Deputados Federais da direita saíram em defesa do general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), preso preventivamente no último sábado (14), alvo da Polícia Federal em investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado após a derrota do candidato da direita nas Eleições de 2022.
Através das redes sociais, Dr. Luiz Ovando (Progressista), Marcos Pollon (PL) e Rodolfo Nogueira (PL) se posicionaram contrários a prisão, apontando a existência de um suposto "regime jurídico-ditatorial" no Brasil, além de uma "perseguição à direita".
Confira os posicionamentos:
Dr. Luiz Ovando
O deputado federal do Progressistas afirmou que a prisão de Braga Netto é "mais uma prova de um regime jurídico-ditatorial em plena operação no Brasil".
Segundo ele, a tentativa de golpe investigada pela Polícia Federal não passa de uma "fantasia", criada com o "único propósito de perseguir opositores políticos".
Ovando acrescenta que o guardião desse "regime autoritário" seria a mais alta corte do país.
"Enquanto General de 4 estrelas é preso sem provas concretas, em uma acusação vaga e imprecisa, vemos que outros, mesmo com evidências claras de ilícitos, seguem livres e, em alguns casos, chegam até mesmo à presidência", escreveu em publicação feita no Instagram.
O deputado considera que há uma "inversão de valores gritante".
"A justiça no Brasil parece ser seletiva, onde a culpa é presumida para a oposição e a inocência é dada a quem representa o outro lado do espectro político", diz texto.
Segundo ele, o Brasil precisa retomar a normalidade jurídica, onde a culpa só é atribuída após um "processo judicial legítimo".
"Meu posicionamento é claro: se alguém é julgado e a culpa é provada, deve ser punido. No entanto, não podemos aceitar prisões políticas antes da condenação, sem a devida apuração e respeito ao devido processo legal".
Ao fim da nota, o deputado destaca que a "perseguição política em nome de um suposto 'golpe' precisa ser combatida, pois o verdadeiro golpe é o que está sendo desferido contra a democracia e os direitos dos cidadãos que ousam pensar diferente".
Marcos Pollon
O deputado federal pelo Partido Liberal fez, em suas redes sociais, duas postagens a respeito da prisão de Braga Netto.
Na primeira delas, acompanhada de uma captura de tela da notícia da prisão do general, aponta uma perseguição à direita: "'Suposta' obstrução, 'suposto' golpe, e assim vai! Essas são as narrativas para perseguirem a direita. A justiça do alto não falhará!".
Já na segunda publicação, utiliza uma imagem ao lado de Braga Netto, para declarar apoio ao General. No texto, afirmou que o contexto da prisão do ex-ministro de Jair Bolsonaro é "fantasioso e distópico".
Disse ainda que caso se tratasse de um homicida ou traficante, não haveria prisão.
Considerou também que a investigação foi motivada "pelos delírios de um louco". Confira o texto na íntegra:
"Hoje deram mais uma facada na democracia, no estado de direito, no devido processo legal!
Um homem sério, honrado, com uma contribuição enorme para o país foi preso de forma espúria e ilegal por um enredo fantasioso e distópico.
Ainda que essa montanha de nada fosse real não haveria elementos para uma prisão.
Se estivéssemos diante de um homicida ou traficante não haveria prisão.
Mas o que esperar de um inquérito onde NÃO HÁ FATO!
Um procedimento flagrantemente ILEGAL motivado pelos delírios de um louco!", escreveu.
Rodolfo Nogueira
Também deputado do Partido Liberal, Rodolfo Nogueira fez duas publicações a reespeito do ocorrido. Na primeira, destaca que o golpe que motivou a prisão de Braga Netto nunca aconteceu, bem como o planejamento das execuções do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.
"O MOTIVO [da prisão]? O “Golpe” que NUNCA OCORREU, além da tese de planejamento para as execuções de Lul4, Alexandre de Moraes e Alckimin, e como sabem nunca ocorreram como sequer foram tentados!!!
A perseguição à direita continua!", publicou.
Em outra publicação, descredibiliza o procedimento realizado para a prisão do general, questionando "como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?".
Relação de Braga Netto com MS
Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, o general da reserva Walter Braga Netto foi chefe de Estado-Maior do Comando Militar do Oeste (CMO), sediado em Campo Grande, no ano de 2009.
Nascido em Belo Horizonte (MG), o militar esteve capital sul-mato-grossense desde sua nomeação como chefe, que ocorreu em novembro de 2009, até o ano de 2011. Ele deixou Campo Grande após tornar-se adido militar na embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.
Braga Netto também exerceu os cargos de ministro-chefe da Casa Civil e da Defesa do governo Jair Bolsonaro (PL). Além disso, foi candidato a vice na chapa que perdeu a eleição presidencial de 2022.
Suposto envolvimento com trama golpista
A Polícia Federal prendeu na manhã deste sábado (14) o general da reserva Walter Braga Netto. Ele estava em sua casa no Rio de Janeiro e ficará detido nas dependências do Comando Militar do Leste. Endereços ligados ao general também são alvo de buscas e apreensões.
A operação está relacionada ao inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. A defesa do general da reserva ainda não se manifestou sobre a prisão deste sábado.
"Dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal", informou a PF.
As medidas judiciais teriam como objetivo, segundo a PF, "evitar a reiteração das ações ilícitas".
Nos últimos dias, a defesa de Bolsonaro passou a trabalhar com a tese do "golpe do golpe", segundo a qual militares de alta patente usariam a trama golpista no fim de 2022 para derrubar o então presidente e assumir o poder —e não para mantê-lo no cargo.
A estratégia para livrar Bolsonaro do enredo golpista implica os generais da reserva Augusto Heleno e Walter Braga Netto como os principais beneficiados por uma eventual ruptura institucional.
General teria sediado reuniões
A PF diz que o plano para matar em 2022 o então presidente eleito, Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi discutido na casa do general da reserva em Brasília.
"Ainda não tivemos pleno acesso às investigações, o que impossibilita a defesa de fazer qualquer manifestação", disse o advogado Luis Henrique Prata assim que as revelações da PF vieram à tona.
Colaborou: Lucas Caxito.