Política

SOB NOVA DIREÇÃO

Azambuja entra para o PL para tentar pacificar partido e ampliar a bancada

Após 14 meses de negociações, o ex-governador decidiu trocar o ninho tucano também para disputar vaga ao Senado

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Na manhã deste domingo, chega ao fim uma das negociações de troca partidária que ocupou papel de destaque na mídia sul-mato-grossense ao longo dos últimos 14 meses e provoca uma guinada de 180° nas composições políticas do Estado para as eleições gerais do próximo ano.

Trata-se da migração do ex-governador Reinaldo Azambuja do PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para o PL, do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, com a missão de tentar pacificar a legenda, bem como fortalecer a sigla. 

Ao mesmo tempo, ele terá de comandar em Mato Grosso do Sul um arco de aliança formado também por outros partidos de centro-direita, como PP, União Brasil, Republicanos, Podemos, PSD e até o MDB, que, diferentemente de outros estados, aqui tem um viés à direita.

Em entrevista ao Correio do Estado, Azambuja recordou que as negociações para deixar o ninho tucano, onde ingressou em dezembro de 1996, ou seja, há quase 30 anos, começaram em julho do ano passado, quando foi tratar do apoio do ex-presidente Bolsonaro à candidatura do deputado federal Beto Pereira (PSDB) para prefeito de Campo Grande.

“A reunião foi no escritório do Bolsonaro em Brasília [DF] e, além do ex-presidente, também participaram o governador Eduardo Riedel, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o secretário-geral do partido, senador Rogério Marinho [RN]. O martelo foi batido em definitivo neste ano, antes da decretação da prisão domiciliar do Bolsonaro”, revelou.

O ex-governador confirmou à reportagem que chega com a missão de unir o partido, ao mesmo tempo em que torna a legenda mais forte em Mato Grosso do Sul, e que, nesse sentido, ele já assina a ficha de filiação com mais 19 prefeitos, que também vão deixar o PSDB, além de inúmeras lideranças tucanas, incluindo ex-prefeitos, ex-deputados e ex-vereadores.

“Logicamente até as eleições do próximo ano outros nomes devem chegar, incluindo até mais prefeitos e deputados federais e estaduais, cuja janela abre em março de 2026. Quero deixar o PL mais robusto e, logicamente, vou tentar contornar os pontos divergentes, afinal, todos nós perseguimos o mesmo objetivo, que é impedir o Lula 4”, declarou. 

O ex-governador disse que chegará ao partido para “somar e multiplicar, não para dividir. “Queremos dar mais musculatura política, respeitando também as lideranças que já estão no partido. Não quero excluir ninguém”, avisou, lembrando que seu outro objetivo no PL é eleger dois senadores de direita nas eleições do próximo ano, incluindo ele mesmo.

REFORÇO 

Na sexta-feira, Azambuja informou que a lista de prefeitos do PSDB que vão para o PL ganhou o reforço do gestor de Aquidauana, Mauro do Atlântico. Ele se soma aos prefeitos Marcos Calderan (Maracaju), Thalles Tomazelli (Itaquiraí), Henrique Ezoe (Rio Negro), Juliano Ferro (Ivinhema), Josmail Rodrigues (Bonito), Rosária de Fátima (Mundo Novo), Juliano Guga Miranda (Jardim), Manoel Aparecido, o Cido (Anastácio), Neco Pagliosa (Caracol), Aldenir Barbosa, (Novo Horizonte do Sul), Weliton Guimarães (Alcinópolis), Wagner Ponsiano (Fátima do Sul), Cláudio Ferreira (Jaraguari), Ivan da Cruz Pereira, o Ivan Xixi (Paraíso das Águas), Arino Jorge (Rochedo), Erlon Fernando (Sete Quedas), Rogério Torqueti (Tacuru) e Clovis José do Nascimento, o Clovis do Banco (Taquarussu).

“Nos elegemos dentro de um grupo político sob a liderança do então prefeito Odilon Ribeiro, Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel. Com a decisão do ex-prefeito de marchar para o PL e o convite do Reinaldo, achamos natural o grupo se manter unido na mesma legenda. Temos compromisso com a reeleição do governador, eleger Reinaldo para o Senado e recolocar um representante de Aquidauana na Assembleia Legislativa, no caso Odilon. Juntos, vamos trabalhar pelo nosso município e o Estado”, destacou o prefeito Mauro do Atlântico. 

Com os 19 prefeitos, o PL passará a contar com 24 gestores municipais, pois já tem em suas fileiras Rodrigo Sacuno (Naviraí), Murilo Jorge (Pedro Gomes), Rodrigo Basso (Sidrolândia), Maria Lourdes (Caarapó) e Max Antonio Souza Morais (Guia Lopes da Laguna).

A cerimônia de filiação de Azambuja está marcada para as 9 horas deste domingo, no Ondara Buffet Palace, em Campo Grande.

O ato deve reunir mais de quatro mil pessoas, incluindo o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, o senador Rogério Marinho (PL-RN) e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

UMA VIDA

Filiado ao PSDB desde 1996, quando disputou e venceu a eleição para prefeito de Maracaju, Azambuja derrotou Germano Francisco Bellan (PDT) e Luiz Gonzaga Prata Braga (PTB). 

Ele venceu o pleito com 44,03% dos votos válidos e, quatro anos depois, foi reeleito prefeito com 61,61% dos votos válidos, superando Albert Cruz Kuendig (PT).

Em 2006, elegeu-se deputado estadual e obteve a maior votação da história de Mato Grosso do Sul para a época, atingindo cerca de 47.772 votos válidos. Quatro anos depois, em 2010, ganhou a eleição para deputado federal com cerca de 122.213 votos válidos.

No exercício do mandato, ele se candidatou a prefeito de Campo Grande em 2012, obtendo 113.629 votos no primeiro turno, equivalente a 25,43% dos votos válidos, votação insuficiente para avançar ao segundo turno.

Apesar da derrota nas eleições municipais, Azambuja não se deixou abalar e, em 2014, concorreu ao cargo de governador e conseguiu ser eleito, derrotando o então ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), e o senador Delcídio do Amaral, que estava no PT.

Ele terminou o primeiro turno em segundo lugar, revertendo a colocação e se elegendo governador no segundo turno com 55,34% dos votos válidos contra Delcídio do Amaral. 

Em 2018, Azambuja concorreu à reeleição e, novamente, venceu, no segundo turno do pleito, derrotando o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT) com 52.35% dos votos válidos.

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CRIME ORGANIZADO

Fronteira com MS, Paraguai fecha acordo com EUA para combater facções criminosas

A região é rota de tráfico de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai. O plano estratégico prevê o estabelecimento ou ampliação de tropas norte-americanas de importância estratégica

16/12/2025 16h15

Marco Rubio,  secretário de Estado

Marco Rubio, secretário de Estado Reprodução: rede social

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Paraguai e Estados Unidos selaram nesta segunda-feira (15), um acordo de cooperação militar que prevê a atuação de militares americanos no país sul-americano. Atualmente, na região, a Casa Branca tem acordos similares com Panamá, Equador, Bahamas e Trinidad e Tobago.

O Acordo Estatutário de Forças (Sofa, na sigla em inglês) regulamenta a atuação de militares e civis do Departamento de Defesa americano em países estrangeiros. O pacto foi assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler paraguaio, Ruben Ramirez Lezcano.

O objetivo, segundo o governo americano, é facilitar a resposta conjunta a interesses de segurança regional em comum para os dois países, em uma referência velada a cartéis de droga que atuam na região.

“Ao estabelecer uma estrutura para as atividades do pessoal militar e civil dos EUA no Paraguai, este acordo abre novas portas para nossos esforços coletivos para promover a segurança e a estabilidade em nosso hemisfério”, disse Rubio em sua conta no X.

“Se observarmos o problema fundamental no hemisfério, o mais grave que enfrentamos é o dessas organizações terroristas transnacionais, que em muitos casos não são terroristas por ideologia, mas têm uma base financeira e econômica”, acrescentou.

Nova Doutrina Monroe

O acordo, apesar de não autorizar operações armadas ou criação de bases, abre caminho para a cooperação e treinamento militar entre os dois países, e vem a público dias depois de os EUA divulgarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que prevê uma ampliação da presença militar na América Latina.

Na ocasião, o documento evocou a Doutrina Monroe, que ficou conhecida no século 19 sob o lema “América para os americanos”, e defendeu uma hegemonia dos EUA sobre a região frente às potências europeias.

O plano estratégico divulgado na semana passada prevê o estabelecimento ou ampliação de acesso de locais de importância estratégicas para o governo americano.

No centro do continente e cercado por importantes fontes de água doce e rotas de narcotráfico, o Paraguai se encaixa nesse perfil.

Hoje, os EUA têm ainda bases militares no Equador, na Colômbia e no Peru, operadas pelo Comando Sul.

Há anos, a presença de grupos armados ligados ao Hezbollah na tríplice fronteira entre o Paraguai, Brasil e Argentina preocupa o governo americano.

A região também é ponto de rota para o escoamento de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai.

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LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

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