Política

Mobilização

Desembargadora Jaceguara Dantas está em lista de 5 mulheres cotadas ao STF

Em Mato Grosso do Sul, há uma verdadeira articulação de diversas instituições ligadas à área jurídica a favor da magistrada

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A mobilização de diversas instituições ligadas à área jurídica no Estado para que a desembargadora Jaceguara Dantas da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), seja um dos nomes considerados pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, no dia 28 deste mês, começa a dar os primeiros resultados.

Segundo o jornalista e colunista da revista Veja Matheus Leitão, que tem um blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente, o nome de Jaceguara Dantas está incluído em uma lista de pelo menos cinco mulheres negras que receberam apoio de diferentes instituições para que sejam consideradas pelo presidente Lula para a vaga no STF.

Na publicação, feita na quinta-feira, o colunista informou que a lista contraria o argumento de que não há opções para o cargo entre as mulheres negras, e os critérios para que a pessoa possa assumir uma vaga no STF são ter mais de 35 anos e menos de 75 anos, notável saber jurídico, reputação ilibada e ser aprovada pelo Senado Federal.

Ainda conforme ele, com frequência, desde que a discussão sobre a vaga foi iniciada, um novo nome feminino é apresentado ao presidente Lula e o mais recente é o da desembargadora Jaceguara Dantas, pois ela é negra e de origem indígena, além de professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e uma das fundadoras, em 1989, do grupo Trabalho Estudos Zumbi (TEZ).

Atualmente, o nome dela tem o apoio de mais de 20 entidades, como a ONG Paridade de Verdade, o Grupo TEZ, as Mulheres Negras de Furnas do Dionizio, a Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ), a União de Negros pela Igualdade (Unegro) e a seção regional da Central Única das Favelas (Cufa-MS).

Também estão incluídos o Coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul, a Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB-MS), a Escola Superior da Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (ESA-MS), o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), entre outros.

Na avaliação do procurador-geral de Justiça do MPMS, Alexandre Magno Benites de Lacerda, a doutora Jaceguara Dantas, além de ter uma história voltada à defesa dos direitos humanos e contra todas as formas de discriminação, merece a indicação para a vaga da ministra Rosa Weber.

“Até por sua história de superação, pois ela é um exemplo de mulher que foi do Ministério Público e hoje está no Tribunal de Justiça. Com certeza, a desembargadora é um grande nome para poder ser apreciada pelo senhor presidente da República para o cargo de ministra do Supremo. Se der certo, é motivo de muito orgulho para Mato Grosso do Sul. E já é motivo de muito orgulho tê-la aqui no nosso estado, defendendo as boas causas da sociedade”, argumentou.

Já o presidente da OAB-MS, Bitto Pereira, disse ao Correio do Estado que já assinou a carta de apoio à indicação da desembargadora Jaceguara Dantas. “Ela tem o meu total apoio, porque a desembargadora Jaceguara reúne todos os predicados exigidos para essa honrosa função e tem o total apoio da OAB-MS”, afirmou.

Para o conselheiro federal da OAB no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Mansour Elias Karmouche, a desembargadora Jaceguara Dantas faz parte do TJMS e tem uma legítima aspiração. “Além disso, ela tem apoio da comunidade jurídica, é uma mulher altamente qualificada e tem um histórico de vida admirável”, pontuou.

Mansour Karmouche completou que Jaceguara Dantas também é uma mulher negra e de origens indígenas e, portanto, esse, talvez, seja um dos motivos principais para que esse movimento tenha ganhado força. “E nós sabemos que o STF tem de ter uma visão multifacetada e ela preenche todos os requisitos. Por conta disso, a gente está dando esse apoio”, ressaltou.

Por ser muito próximo do presidente Lula, o coordenador da bancada federal de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional, deputado federal Vander Loubet (PT-MS), também tem sido “cobrado” para interceder junto do chefe de Estado em favor da desembargadora Jaceguara Dantas.

“Eu vejo a campanha em torno do nome da dra. Jaceguara como legítima e justa. E me somo a esse movimento, pois vários setores da nossa sociedade têm defendido que a vaga a ser aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber seja ocupada por uma mulher negra”, disse o parlamentar ao Correio do Estado.

Ele completou que Jaceguara Dantas, além de mulher negra, tem descendência indígena.

“Um belíssimo currículo, inclusive com dedicação às causas ligadas aos direitos humanos – e uma trajetória de muito respeito no Judiciário –, o que, com certeza, representa um diferencial”, pontuou. 

Vander Loubet completou que, evidentemente, a definição do nome para ocupar essa cadeira do STF é do presidente Lula, e ele não tem falado muito a respeito.

“No entanto, no que depender de nós, da nossa bancada federal e da nossa classe política, Jaceguara é um nome a ser considerado”, assegurou.

CARREIRA

Procuradora de Justiça do MPMS, Jaceguara Dantas da Silva foi nomeada desembargadora do TJMS pelo então governador Reinaldo Azambuja no dia 21 de janeiro do ano passado. Ela assumiu a 36ª vaga após figurar na lista tríplice junto dos também procuradores de Justiça Esther Sousa de Oliveira e Antonio Siufi Neto.

Jaceguara Dantas formou-se em Direito em 1985 pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e exerceu a advocacia entre os anos de 1981 e 1987. Foi nomeada para exercer o cargo efetivo de promotora de Justiça, tendo prestado compromisso e tomado posse em 22 de maio de 1992. 

Atuou na Promotoria de Justiça da Comarca de Mundo Novo a partir de 1º de junho de 1992 e foi promovida, por merecimento, para a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Camapuã, assumindo o exercício em 29 de agosto de 1995. 

Em 7 de agosto de 1996, foi removida para a 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Camapuã e, em 9 de novembro de 1999, foi promovida, pelo critério de antiguidade, para a 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Campo Grande, assumindo o exercício em 5 de outubro do mesmo ano.

Em 7 de agosto de 2001, foi removida, a pedido, para a 5ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, assumindo o exercício em 9 de agosto de 2001. Em 17 de julho de 2010, foi agregada ao gabinete do Corregedor-Geral do MPMS para desempenhar funções de assessoramento especial, permanecendo até 21 de dezembro de 2012. 

Em 28 de agosto de 2013, foi removida, por merecimento, para a 67ª Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos da Comarca de Campo Grande e, em 16 de setembro de 2014, foi designada para integrar o Comitê Estadual de Combate à Homofobia, ferramenta do Sistema Nacional de Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Sistema Nacional LGBT). 

Em 1º de outubro de 2014, foi designada para representar o MPMS no Comitê Gestor Nacional do projeto “Racismo: Conhecer para Enfrentar”. Em 13 de outubro de 2014, foi designada pelo procurador-geral de Justiça para representar o MPMS no Projeto “Defesa do Estado Laico”. Em 29 de janeiro de 2015, foi designada para representar o MPMS como titular no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul. 

Em 6 de abril de 2015, foi designada para representar o MPMS no Projeto “Ministério Público em Defesa das Pessoas em Situação de Rua”, realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Ela é doutora em Direito, área de concentração Direito Constitucional, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestra em Direito, área de concentração Direito do Estado, pela PUC-SP e especialista em Direito Civil, área de concentração Direitos Difusos, pela Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul em conjunto com a UFMS.

Em 2017, Jaceguara Dantas foi designada para exercer a função de diretora-geral da Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (ESMP-MS). Além disso, é autora do livro “Ministério Público e Violência Contra a Mulher: do Fator Gênero ao Étnico-Racial”, publicado em 2018 pela editora Lumen Juris.

Em 2019, recebeu do Senado Federal o Diploma Bertha Lutz, um reconhecimento a pessoas que se destacam no protagonismo das mulheres na sociedade brasileira. 

O nome do diploma é uma referência à precursora no Brasil na luta pelo direito de voto às mulheres, conquistado em 1932. Em 2021, foi condecorada pela Câmara dos Deputados com a Medalha Mérito Legislativo – honraria destinada a pessoas e entidades que prestaram serviços relevantes ao Poder Legislativo ou ao Brasil.
 

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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CÓDIGO DE CONDUTA

CNJ proíbe juiz coach e limita participação em eventos e cursos

Conselheiro da OAB-MS no CNJ, Mansour Karmouche explicou que a medida foca quem faz promoção pessoal

13/12/2025 08h00

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF)

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF) Divulgação

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou em setembro e entrou em vigor este mês a Resolução nº 650/2025, que regulamenta em todo o Poder Judiciário como os magistrados podem atuar como docentes e participar de eventos, reforçando limites para evitar conflitos com o expediente forense e com a independência judicial.

Pelo texto, magistrados da União e dos estados continuam proibidos de exercer outro cargo ou função, ainda que com disponibilidade, com exceção do magistério.

Mesmo assim, a atividade docente fica condicionada à compatibilidade de horários com o trabalho no fórum.

A regra vale também para o ensino a distância (EAD), que deverá seguir os mesmos princípios do formato presencial, incluindo a exigência de conciliação com o expediente forense.

A resolução determina ainda que cada tribunal deverá regulamentar o limite máximo de carga horária semanal dedicada à docência de EAD, levando em conta “peculiaridades locais”.

Além disso, fica vedado ao magistrado exercer cargo administrativo ou técnico em instituição de ensino, com exceção de funções como coordenação de curso, projetos de pesquisa e extensão, ou atividades em escolas de aperfeiçoamento dos próprios tribunais e entidades vinculadas.

Um dos pontos centrais é a proibição explícita da prática de coaching e atividades similares para preparação de candidatos a concursos, mesmo quando envolvam conteúdos jurídicos.

O CNJ estabelece que esse tipo de serviço – descrito como treinamento organizado e oneroso voltado a “objetivos predefinidos”, como aprovações e ganhos – não é considerado docência e, por isso, é vedado a magistrados.

A norma equipara ao coaching a assessoria coletiva via mídias e redes sociais quando houver monetização digital ou captação de clientela para venda de produtos e serviços.

Há, porém, uma ressalva: mentoria gratuita, individual ou coletiva, direcionada a alunos de políticas afirmativas construídas no âmbito do CNJ e voltada à pluralização do perfil da magistratura, não é tratada como coaching, mas deverá ser formalmente comunicada ao tribunal competente, em registro eletrônico.

Para atividades regulares de docência em instituições de ensino, o magistrado terá de registrar eletronicamente no tribunal informações como entidade, horários e disciplinas ministradas, preferencialmente no início de cada semestre, mantendo os dados atualizados.

O CNJ e a Corregedoria Nacional de Justiça farão acompanhamento periódico dessas informações.

A resolução também amplia o conceito de atividade docente para fins de controle: participação de magistrados como palestrantes, conferencistas, moderadores, debatedores, integrantes de comissão organizadora, membros de bancas de concurso e de comissões de juristas (inclusive instituídas pelo Legislativo ou o Executivo) passa a ser considerada docência.

EVENTOS

Uma exceção é criada para participações virtuais breves e não remuneradas: eventos online (ao vivo ou gravados) de até 20 minutos, em horário compatível com o expediente, ficam dispensados do registro eletrônico.

No capítulo sobre eventos, o CNJ estabelece que congressos, seminários, simpósios e encontros similares promovidos, realizados ou apoiados por conselhos e tribunais devem observar princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O texto permite patrocínio de empresas com fins lucrativos até o limite de 30% do custo total do evento e autoriza patrocínio parcial ou total por entidades filantrópicas e fundações de direitos humanos, desde que compatíveis com o tema.

Já quando o evento for promovido ou subvencionado por entidade privada com fins lucrativos e houver custeio de transporte e hospedagem, a participação de magistrados fica limitada a papéis específicos, como comissão organizadora ou atuação como palestrante, moderador e debatedor – com exceção para eventos custeados exclusivamente por associações de magistrados.

A resolução ainda prevê a possibilidade de magistrados receberem premiação da administração pública ou de entidades sem fins lucrativos por obra jurídica ou prática inovadora de interesse da administração judiciária, desde que não haja comprometimento da independência funcional.

Também admite o recebimento de itens de cortesia em situações específicas, desde que o valor patrimonial não descaracterize o caráter simbólico.

ANÁLISE

Segundo Mansour Elias Karmouche, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) e conselheiro federal no CNJ, essas restrições aos magistrados foram o último ato do ministro Luís Roberto Barroso, antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A medida foca os magistrados que costumam promover e oferecer cursos paralelos de mentoria e coaching, e, a partir de agora, essa prática foi completamente vedada. A proibição está alinhada a um código de conduta para magistrados, com o magistério ainda sendo aprovado, mas não podendo mais participar das redes sociais na capacidade de empreendedores”, detalhou.

Mansour Karmouche reforçou que a resolução chega em um momento de necessidade de mais transparência no sistema judicial brasileiro e foca a preocupação sobre potenciais conflitos de interesse dos magistrados.

“A partir de agora, todos os magistrados que participam de eventos precisam registrar e comunicar informações, incluindo valores recebidos e patrocinadores. Isso é importante para a segurança da sociedade, porém, infelizmente, a resolução se aplica apenas até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois o STF está fora do alcance das regulamentações do CNJ”, pontuou.

O conselheiro federal da OAB no CNJ destacou que o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do STF, pela limitação do conselho, propôs uma resolução específica para disciplinar a participação dos magistrados do Supremo.

“Essa proposta surgiu, em parte, após uma viagem controversa do ministro Dias Toffoli, que gerou grande polêmica”, recordou.

Fachin tem apresentado a ministros da Corte a intenção de criar um código de conduta para integrantes de tribunais superiores, como na Alemanha, onde o Tribunal Constitucional elaborou um código de conduta em 2017.

São 4 artigos e 16 itens no total, que são um conjunto de regras para os integrantes da Corte considerada a guardiã da Constituição alemã e que tem inspirado o ministro Fachin.

O primeiro artigo do Código de Ética alemão diz que: “Juízas e juízes devem se comportar, dentro e fora de suas funções, de modo a não prejudicar o prestígio do Tribunal, a dignidade do cargo e a confiança em sua independência, imparcialidade, neutralidade e integridade”.

O texto afirma que precisa existir um “zelo para que não surja qualquer dúvida quanto à neutralidade perante grupos sociais, políticos, religiosos ou ideológicos”. Ele cita também o cuidado com as “relações pessoais”.

O código tem, ainda, um parágrafo sobre a ética de aceitar presentes: “Juízas e juízes só aceitam presentes e benefícios de qualquer tipo apenas na medida em que isso não possa gerar dúvidas sobre sua integridade pessoal e independência”.

Diz também que os magistrados podem “receber remuneração por palestras, pela participação em eventos e por publicações somente e apenas na medida em que isso não prejudique o prestígio do Tribunal nem gere dúvidas quanto à independência, à imparcialidade, à neutralidade e à integridade de seus membros” e que “os rendimentos obtidos em atividades extrajudiciais devem ser divulgados”.

Por determinação do Código de Ética alemão, esses dados são públicos e ficam liberados para consulta. A tabela de 2024 é a mais recente disponível.

Mostra exatamente o quanto cada integrante do Tribunal Constitucional da Alemanha ganhou em atividades fora do Judiciário – publicação de livros e artigos, palestras, participações em eventos independentes.

O código também determina que os magistrados da Corte não podem emitir pareceres sobre questões de direito constitucional nem fazer previsões sobre o resultado de processos pendentes ou que podem vir a ser decididos pelo Tribunal.

O texto prevê ainda regras para depois do término do mandato. Fala, por exemplo, que os juízes não podem assumir atividades de consultoria nem emitir pareceres técnicos no primeiro ano fora do Tribunal e que, mesmo depois desse período, está vedada a atuação em casos da Corte para não dar a impressão de utilização indevida de conhecimentos internos.

O Reino Unido também tem código de ética para magistrados de tribunais superiores.

O documento determina que os juízes são expressamente proibidos de aceitar remuneração por atividades extrajudiciais e tem uma parte específica que fala o que é preciso ser levado em conta para que um magistrado se declare impedido de julgar uma determinada ação.

Nos Estados Unidos, a Suprema Corte adotou um código de ética em 2023, depois que reportagens revelaram que juízes ocultaram ter recebido presentes e benefícios de empresários. Um dos magistrados é Clarence Thomas, que está na Corte desde 1991.

Segundo investigações de agências de notícias do país, ele aceitou, durante anos, viagens de luxo pagas por um bilionário texano, que comprou uma casa do juiz. A transação não foi informada às autoridades. O código americano estabelece, por exemplo, que juízes precisam explicar os motivos de se declararem impedidos de julgar um caso.

Logo no início, o texto afirma: “A ausência de um código levou à falsa impressão de que os juízes desta Corte se consideram imunes a regras éticas. Para acabar com essa percepção enganosa, estamos publicando esse código, que representa uma codificação dos princípios que nós sempre respeitamos”.

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