegou a 3.108 votos (0,7%) e o do DC, Ubirajara Martins, ficou com 1.067 votos (0,24%).

EM PRIMEIRO

Ao comentar a ida para o segundo turno, a prefeita Adriane Lopes disse que estava muito feliz de chegar em primeiro lugar.

“As pesquisas todas diziam que eu não conseguiria, mas eu agradeço a Deus, que me sustentou até aqui, e agradeço a todas as pessoas que nos credenciaram um voto de confiança. Agradeço a minha vice Camila, que está aqui ao meu lado, agradeço a essa mulher que me inspira, a senadora Tereza Cristina, agradeço ao meu esposo, deputado estadual Lídio Lopes, e aos meus filhos que andaram comigo”, declarou.

Adriane também fez questão de agradecer ao carinho dos campo-grandenses:

“Quero agradecer a você que abriu a sua casa para nos receber nesse tempo de uma campanha de propostas. Nós apresentamos propostas para a cidade, nós trabalhamos nesse tempo apresentando um caminho para Campo Grande, e as pessoas entenderam que dois anos é pouco tempo e que nesses dois anos nós conseguimos avançar bastante, e acredito aí que a primeira etapa da batalha nós vencemos”.

Sobre as alianças, ela disse que a partir de hoje vai começar a cuidar dessa parte. “Agora, amanhã [hoje] é dia de começar cedo no trabalho, de ir para cima. Davi venceu a batalha contra Golias com a inteligência, não com a força, e é assim que a gente quer vencer a batalha. Eu acho que esse momento é hora de sentar e de construir novas alianças para que a gente possa avançar”, afirmou.

Adriane reforçou o apoio da senadora Tereza Cristina. “Desde o primeiro momento, ela começou todas as articulações políticas, e eu vou deixar as articulações com ela pela experiência e também por ter acreditado em mim desde o primeiro momento e vindo conosco até esse momento tão especial para nós, para a construção do nosso partido”, falou, olhando para a senadora.

Por sua vez, Tereza Cristina disse que vai conversar com todo mundo, pois a política é a arte de construir, de dialogar. “Aí, depois, nós vamos dizer qual vai ser a estrutura, o que é que nós estamos pensando aí para o segundo turno. Nós estamos muito animados, cheios de força, e eu tenho certeza que vai dar certo”, garantiu.

A prefeita ainda fez questão de agradecer ao deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS). “Nesse caminho, nós tivemos o apoio do deputado federal Dr. Luiz Ovando, que foi muito importante para nós. Ele foi um guerreiro nessa campanha, esteve conosco todas as semanas aqui em Campo Grande”, declarou.

Para finalizar, a prefeita disse que o primeiro turno foi a primeira batalha:“Nós chegamos contrariando tudo e todos. Para nós, foi uma grata surpresa, desde a primeira urna aberta até o fim das apurações estar em primeiro lugar, contrariando tudo e todos. Então, eu acho que a primeira batalha a gente venceu, amanhã [hoje] a gente acorda cedo e continua a luta, falando para os campo-grandenses do nosso trabalho. Dois anos é pouco tempo, a população entendeu, e a gente vai fazer muito mais pela nossa cidade. Obrigado”.

ELEIÇÃO DIFÍCIL

Já a candidata Rose Modesto agradeceu a Deus por tê-la conduzido até este momento: “Também quero agradecer a Deus por ter me protegido. Uma eleição extremamente difícil, dura. Eu sempre disse que nós teríamos um desafio enorme disputando contra três máquinas, e hoje a gente chega nessa eleição com muita gratidão a Deus e à população de Campo Grande”.

A ex-deputada federal ainda lembrou das fake news divulgadas contra ela.

“Só quem viu os bastidores da eleição, só quem viu tudo o que a gente sofreu de ataque, de fake news, infelizmente, da estrutura financeira em suma. O eleitor em Campo Grande, em todos os bairros, não ficou muito claro o que aconteceu nesses últimos dias, mas a população já tinha decidido que nos teria disputando essa eleição com chance de ser prefeita no lado do segundo turno”, afirmou.

A respeito da eleição, ela disse que tem convicção de que a cidade quer algo novo.

“A cidade quer mudança, e agora a palavra de gratidão a todos vocês, a palavra de gratidão a todos os eleitores que me colocam aí com praticamente 30% dos votos no empate técnico nesse segundo turno. Ou seja, gratidão a eles, gratidão à militância nossa, aos amigos, a quem foi pra rua, a quem foi bandeirar, a quem foi fazer as disputas”, pontuou.

Rose ainda argumentou que as instituições e as associações acreditaram na sua candidatura até debaixo de pressão. “Aquele votinho silencioso, que não pôde vir a uma reunião, que não pôde tirar uma foto comigo, mas que apostou quietinho e que veio. Aqueles que mesmo sabendo das retaliações, queriam sofrer, tiveram coragem, vieram, colocaram a cara.

A vocês, meu, muito obrigada pela confiança, pelo carinho. E saibam que esse projeto, eu disse desde o início, esse projeto não é apenas meu, não é um projeto pessoal, esse é um projeto de cidade. E por ser um projeto para a cidade, eu não tenho dúvida que a gente vai vencer essas eleições. Quero agradecer aqui o papel da imprensa, que foi muito importante”, garantiu.

A respeito da aliança para o segundo turno, ela disse que primeiro vai buscar dialogar com todos os eleitores dos candidatos que não chegaram ao segundo turno. “A política é feita de diálogo, mas ela é feita também dos posicionamentos, das bandeiras que a gente sempre acreditou, que a gente sempre defendeu. E é com esse espírito que eu quero dialogar com os eleitores de todos os demais partidos que não chegaram ao segundo turno”, afirmou.

A candidata completou explicando que o seu projeto representa a mudança que a cidade e as pessoas querem.

“Nesse momento ficou para mim essa responsabilidade de poder representar essa mudança. Acho que nesse diálogo com o eleitor, nós temos formas de identificar por meio de pesquisas nas nossas redes sociais, e é desse jeito que a gente vai buscar ampliar a nossa porcentagem de votos. E se Deus quiser chegar, com a maioria dos votos na eleição agora do segundo turno”, projetou.

Com relação aos eleitores de Beto Pereira e Camila Jara, ela pretende procurá-los. “Eu acho que uma coisa que fica muito clara é que, às vezes, o eleitor está muito mais sintonizado naquilo que ele quer para a cidade do que na pessoa CPF, física. Então, o debate da eleição é natural, é para um lado, para o outro. Agora, o que importa para o eleitor, tanto do Beto quanto da Camila, como para o eleitor dos demais candidatos, é quem é que vai incorporar o melhor projeto para a cidade que eles estão esperando. Então, eu tenho certeza que a gente vai conseguir buscar o voto desses eleitores”, analisou.

Rose ainda comentou sobre o seu antigo partido, o PSDB. “Na verdade, é uma coisa muito importante deixar claro aqui, a minha saída do PSDB nunca foi nada pessoal, é sonho. E talvez um olhar diferente em algumas pautas, que é importante, é aquilo que a gente tem a coragem. Se eu não concordo como a política pública está sendo desempenhada de uma forma ou de outra, eu fui lá seguir o meu caminho”, disse.

Ela reafirmou que o eleitor do PSDB e dos outros partidos terão de buscar o melhor projeto para cuidar de Campo Grande entre duas candidaturas.

“E eu tenho certeza que tem muitos eleitores que votaram nos demais candidatos vão poder, com certeza, caminhar com a gente, compreendendo que o projeto que representa a mudança é o nosso. Até porque eu nunca estive na prefeitura, não foi e não coube a mim essa responsabilidade de cuidar da saúde, que é o que eu quero fazer, para poder diminuir essa questão mesmo com o descaso com a saúde pública. Campo Grande chegou no fundo do poço, ao ponto de não ter dipirona para dar para a população. Campo Grande deixou mais de 8 mil crianças fora de uma creche”, informou.

A candidata acrescentou que Campo Grande tem hoje problemas com moradores em situação de rua, o que trouxe um ambiente de insegurança e, ao mesmo tempo, um problema grave de saúde pública que é a dependência química.

“Campo Grande tem problemas de infraestrutura que são problemas de mais de 30 anos. Então, hoje, quem já está aí não vai poder falar mais de mudança. A mudança agora está representada na nossa candidatura, e eu tenho certeza que todos os eleitores de todos os demais candidatos que não chegaram no segundo turno vão poder enxergar, reconhecer e caminhar com a gente. Nós vamos buscar com muita humildade o apoio desses eleitores”, citou.

Rose assegurou que o próximo passo é sentar com a coordenação da campanha.

“A campanha já começou hoje. Nós já vamos começar hoje [ontem] fazendo uma reunião de trabalho, e amanhã já organizando pra ir pra rua novamente. Então, o primeiro passo agora é a gente poder fazer essa organização e já de imediato buscar esses eleitores que não conseguiram chegar ao segundo turno com seus candidatos e mostrar para eles que nós estamos mais preparados, com mais experiência, com capacidade de dialogar com todo mundo, para poder fazer de Campo Grande essa cidade tão especial, que todo mundo está esperando e merece ter. Eu penso que política a gente faz dialogando, sem abrir mão das nossas ideologias, sem a gente ter que vender princípios, entendeu?”, questionou.

A ex-deputada federal abordou o fato de pela primeira vez disputar o segundo turno em Campo Grande. “Eu acho que é importante, eu acho que a mulher é preparada, a mulher que tem trabalho prestado, a mulher que tem realmente condições de estar ocupando aquele cargo.

É muito bom você ver as mulheres ocupando espaços como esse. Eu sempre defendi que, para você poder ter mais mulheres participando, ocupando essas cadeiras, você tem que ter coragem de disputar a eleição. Eu acho que a minha coragem de colocar o meu nome, de enfrentar três máquinas e vir para esse debate me dá a possibilidade hoje de chegar onde eu cheguei”, disse.

No entanto, ela pontuou que não basta ser mulher: “Tem que ser mulher competente, tem que ser mulher que não tem problema com a Justiça, tem que ser mulher que sabe fazer gestão, porque, afinal de contas, é uma cidade de quase um milhão de habitantes. Então, não é só porque é mulher ou é só porque é homem, mas tem que ser competente, tem que estar preparado para poder fazer a gestão que o Campo Grande precisa ter”.

Para finalizar, a ex-deputada federal reforçou que agora vai buscar como primeira aliança a mais importante de todas, os eleitores. “Nesse momento, a aliança mais importante é com os eleitores. São muitos eleitores que votaram em outras candidaturas, e nós vamos procurar comunicar com eles e, lógico, dialogar com todos aqueles que entendem que o nosso projeto é o melhor projeto para Campo Grande”, concluiu.

Saiba

Beto Pereira agradece os votos obtidos

Terceiro colocado na disputa para a Prefeitura de Campo Grande e fora do segundo turno das eleições, o deputado federal Beto Pereira (PSDB) enviou nota à imprensa agradecendo aos seus mais de 115 mil eleitores. 

“Essa expressiva votação é uma demonstração clara de que estamos no caminho certo e reforça ainda mais o meu compromisso de seguir trabalhando incansavelmente pela nossa cidade e por Mato Grosso do Sul”, afirmou. Ele, que contou com o apoio oficial do governador Eduardo Riedel (PSDB) e do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), desejou à próxima prefeita de Campo Grande muito sucesso em sua gestão.

“Espero que ela possa conduzir nossa Capital com sabedoria e compromisso, trabalhando sempre pelo bem-estar de todos os campo-grandenses”, disse. Beto ainda disse que continuará trabalhando pela cidade. “Continuarei empenhado em trazer melhorias e buscar soluções”.

(Colaboraram Naiara Camargo e Laura Brasil)

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ENTREVISTA

"Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas"

O ex-deputado federal também revelou que, caso seja confirmada a sua candidatura, a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda será a sua vice

20/12/2025 09h00

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal Marcelo Victor/Correio do Estado

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Após ser lançado como pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PT, o ex-deputado federal Fábio Trad concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado para comentar sobre esse novo desafio político na sua carreira pública.

“Posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do Estado brasileiro”, declarou.

Ele também destacou que suas prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Já na área ambiental, Fábio Trad disse que o Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. “Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente”, ressaltou.

Para a segurança pública, o ex-deputado federal disse que agirá com inteligência, rigor, integração entre forças, cooperação federativa e investimento em tecnologia.

“Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade”, afirmou o pré-candidato a governador.

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O que levou o senhor a disputar o governo de Mato Grosso do Sul neste momento da sua trajetória política?

Por enquanto, sou pré-candidato. Pré! Portanto, não falo como candidato, mas respondendo à sua pergunta, posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do estado brasileiro.

Entendo que Mato Grosso do Sul precisa dar um salto de qualidade na gestão pública, com mais sensibilidade social, planejamento e compromisso democrático.

Penso que, confirmada a candidatura, posso contribuir para um debate público com equilíbrio, diálogo e responsabilidade, até porque Mato Grosso do Sul precisa ter uma campanha eleitoral de verdade, honesta, leal, franca.

Caso contrário, os quatro anos do atual governador não serão submetidos a qualquer escrutínio público e isso não é bom para a população e para o Estado.

Qual é a principal diferença entre o seu projeto de governo e o da atual administração estadual?

Sendo confirmada a candidatura, proporei um modelo totalmente diferente da atual gestão. Isto porque a diferença central está na concepção de Estado.

Defendo um governo que enxergue desenvolvimento e justiça social como dimensões inseparáveis, com políticas públicas avaliáveis, transparência real e foco em resultados concretos para a população, especialmente nas áreas essenciais.

Quais serão as três prioridades do seu governo nos primeiros cem dias, se eleito?

Se confirmar minha candidatura, porque sou pré-candidato, as prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Na saúde, organizar a rede para reduzir filas e melhorar o acesso. Na educação, garantir condições adequadas de funcionamento das escolas e valorização dos profissionais. Na segurança, fortalecer ações integradas e inteligentes para ampliar a proteção da população.

Enfim, estabelecer um pacto institucional com os municípios para revisar prioridades orçamentárias e garantir que recursos públicos cheguem onde a população mais precisa.

Como o senhor pretende gerar emprego e renda em um estado fortemente dependente do agronegócio?

Se confirmar a candidatura, valorizando o agronegócio, mas diversificando a economia. Isso passa por incentivar cadeias produtivas locais, agregar valor à produção, fortalecer a indústria, a bioeconomia, a ciência, a inovação e apoiar pequenas e médias empresas.

De que forma seu governo pretende conciliar produção agrícola e preservação do Pantanal?

Se for confirmada a candidatura, com base na ciência, no cumprimento da lei e no diálogo. O Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente.

Mato Grosso do Sul vive conflitos históricos envolvendo terras indígenas. Qual será a sua postura como governador diante desse cenário?

Se for candidato, proporei uma atuação com firmeza institucional, respeito à Constituição e diálogo permanente.

Conflitos não se resolvem com omissão nem com radicalismo, mas com mediação qualificada, segurança jurídica e presença efetiva do Estado. Os direitos serão conciliados com muita escuta, diálogo paritário, respeito e estrito cumprimento da lei.

A saúde pública é uma das maiores queixas da população. O que o senhor fará para reduzir filas e melhorar o atendimento?

Sendo confirmada a candidatura, o tripé será: gestão, planejamento e integração. É preciso melhorar a regulação, fortalecer a atenção primária, otimizar o uso da rede existente e apoiar com muita força os municípios, que são a porta de entrada do sistema de saúde pública.

Como enfrentar o crime organizado e o tráfico nas regiões de fronteira do Estado?

Sendo confirmada a candidatura, com inteligência, rigor, integração entre forças de segurança, cooperação federativa e investimento em tecnologia. Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade.

Caso não tenha maioria na Assembleia Legislativa, como pretende governar e aprovar projetos?

Se se confirmar a minha candidatura, asseguro que haverá permanente diálogo institucional, respeito às diferenças e construção de consensos em torno do interesse público. Governar não é impor, mas construir o que é possível visando o bem comum. O Legislativo será respeitado e valorizado.

Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas humanas.

Só se avança em gestão se conjugarmos as ações na primeira pessoa do plural, nunca no personalismo. Será um governo de parcerias institucionais sólidas, transparentes e republicanas focadas nos interesses da população.

Por que o eleitor sul-mato-grossense deve confiar no senhor para governar o Estado?

Essa pergunta deve ser feita ao eleitor. De minha parte, só posso dizer que não proporei nada que não possa ser cumprido.

Como o senhor pretende contornar o fato de o seu irmão senador Nelsinho Trad disputar a reeleição apoiando a direita?

Com serenidade e respeito. Somos pessoas públicas com trajetórias, posições e responsabilidades próprias. O eleitor sabe distinguir relações familiares de projetos políticos. Não nascemos irmãos para sermos aliados na política, mas no afeto e no amor. Isso é inquebrantável!

Quem está cotado para ser seu pré-candidato a vice-governador?

Será a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda, esposa do deputado estadual Zeca do PT. A Dona Gilda é muito querida, respeitada, eticamente conceituada e trabalhadora, com experiência bem-sucedida em programas sociais de redistribuição de renda.

Ela dialoga bem com povos originários, quilombolas e indígenas, focando nos mais vulneráveis e na grande quantidade de pessoas pobres no Estado.

Como o senhor avalia a gestão do presidente da República?

O governo federal teve um bom desempenho, apesar de ser atrapalhado e sabotado por um congresso inimigo do povo. A conquista da isenção do Imposto de Renda para 58% da classe trabalhadora [até R$ 5.000, com benefício adicional até R$ 7.500] equivale a um 14º salário para muitos.

Essa medida é crucial para aumentar a renda da classe média trabalhadora e dos mais vulneráveis, embora possa não fazer diferença para salários mais altos”.

O senhor se sente à vontade no PT defendendo seus projetos de Estado?

Fui recebido com carinho e respeito pelos militantes do PT e do campo da esquerda, em virtude de minhas posições críticas ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desde 2019.

Com relação ao preconceito que as pessoas têm em relação ao PT, posso desmistificar essa ideia dizendo que é um partido muito aguerrido e combativo.

O PT é uma legenda programática, propositiva, muito preocupada com a questão social e a maior da América Latina.

O Brasil, sob o governo do presidente Lula, experimentou profundas transformações econômicas. O País saiu do mapa da fome, retirou 2 milhões de famílias do Bolsa Família, reduziu a taxa de desemprego e controlou a inflação, que hoje está compatível com a meta.

Houve uma diminuição significativa da desigualdade social, um problema histórico no Brasil. Os indicadores econômicos apontam para uma era de prosperidade, aumentando a renda e a dignidade das pessoas mais vulneráveis no nosso Estado.

*PERFIL

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federalFábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado
 

Fábio Trad

É advogado e professor universitário, com atuação reconhecida nas áreas de Direito Penal e Constitucional. Foi deputado federal por três mandatos consecutivos, período em que se destacou nacionalmente pela qualidade técnica de sua atuação parlamentar, sendo reiteradamente apontado como um dos melhores legisladores do País.

No Congresso Nacional, teve participação relevante em comissões estratégicas e nos principais debates sobre democracia, direitos fundamentais, justiça social, saúde, educação e segurança pública, sempre com postura independente, republicana e fiel à Constituição.

Na advocacia, atua no foro e nos tribunais, inclusive em instâncias superiores. Na docência, dedica-se à formação jurídica com foco na técnica e na função social do Direito. É palestrante e articulista, participando ativamente do debate público sobre temas jurídicos e institucionais.

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INVESTIGAÇÃO

Beto assina o pedido para prorrogação da CPMI do INSS por mais quatro meses

A comissão termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas poderá chegar até julho com a possibilidade de alongamento

20/12/2025 08h20

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS Waldemir Barreto/Agência Senado

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Em razão da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira e que resultou nas prisões de Romeu Antunes – filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS – e de Éric Fidelis – filho do ex-diretor de Benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) André Fidelis –, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS deve ser prorrogada por mais 120 dias.

A informação é do deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB), membro titular da CPMI do INSS, que assinou, na quinta-feira, o pedido de alongamento dos trabalhos, em função dos desdobramentos dos últimos dias.

“Assinei o pedido proposto pelo deputado federal Marcel van Hattem [Novo-RS] e acredito que a CPMI do INSS será prorrogada por mais 120 dias”, declarou.

O parlamentar explicou ao Correio do Estado que os novos fatos têm de ser fiscalizados pela Câmara dos Deputados e o Senado.

“Essa ação é necessária para que possamos desvendar e entregar à população o fim dos descontos aos aposentados e pensionistas de uma vez por todas”, pontuou.

Beto Pereira ainda apresentou o paradoxo de que o cidadão comum para aposentar enfrenta uma burocracia sem tamanho e para as empresas poderem aplicar descontos há uma facilidade sem precedentes. 

“Para aposentar é tão difícil, pois o trabalhador tem de apresentar tantos documentos, entretanto, para descontar é tão fácil, não precisa nem enfrentar nenhuma fila”, ironizou.

ASSINATURAS

A oposição ao governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já conseguiu obter o número mínimo de assinaturas para prorrogar os trabalhos da CPMI do INSS. Foram obtidas, até esta sexta-feira, as assinaturas de 175 deputados federais e 29 senadores.

Segundo o deputado Marcel van Hattem, não houve assinatura de petistas dessa vez. “Em menos de 24 horas conseguimos obter todas as assinaturas”, disse o parlamentar pelas redes sociais.

“Protocolamos esse requerimento ainda nesta sexta-feira, para que nós possamos submeter à leitura do presidente do Congresso Nacional para que os trabalhos não parem”, declarou.

A CPMI do INSS termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas, com a possibilidade de prorrogação, ela poderia se estender até julho do próximo ano.

A operação da PF mirando o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e as revelações ligando Fábio Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, ao esquema de roubo de aposentadorias deram um novo fôlego ao colegiado. Tanto que o relator da CPMI do INSS, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), pediu a convocação de Lulinha.

Durante a operação de quinta-feira, foram presos o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, o ex-chefe de gabinete de Weverton Rocha Romeu Carvalho Antunes, o filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis.

Como mostramos, a CPMI do INSS apontava o senador Weverton Rocha como um dos chamados “peixes grandes” no esquema.

O outro nome na mira da comissão é o do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT). Sobre Weverton, a esperança da CPMI era de que a PF pudesse desdobrar eventuais relações dele com o empresário Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor do senador.

Ele é apontado não somente como homem de confiança de Rocha, mas como quem teria assinado um documento que dava amplos poderes ao consultor Rubens Oliveira Costa, apontado pela PF como o “carregador de mala” do Careca do INSS.

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