A cada vez mais provável candidatura da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ao Senado por Mato Grosso do Sul nas eleições gerais do próximo ano pode provocar uma verdadeira debandada do MDB estadual.
Conforme apuração do Correio do Estado, os três deputados estaduais do partido – Junior Mochi, Renato Câmara e Marcio Fernandes –, parte dos prefeitos da legenda e até mesmo o ex-governador André Puccinelli já teriam ameaçado trocar de sigla para o pleito de 2026, caso Tebet saísse candidata a senadora no Estado.
No caso dos deputados estaduais, a saída só poderá ser concretizada durante a janela partidária – período para trocar de partidos sem risco de perder o mandato atual por infidelidade partidária –, que abre no início de março e fecha no início de abril de 2026, ou seja, exatamente um mês.
A reportagem levantou que o motivo é o apoio de Tebet à reeleição do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que vai contra a orientação do partido no Estado, que desde 2018 adotou uma guinada mais centro-direita, pendendo para o lado do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
Para os emedebistas, o problema não seria Simone, mas o fato de o nome dela estar, nos últimos anos, relacionado ao do presidente Lula, que tentará a reeleição e, com Tebet candidata ao Senado aqui no Estado, o MDB sul-mato-grossense terá de fazer palanque para o petista.
Os parlamentares e lideranças políticas do partido acreditam que seria um contrassenso estar no mesmo palanque do Lula, pois todos são bolsonaristas ou de centro-direita, portanto, na visão deles, estaria inviabilizada a permanência na legenda com a ministra sendo candidata.
Ao Correio do Estado, o deputado estadual Marcio Fernandes disse que, se a ministra Simone Tebet for candidata e optar por apoiar à reeleição de Lula, não participará da campanha dela. “Falo por mim, eu não ficarei no MDB. Jamais vou pedir voto para o Lula e também não tenho como compartilhar o mesmo palanque para esse fim”, avisou.
Ele reforçou que seus votos são para a reeleição do governador Eduardo Riedel (PP) e para a candidatura do ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) ao Senado. “Com relação aos outros cargos, vou seguir a orientação política dos dois”, assegurou.
Já o deputado estadual Junior Mochi preferiu desconversar sobre a questão. “Qualquer que seja a minha decisão, só tomarei no período oportuno que é o da janela partidária, de março a abril de 2026. Até lá, vou observar e avaliar todos os prós e contras da decisão que eu venha a tomar”, revelou.
SEM PROBLEMAS
Em entrevista concedida ao Correio do Estado no dia 7 deste mês, Simone adiantou que, caso saia candidata a senadora pelo MDB no Estado, não terá problemas com André Puccinelli.
A reportagem apurou com interlocutores do ex-governador que a repulsa dele é com o presidente Lula, pois, em um Estado de maioria bolsonarista, qualquer aproximação com o petista pode tirar votos.
No entanto, quando Simone foi candidata à presidência da República em 2022, ela não pediu apoio aos deputados estaduais e federais que foram candidatos do MDB em Mato Grosso do Sul, para não atrapalhar as campanhas deles, pois muitos estavam fechados com o então presidente Bolsonaro.
Portanto, se porventura a ministra for candidata ao Senado no Estado, é muito provável que ela faça a mesma coisa para que a relação dela com o presidente Lula possa tirar votos dos demais candidatos do MDB, incluindo André Puccinelli, que tentará uma vaga na Assembleia Legislativa.




