O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (São Paulo), reacendeu, durante entrevista concedida ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan News, na segunda-feira, a polêmica sobre por qual estado a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, sairá candidata ao Senado Federal nas eleições gerais do próximo ano.
Desde o ano passado, Simone Tebet é cotada para ser candidata à Câmara Alta pelo estado de São Paulo, mesmo tendo domicílio eleitoral em Mato Grosso do Sul, onde construiu toda a sua trajetória política e estado pelo qual deseja disputar o pleito de 2026, conforme entrevistas já concedidas ao Correio do Estado sobre o assunto.
No entanto, ao debater o cenário da política nacional, com foco na dinâmica do Congresso Nacional e o papel do MDB na governabilidade, Baleia Rossi foi perguntado sobre a real possibilidade de a ministra do Planejamento e Orçamento ser candidata ao Senado pelo partido no estado de São Paulo e fez questão de negar tal possibilidade.
“A Simone Tebet é um dos grandes e qualificados quadros do MDB. Fez sua vida política em Mato Grosso do Sul. Foi prefeita de Três Lagoas (MS), foi deputada estadual, vice-governadora e senadora. Nunca escutei da boca da Simone a vontade de sair do seu Estado”, justificou o presidente nacional do MDB.
O deputado federal ainda acrescentou que fazia questão de registrar que a história de Tebet ser candidata por São Paulo não procedia. “Porque às vezes, você cria um problema e todo mundo é um pouco bairrista, né? Todo mundo tem as suas lideranças e quer que as suas lideranças prosperem”, analisou.
Ele completou que, no seu entendimento, “Simone será candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul e tem grande chance de vitória, porque é um quadro que, voltando ao Senado, vai qualificar o debate e vai qualificar o próprio Senado da República”.
Baleia Rossi explicou que essa questão de mudança de estado para se candidatar a um cargo eletivo “é algo que, inclusive, pode até prejudicar as possibilidades futuras de disputa dela”.
“Por quê? Porque pode parecer que ela está virando as costas para o estado dela e não é verdade. Ela tem feito um trabalho muito forte, inclusive como ministra do Planejamento e Orçamento, por Mato Grosso do Sul”, argumentou.
Para encerrar o assunto, o presidente nacional do MDB comentou que o fato precisa ser esclarecido porque claramente existe uma especulação a respeito da candidatura de Simone Tebet.
“É natural que isso ocorra, principalmente quando uma figura pública toma a dimensão que a Simone tomou, mas, no MDB, e pelo que eu já conversei com ela, há uma grande possibilidade dela disputar o Senado no estado dela, que é Mato Grosso do Sul”, concluiu.
Repercussão
O Correio do Estado procurou o ex-governador André Puccinelli, presidente de honra do MDB em Mato Grosso do Sul, para repercutir as declarações de Baleia Rossi de que a ministra de Planejamento e Orçamento será candidata ao Senado Federal pelo partido em Mato Grosso do Sul e, no princípio, ele considerou que fosse fake news.
“É fake e, pelo o que eu saiba, o Baleia não falou nada sobre isso. As notícias sobre isso devem ser erradas e obtidas em Brasília não do ‘Japa’ – braço direito do Baleia”, afirmou à reportagem, porém, ao receber o link da entrevista do presidente nacional do MDB à Jovem Pan e constatar a veracidade da declaração, disse apenas: “então ok”.
Ao ser questionado sobre o reflexo desse posicionamento de Baleia Rossi sobre o MDB de Mato Grosso do Sul, que já se posicionou publicamente contra a candidatura de Simone Tebet ao Senado pelo Estado devido ao apoio dela ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador foi categórico: “o MDB não apoia Lula aqui em Mato Grosso do Sul, vamos aguardar para ver”.
André Puccinelli também negou que, com a imposição da executiva nacional do MDB para a candidatura da ministra ao Senado pelo partido no Estado, provocaria uma debandada da legenda.
“Não sairemos do MDB”, garantiu. “Vamos aguardar o resultado final. Você vai ver que o cenário do MDB em Mato Grosso do Sul será o de não apoiar Lula”, avisou.
Na verdade, caso Simone saia mesmo candidata ao Senado pelo MDB de Mato Grosso do Sul, não terá o apoio dos caciques da legenda, que já fecharam questão em torno da candidatura do ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) ao Senado, bem como apoiar a reeleição do governador Eduardo Riedel (PP) e o candidato a presidente da República que a direita lançar.
Portanto, a ministra de Planejamento e Orçamento terá um palanque independente e dificilmente poderá subir no palanque de Riedel, mesmo já tendo declarado apoio à reeleição do governador, pois ele estará na oposição a Lula.
Entretanto, diferentemente de Puccinelli, outras lideranças emedebistas consideraram a fala de Rossi equivocada e acreditam que, na verdade, o presidente nacional do MDB está se livrando de um problema ao bancar a candidatura de Simone em Mato Grosso do Sul ao invés de São Paulo.
Afinal, no estado vizinho, o partido já se posicionou contra Lula e que está fechado com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ajudou na reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). (DP)


