Uma das primeiras ações do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado, criado na semana passada após operação policial que resultou em 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), envolverá ações a mais de 1 mil quilômetros da capital fluminense.
Nesta terça-feira (4), após a primeira reunião entre integrantes do governo do Rio e do governo federal, o escritório, que organizará ações integradas e coordenadas entre as forças de segurança estaduais e federais, decidiu agir em duas frentes: reforçando a fiscalização das fronteiras e também os mecanismos de financiamento para futuras operações integradas que estiverem na pauta do encontro.
Na semana passada, três dias após a operação, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), esteve no Rio de Janeiro e demonstrou solidariedade ao governador daquele Estado, Cláudio Castro. Na ocasião, também lembrou da ligação da fronteira com as organizações criminosas.
Em Mato Grosso do Sul, corredor dos tráficos de drogas e armas, há presença das duas maiores organizações criminosas do Brasil: o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo (SP), e o carioca Comando Vermelho.
O encontro desta terça-feira, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do Rio, contou com a presença do secretário de Estado de Segurança Pública, Victor dos Santos, e do secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, que alinharam as primeiras diretrizes de funcionamento do escritório.
De acordo com o governo do Rio, outro ponto discutido foi a necessidade de avanço do Plano de Retomada de Território, que busca restabelecer a presença do Estado em áreas dominadas por facções criminosas, além do fortalecimento da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que passará a contar com novos analistas para ampliar sua capacidade operacional.
Em Mato Grosso do Sul, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) vem demonstrando bons resultados. A maioria das grandes apreensões de drogas e desmantelamento de quadrilhas de traficantes envolve a atuação integrada das forças federais e estaduais.
Próximos passos
As próximas reuniões do Escritório Emergencial serão de forma virtual, duas vezes por semana. Na quarta-feira (29), o governador Cláudio Castro (PL) e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação do órgão para unificar estruturas policiais e administrativas já existentes e reduzir a burocracia nos pedidos de apoio entre forças.
Na prática, a medida deve incorporar a Ficco ao Comitê Integrado de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), grupo criado para descapitalizar o crime organizado e composto por integrantes de diferentes forças policiais, Ministérios Públicos e secretarias da Fazenda.
De acordo com Mário Sarrubbo, “a entrada de armas no Rio de Janeiro vem de vários pontos do país e do exterior; portanto, é necessário o envolvimento de toda a nação. Vamos chamar o Brasil para este diálogo. Tenho certeza de que teremos respostas eficientes e desestruturantes para a criminalidade”, afirmou. (Com Estadão Conteúdo)


